sábado, 4 de fevereiro de 2012

"O velho e o mar", de Ernest Hemingway

O velho e o mar é uma obra da maturidade de Hemingway, na qual são retomados muitos temas já caros ao escritor. Publicada em 1952, causou tal frisson que rendeu ao seu autor o Pulitzer de 1953 e o Prêmio Nobel de 1954. Os membros da Academia Sueca, responsável pela entrega deste último, assim justificaram a escolha de Hemingway: "por sua maestria na arte de narrar, mais recentemente demonstrada em O velho e o mar, e pela influência que o autor exerceu no estilo contemporâneo". 

No que se refere ao estilo, não podemos deixar de considerar a contribuição de Hemingway à depuração formal da prosa. Tendo exercido por muitos anos a profissão de jornalista, o escritor preferia as frases curtas e diretas, sem muitos complementos ou interpolações. Ao mesmo tempo, tentava potencializar a força das imagens que criava com tão poucas palavras.

Quanto aos temas caros ao escritor e que são retomados nesta novela, estão as grandes aventuras, a superação do ser humano frente à natureza e a defesa de valores morais como a coragem e a honra. Isso talvez fique mais claro quando expusermos um pequeno resumo da obra.

A novela conta a história de Santiago, um velho pescador que está enfrentando um período de má sorte que concretamente se traduz em mais de 80 dias sem pescar nenhum peixe. Este senhor passa a ser evitado pelos outros pescadores, que inclusive começam a duvidar da sua capacidade de ainda exercer a profissão. O único que ainda acredita em Santiago é um jovem que trabalhava com ele como aprendiz, mas que foi obrigado pela família a juntar-se à equipe de outro barco.

É então que Santiago empreende uma ousada viagem até alto-mar para conseguir pegar alguns peixes em sua rede e provar que ainda é capaz. É ali que, longe de todos, enfrenta um enorme desafio que põe à prova suas habilidades e sua força. O velho pescador topa com um marlim gigante, que só pôde ser capturado ao cabo de três dias de esforços, parca alimentação e vários ferimentos nas mãos. 

Porém, Santiago tem de enfrentar outros desafios no caminho de volta à sua aldeia. Tubarões perseguem sua pequena embarcação para comer o peixe que ele havia pescado. As águas salgadas assistem a novo embate, no qual o pescador se vale de todas as ferramentas que possui ou consegue improvisar. Vencido, vê os tubarões levarem toda a carne do peixe, deixando apenas uma enorme carcaça atrelada ao barquinho. 

Em todo caso, esta carcaça é suficiente para mostrar aos outros pescadores o tamanho da coragem de Santiago, que é encontrado desacordado na praia. Levado para casa pelo seu antigo auxiliar, o velho não chega a ver os comentários que fazem a respeito da sua façanha, grande ao ponto de colocá-lo novamente em posição de merecer o respeito de seus pares.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ernest Hemingway (1899-1961)


Abro o jornal [1] e me vejo na obrigação de postar sobre outro cinquentenário de falecimento, desta vez o do escritor norte-americano Ernest Hemingway, comemorado hoje. Ao contrário de Céline, porém, a quem me referi em postagem feita ontem, Hemingway não se inclui entre os escritores malditos, sendo mesmo considerado um "modelo de escritor moral" [2]. 

Tendo viajado por Europa e África atrás de aventuras, o escritor estadunidense foi testemunha ocular das duas Guerras Mundiais e da Guerra Civil Espanhola. As atrocidades desta última motivaram a publicação do prestigiado romance Por quem os sinos dobram (de 1940) que chegou a ser adaptado para o cinema e tem sido interpretado como o relato de um escritor comprometido/engajado.

O autor foi um dos grandes escritores dos Estados Unidos, com uma obra prolífica, sobretudo contos, que lhe rendeu prêmios de grande valor, destacando-se o Pulitzer de 1953 - pela novela O velho e o mar - e o Prêmio Nobel recebido em 1954. A popularidade de Hemingway pode ser medida, por exemplo, pela comemoração chamada "Hemingway Days", uma série de eventos que ocorre no final do mês de julho - a partir do dia 21, data de nascimento do escritor.

Aqui no país, a obra de Hemingway é editada pela Bertrand Brasil, selo do grupo editorial Record, que mantém em seu catálogo, entre outros, os seguintes títulos: Do outro lado do rio, entre as árvores (336p., R$ 43,00); O sol também se levanta (272p., R$ 39,00) e Adeus às armas (352p., R$ 43,00). 

Referências:

[1] Victor, Fabio. (2011, 2 de julho). Caçada a Hemingway. Folha de São Paulo. Ilustrada, p. E6. 

[2] Fernandez, Alfonso. (2011, 1 de julho). Há meio século morria o escritor Ernest Hemingway.  O Estado de São Paulo [versão eletrônica]. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,ha-meio-seculo-morria-o-escritor-ernest-hemingway,739405,0.htm

Observação: Postagem feita, originalmente, em 02/07/2011