segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Moacyr Scliar (1937-2011)
Vathek
"9º Congresso de lusitanistas em Viena"
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
III Jornadas Internacionales Tecnlogías Aplicadas a la Enseñanza de Lenguas
"Dostoiéviski: 1860 a 1865 - Os efeitos da libertação"
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
"O Nihilismo em 'Pais e Filhos', de Turgueniev"
Hoje, obviamente, as transformações culturais prosseguem ainda mais aceleradas em todas as esferas, apontando muitas vezes o definhamento e a consequente perda de espaço e controle social por parte de instituições, que, durante tanto tempo pareciam incontestáveis, como: o Estado, a Igreja, a Família, a Escola... Valores tradicionais que eram apontados como insuperáveis em outros tempos resvalam hoje a perda de sentido. Mas está “tudo” diluído, de fato? Até onde Turgueniev alcançou a questão chave de sua obra mais conhecida, o nihilismo? Pela última discussão de Pais e Filhos, no Palimpsestos, o personagem central, Bazarov, foi a encarnação nihilista, segundo a pena de Turgueniev, que melhor poderia esboçar, ao menos em parte, o espírito de uma época, tanto diante de uma Rússia marginal em relação à Europa mais moderna, quanto em relação ao que pensaria Nietzsche, pouco depois do lançamento de Pais e Filhos.
Afinal, da doutrina, segundo a qual o absoluto não existe, como já afirmavam na Antiguidade o sofista Górgias e, de uma maneira geral, os céticos gregos, à etimologia latina, nihil – o nada, é no século XIX que o nihilismo constitui, a princípio, uma corrente de pensamento – professada também por intelectuais russos por volta de 1860-1870, como Dobrolioubov, Tchernychewski e Pisarev – caracterizada, sobretudo, pelo pessimismo metafísico e como prolongamento do positivismo de Comte.
Sendo assim, não resta dúvida que a perspectiva do médico Bazarov sugere todo um olhar especial em torno do projeto de se construir a sociedade sobre bases científicas, insinuando, inclusive, a fórmula de Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. De qualquer forma, nas consequências disso, o nihilismo também se confundiria mais tarde com o individualismo anarquista que visava à destruição do Estado.
Porém, o nihilismo denunciado e anunciado por Nietzsche seria a única saída do homem civilizado, no caso, o nihilismo ativo, aquele que deveria ser assumido com toda coragem pelo verdadeiro homem, o único capaz de se assumir plenamente diante de sua finitude, porque múltiplo de opções diante de sua própria vida. Esse homem, sim, iria além daquele nihilismo passivo, que apenas descrê em meio ao vazio estéril da metafísica legada pela tradição ocidental, como também iria além daquele nihilismo reativo, que se apoiou numa ciência, cujo conhecimento não passou de um antropomorfismo do mundo, válido somente para o homem em determinadas circunstâncias. Impossibilitada, assim, a substituição de Deus pela ciência, para Nietzsche, novamente foram frustradas “as certezas” do homem moderno, ainda tão frágil diante de si mesmo.
Enfim, como se percebe, Pais e Filhos é mais do que um pálido confronto entre gerações, é a possibilidade de se voltar a questões prementes e ao mesmo tempo insolúveis, pois, na essência e "roseanamente", o que existe é o homem...
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Salgado Maranhão e a cor da palavra
Para onde segue
esse rei convulso?
Para quem trabalha
esse deus de sal?
Que abismos velam
seus navegantes?
Por que não se gasta?
Por que não se cansa?
Que rei é esse
feito de humores?
Para quem despe
todo esse azul?
"1º Congresso Nacional de História e Geografia do Vale do Paraíba"
sábado, 19 de fevereiro de 2011
A revista Modo de Usar & Co.
"Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2011"
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
ENTREVISTA: "Na poesia a palavra consegue extrapolar o ordinário"
"Dostoiéviski: 1850 a 1859 - Os anos de provação" de Joseph Frank
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
"Programa de bolsas para a universidade de Coimbra"
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Feira Arco
domingo, 13 de fevereiro de 2011
"As viagens de Gulliver" de Johan Swift
sábado, 12 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
"Dostoiéviski: 1821 a 1849 - As sementes da revolta" de Joseph Frank
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
"A conturbada história das bibliotecas" de Matthew Battles
Seja como for, para quem aprecia o universo dos livros além da leitura e se interessa por questões que transcedem a idéia de um conhecimento aparentemente diletante para pedantes, saiba que vale conferir, e claro, ler.
"Kafka a leilão"
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
"Pra tudo se acabar na quarta-feira"
por um momento de sonho
pra fazer a fantasia
de rei, de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta-feira
(A felicidade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Heinrich Heine – Influências do Romantismo Alemão no Brasil
Christian Johann Heinrich Heine (1797-1856) foi um importante filósofo e poeta romântico alemão, fortemente influenciado pelo filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), sendo conhecido como “o último dos românticos.” Nascido na Alemanha, optou por passar grande parte da vida adulta na França. Ele viveu em um tempo de grandes mudanças políticas e sociais: A Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas, o que também influenciou seu pensamento. Era grande defensor do ateísmo, tratando a religião e Deus com jocosidade.
Depois de Johann Christoph Friedrich von Schiller e, sobretudo, de Johann Wolfgang von Goethe, foi a figura de Heine que imperou na lírica de língua alemã. Era dotado ao mesmo tempo de uma ironia natural e de talento para a lírica mais pura, quase capaz de passar por popular ou folclórica. Um de seus mais famosos poemas é “Die Lorelai”, musicada por Friedrich Silcher em 1837, e que se tornou uma das mais famosas canções alemãs. Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Johannes Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners.
Através de sua obra, Heine exerceu profunda influência no Brasil, chegando, inclusive, a escrever sobre o tema da escravidão no país. No poema O Navio Negreiro, do original alemão Das Sklavenschiff, de 1853/54, o escritor alemão retrata a condição dos prisioneiros de um navio negreiro aportado no Rio de Janeiro. O poema foi base de inspiração para o escritor brasileiro Castro Alves, em seu poema também intitulado de O Navio Negreiro.
Heine foi admirado por diversos escritores brasileiros, entre eles Machado de Assis. Além de Machado, muitos outros também traduziram o escritor alemão, como o seu contemporâneo Gonçalves Dias e também Raul Pompéia, Alphonsus de Guimaraens, Fagundes Varela e Manuel Bandeira.
Duas publicações começam a recolocar em circulação no Brasil a obra de Heinrich Heine: O Rabi de Bacherach (tradução de Marcus Mazzari; Hedra; 128 páginas; 14 reais) traz, além da obra incompleta de ficção que lhe dá título, três artigos contra o ódio racial que o autor escreveu em 1840, por ocasião de perseguições contra a comunidade judaica de Damasco (parte, então, do Império Otomano), com o apoio direto do cônsul francês. Já Navios Negreiros (tradução de Priscila Figueiredo e Luiz Repa; SM; 80 páginas; 30 reais), além do célebre poema de Castro Alves, estampa em nova tradução a balada de Heine que, provavelmente vertida para o francês, inspirou o texto abolicionista do bardo baiano.
Você pode encontrar aqui o poema “Das Sklavenschiff “e outros poemas de Heine (em alemão, inglês e francês)
http://www.heinrich-heine.net/sklaved.htm
Vem, linda peixeirinha,
Trégua aos anzóis e aos remos.
Senta-te aqui comigo,
Mãos dadas conversemos.
Inclina a cabecinha
E não temas assim:
Não te fias do oceano?
Pois fia-te de mim.
Minh’alma, como o oceano,
Tem tufões, correntezas,
E muitas lindas pérolas
Jazem nas profundezas.
Heinrich Heine
(tradução de Manuel Bandeira)
"Orientalismo" de Edward Said
A obra "Orientalismo" (2007, Cia de Letras, 528 págs, R$ 30,50) recém reenditada pela Cia das Letras na coleção Cia do Bolso, foi publicada em 1978 e se firmou como um dos texto basilares dos chamados "estudos pós-coloniais". Seu percurso abarca história, literatura, ciências políticas e sociais, as relações internacionais entre outras, e o tornou um dos clássicos indispensáveis para se entender o mundo moderno. Em particular os aspectos cruciais como a visão do outro quanto civilização e cultura, estes, cambiantes conforme as interpretações que deveriam se dar pelo que ainda carecemos: o honesto interesse em conhecer, acompanhado da corajosa abertura e disposição em diluir preconceitos ou supostas "verdades" constituídas por históricas distorções.
Sinopse:
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Perca um livro
Reihard Jirgl - Prêmio Georg Büchner de 2010
Ele escreve sobre os horrores da Primeira e da Segunda Guerra, a inflação, a fuga e o desterro, o trauma da separação e da reunificação dos dois Estados alemães: em seus romances Die Stille (O Silêncio) e Die Unvollendeten (As Incompletas), Jirgl não omite nenhum grande tema do século 20. Rupturas de vida e situações limítrofes fascinam o escritor de 59 anos, cuja própria biografia é repleta de rompimentos e recomeços. Jirgl escreveu seis longos romances que não puderam ser publicados. Em 1983, quando enviou sua primeira obra, Mutter Vater Roman (Romance de Pai e Mãe), à editora Aufbau, em Berlim Oriental, recebeu uma recusa de publicação, sob alegação de que o livro não tinha uma concepção histórica marxista.
Reinhard Jirgl não se deixou desencorajar, muito pelo contrário. Continuou escrevendo seus romances nos bastidores e para tal até desistiu de sua profissão de engenheiro, passando a ganhar a vida como técnico de iluminação do teatro Volksbühne, em Berlim. No ano da reunificação alemã, ele finalmente conseguiu publicar seu primeiro romance, que na época não chegou a ter uma grande repercussão. Só em 1993, o autor berlinense se tornou conhecido por um público mais amplo. Foi quando recebeu o Prêmio Alfred Döblin por seu romance Abschied von den Feinden (Despedida dos Inimigos) e foi incorporado definitivamente à lista de autores da editora Carl Hanser, onde publica até hoje. Em 1996, Jirgl abandonou suas atividades como técnico de palco e passou a viver só da literatura. O Prêmio Georg Büchner, o mais importante da Alemanha, representa um novo impulso para a carreira de Jirgl, que chegou a ser denominado por um crítico de "bate-estacas da literatura contemporânea". Afinal, seus livros não são de fácil digestão. Para começar, sua ortografia peculiar já dificulta a leitura. Jirgl costuma colocar sinais de pontuação no início da frase, como o ponto de interrogação, por exemplo. "Isso interrompe o fluxo normal e linear de leitura, mas também faz o leitor refletir", elogia Klaus Reichert, presidente da Academia Alemã de Língua e Literatura/Poesia, que concede o Prêmio Büchner desde 1951. Jirgl escreve com grande paixão e sensibilidade narrativa sobre as rupturas e catástrofes do século 20, caracteriza Reichert. "Resolvemos premiar um escritor que tem a ousadia de usar a linguagem para escrever algo que não pode ser digerido tão facilmente", justificou. Ao receber o prêmio, Jirgl se alinha a uma série de grandes escritores do século 20 que também o mereceram, entre os quais Friedrich Dürrenmatt, Heinrich Böll, Erich Kästner e Elfriede Jelinek.
*Este texto é uma adaptação do original em alemão que se encontra no seguinte endereço:
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6143898,00.html
“Georg-Büchner-Preis”
O Prêmio Georg Büchner (ou Prêmio Büchner) é considerado o mais importante prêmio literário da Alemanha. Seu nome homenageia o escritor e dramaturgo alemão Georg Büchner (1813 - 1837). Foi fundado em 11 de Agosto de 1923, na época da República de Weimar, pela câmara de deputados do estado alemão Volksstaat Hessen (extinto em 1946, hoje: Hessen). A idéia era premiar artistas ligados a Hessen. Entre 1933 e 1944 foi substituído por um prêmio da cidade alemã Darmstadt. O valor é de 40.000 Euros.
Os vencedores foram:
1923 | Arnold Mendelssohn | Komponist |
1924 | Paul Thesing | Maler |
1925 | Wilhelm Michel | Schriftsteller |
1926 | Wilhelm Petersen | Komponist |
1927 | Johannes Bischoff | Kammersänger |
1928 | Richard Hoelscher | Maler |
1929 | Carl Zuckmayer | Schriftsteller |
1930 | Johannes Lippmann | Maler |
1931 | Alexander Posch | Maler |
1932 | Adolf Bode | Kunstmaler |
No ano de 1933 até 1944 o prêmio não foi entregue.
1945 | Hans Schiebelhuth | Schriftsteller |
1946 | Fritz Usinger | Schriftsteller |
1947 | Anna Seghers | Schriftstellerin |
1948 | Hermann Heiss | Komponist |
1949 | Carl Gunschmann | Maler |
1950 | Elisabeth Langgässer | Schriftstellerin |
Em 15 de Março 1951 o Ministro da Cultura de Hesse fechou um contrato com o magistrado da cidade de Darmstadt e com a Academia Alemã de Língua e Poesia (em alemão: Deutsche Akademie für Sprache und Dichtung)pelo qual transformou o antigo Prêmio Georg Büchner em um prêmio literário concedido pela Academia. Ao mesmo tempo, um estatuto para o Prêmio Büchner foi criado e aprovado. Seu parágrafo mais importante (na versão de 21 de Março de 1958) diz: "Para a concessão do prêmio podem ser propostos escritores e poetas que escrevem em alemão, que emergem através das dimensões principais de seus trabalhos e obras e que têm uma participação fundamental na configuração da vida cultural alemã.
1951 Gottfried Benn
1952 nicht vergeben
1953 Ernst Kreuder
1954 Martin Kessel
1955 Marie Luise Kaschnitz
1956 Karl Krolow
1957 Erich Kästner
1958 Max Frisch
1959 Günter Eich
1960 Paul Celan
1961 Hans Erich Nossack
1962 Wolfgang Koeppen
1963 Hans Magnus Enzensberger
1964 Ingeborg Bachmann
1965 Günter Grass
1966 Wolfgang Hildesheimer
1967 Heinrich Böll
1968 Golo Mann
1969 Helmut Heißenbüttel
1970 Thomas Bernhard
1971 Uwe Johnson
1972 Elias Canetti
1973 Peter Handke
1974 Hermann Kesten
1975 Manès Sperber
1976 Heinz Piontek
1977 Reiner Kunze
1978 Hermann Lenz
1979 Ernst Meister
1980 Christa Wolf
1981 Martin Walser
1982 Peter Weiss
1983 Wolfdietrich Schnurre
1984 Ernst Jandl
1985 Heiner Müller
1986 Friedrich Dürrenmatt
1987 Erich Fried
1988 Albert Drach
1989 Botho Strauß
1990 Tankred Dorst
1991 Wolf Biermann
1992 George Tabori
1993 Peter Rühmkorf
1994 Adolf Muschg
1995 Durs Grünbein
1996 Sarah Kirsch
1997 H.C. Artmann
1998 Elfriede Jelinek
1999 Arnold Stadler
2000 Volker Braun
2001 Friederike Mayröcker
2002 Wolfgang Hilbig
2003 Alexander Kluge
2004 Wilhelm Genazino
2005 Brigitte Kronauer
2006 Oskar Pastior
2007 Martin Mosebach
2008 Josef Winkler
2009 Walter Kappacher
2010 Reinhard Jirgl
Mais no site da Academia Alemã de Língua e Poesia (em alemão):
http://www.deutscheakademie.de/preise_buechner.html