sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

Ao longo de 2011 o grupo seguiu com os encontros mensais para discussão das obras lidas. Embora o predomínio continue sendo de prosadores ocidentais, tivemos a oportunidade de velejar por outros mares, lendo autores russos e um indiano e um clássico romano. A lista completa das obras lidas está abaixo. Na medida do possível, incluí informações adicionais, como quem indicou a obra para leitura:


"Contos Exemplares", de Sophia de Mello Breyner Andresen - 15/01/2011, por indicação de Guadalupe Vieira

"Pais e Filhos", de Ivan Turgeniev - 19/02/2011, por indicação de Paulo Tostes

"A invenção de Morel", de Adolfo Bioy Casares - 19/03/2011, por indicação de Fabrício Tavares

Obra do Ano - 1° encontro: "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoiévski - 16/04/2011

Obra do ano - 2° encontro: "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoiéviski - 21/05/2011

"Livro e Liberdade", de Luciano Cânfora - 18/06/2011, por indicação de Leonardo Rosa

"Correspondência Goethe / Schiller" - 16/07/2011

"Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe - 20/08/2011

"O Gitanjali", de Rabindranath Tagore - 24/09/2011, por indicação de Ailton Augusto

"Bartebly", de Herman Melville - 22/10/2011, por indicação de Fabrício Tavares

"O alienista", de Machado de Assis - 19/11/2011, por indicação de Ailton Augusto

"Meditações", de Marco Aurélio - 17/12/2011, por indicação de Paulo Tostes

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Marco Aurélio (121-180)


"Marco Aurélio nasceu em 121 A.D., filho de Ânio Vero e Domícia Lucila. A família, de raízes espanholas, dera ilustres magistrados a Roma. Educado em casa, por um preceptor, estudou Homero, Hesíodo e os trágicos; aprendeu a música e a dança; recebeu lições de pintura de Diogneto, adepto do estoicismo, e de retórica do erudito Frontão, a quem se ligou por uma afeição respeitosa e duradoura. Aos quinze anos, celebrou noivado com a filha de Cômodo; o casamento, porém não se realizou. Em fevereiro de 138, o imperador Trajano adotou Antonino como filho; a esposa deste, Faustina, era tia de Marco Aurélio, que, ao completar 18 anos, foi nomeado questor e, sendo órfão de pai, foi adotado por Antonino. Trajano faleceu pouco depois e Antonino Pio ascendeu ao trono. No ano seguinte, Marco Aurélio Vero foi eleito cônsul; aos 24 anos desposou Faustina, filha de Antonino, passando, aos poucos, a assumir as responsabilidades do governo, que o sogro lhe ia transferindo. Morrendo Antonino em 161, sucedeu-o no trono, aos 40 anos, com o nome de Marco Aurélio Antonino; adotou, por sua vez, a Lúcio Vero, a quem deu a mão de sua filha Ânia Lucila. Morto o genro, associou ao governo, em 177, seu próprio filho Cômodo, vindo a falecer três anos depois.

Seu reinado não foi tranquilo; perturbaram-no os bárbaros fronteiriços, os partas invadindo a Armênia, os germanos a Récia, o Nórico, a Panônia e chegando até Aquiléia. Enquanto isso, grassava peste na Itália. Seguem-se penosas campanhas para pacificação das fronteiras, contra os marcomanos, os quados, os sármatas, os iáziges. Entrementes, em 175, o legado da Síria, Avídio Cássio, apoiado por Antioquia e Alexandria, proclamou-se imperador, pretextando a morte de Marco Aurélio. Suas próprias legiões o destruíram ao certificar-se do logro. Para demonstrar que não guardava ressentimentos contra quem dera apoio ao impostor, Marco Aurélio empreendeu uma viagem ao Oriente, onde lhe faleceu a esposa; em seguida, visitou a Grécia. Teve, depois, de reprimir novo surto de expansão do cristianismo, em 177, e teve distúrbios na Germânia. No acampamento à margem do Savo, na Panônia, contraiu o tifo e morreu.

A despeito de tantas dificuldades, desenvolvera atividade benéfica na administração, amparara os pobres e protegera os intelectuais.

Carecia, evidentemente, de lazeres para a literatura; cultivava, contudo, o hábito pitagórico do exame de consciência diário e o de meditar constantemente os dogmas do catecismo de Epicteto. O fruto dessas reflexões, bem como o registro de fatos e princípios para ulterior meditação, constituem o seu livro, composto em Grego com o título Tá eis Heautón, As Notas de Uso Próprio, que os tradutores preferem substituir por Pensamentos, Máximas, Reflexões, Meditações, Solilóquios etc., todos nomes que servem, mas nenhum que satisfaça plenamente."

BRUNA, Jaime. Introdução. In: MARCO AURÉLIO. Meditações. Introdução, tradução e notas de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1989.

* Crédito da imagem: http://ucrj.com.br/2011/03/marco-aurelio-o-imperador-filosofo/, acesso em 09/12/2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Meditações", de Marco Aurélio


Inspirado pelo Estoicismo, cuja doutrina é baseada em cultivar a impassibilidade diante do infortúnio, As Meditações constituem um diálogo do Imperador Marco Aurélio consigo. Muitas das inquietações apontadas no livro advêm de acontecimentos dramáticos que ele presenciou em sua participação nas campanhas militares. Contudo, ele não se atém aos acontecimentos nem trata de enfocá-lo simplesmente como um registro do que vê à volta. O seu intento consiste em retirar da própria experiência ensinamentos e comprovações encontrados no Estoicismo que lhe sejam de grande valor moral à existência.
Nessa perspectiva, se o curso do mundo obedece a um determinismo contra o qual é inútil lutar, o autor afirma taxativamente: “Para cima e para baixo, de um lado para o outro, de roda em roda, é este o monótono e enfadonho ritmo do universo. Tudo o que acontece foi preparado desde toda a eternidade; a sucessão de causas esteve sempre fiando a tua existência e o que te acontece" (Livro X, 5). E, mais adiante: “E nada pode transgredir a necessidade do destino e de uma ordem, nem a providência que ouve a súplica, nem um desgovernado caos sem finalidade. Se a Necessidade nada pode transgredir, por que resistes?”
Será que na ordem dos acontecimentos, é assim que todo o universo se manifesta? Eis, portanto, uma oportuna leitura a ser refletida...