domingo, 1 de junho de 2014

2014: Novo Palimpsestos

Como pode ser o antigo também novo?
Como pode o mesmo, tornar-se outro?

A resposta possível compreende algo que é óbvio, mas também simples: mudando-se a essência, os usos e sentidos, as perspectivas em dimensões e horizontes sem perder o rumo e o prumo, o infinito possível à mente e aos pés, embora estes, sempre restritos ao chão, mas que a a alma e espírito podem compensar alargando os limites com as coisas do imaginável, mesmo que aparentemente inconcebível. Murilo Mendes (1901-1975), o célebre escritor juizforano-mineiro dizia: "só não existe o que não pode ser imaginado", assim temos uma premissa para reiniciar o projeto e empreendimento do Palimpsestos em outras formas e meios ou ao menos tentar.

E o que será esse novo Palimpsestos?

Um empreendimento que trabalha com oficinas e cursos relacionados a leitura, livros, leitores e bibliotecas, atuando em escolas, comunidades, empresas, faculdades e universidades e projetos ligados ao Terceiro Setor com a iniciativa privada e esfera pública.

Para maiores informações entre em contato:

Leonardo Rosa: prospervs@gmail.com (Especialista em Filosofia pela UFJF)

segunda-feira, 1 de julho de 2013

2013: mudanças silenciosas e novas outras leituras

No ano de 2013, o grupo Palimpsestos não aconteceu.
A proposta inicial pensada em sua fundação em 2009, não progrediu conforme pensada inicialmente pelos idealizadores que, cada um a seu modo, a desenvolveu e com ela seguiu em outros rumos e horizontes conforme outros interesses e demandas pessoais. As diferenças venceram o mínimo consenso e a unidade se desfez. Uns migraram para outros grupos, outros seguiram com suas vidas em mestrados e doutorados, estudando ou trabalhando, em suma: vivendo e lendo.
Contudo, esse "silêncio" foi fecundo para que ocorressem mudanças e redefinições acerca do que fazer da idéia e potencial nos promissores campo da educação e cultura. O que ficará para o ano seguinte de 2014 em outros formatos, com novos sentidos, usos e perspectivas. E em parte, os mesmos idealizadores e novos interessados, porque "tudo muda", mas também permanece.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012

Com o encerramento das atividades do Palimpsestos - quanto grupo de leituras exclusivamente - em 2012, as últimas obras lidas em encontros, todos no primeiro semestre deste ano foram:

  1. "Noite na Taverna", de Álvares de Azevedo e "Srta. Bisturi", de Baudelaire – 16/06/2012
  2. "O homem da multidão", de Edgar A. Poe e "O jantar", de Clarice Lispector - 19/05/2012
  3. "Belfagor, o arquidiabo", de Machiavel - 21/04/2012
  4. "A morte em Veneza", de Thomas Mann - 17/03/2012
  5. "O velho e o mar", de Ernest Hemingway - 18/02/2012
  6. "Silogismos da amargura", de Emil Cioran - 21/01/2012
O grupo de leituras foi administrado em seu último ano de atividades por Aílton Augusto e Fabrício Moraes.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

"Belfagor, o Arquidiabo", de Nicolau Maquiavel

Belfagor, o Arquidiabo é o tipo de texto que o senso comum não atribuiria a Nicolau Maquiavel, conhecido quase que exclusivamente por seu O príncipe [de 1513], amado, odiado e comentado por políticos, administradores e demais pessoas que se enfrentam com o manejo do poder em alguma instância.

Não quer isto dizer que contos como o que foi escolhido pelo grupo para leitura agora em abril/2012 não tenham em alguma medida um matiz político, seja pela defesa da liberdade, seja pela crítica à corrupção dos costumes, com a evidente ostentação, por parte da nobreza, de posses que não existem de fato. Outro ponto a destacar é o modo pelo qual o conto demonstra, em certa medida, a visão da sociedade medieval sobre a mulher.

Apesar dessas considerações, acredito que é possível desfrutar da leitura deste conto sem maiores compromissos ideológicos, deixando-se levar pela prosa envolvente de Maquiavel, que nos conta as desventuras de Belfagor, um diabo que é mandado à terra para, como humano, verificar o que é o matrimônio. 

O personagem recebeu essa missão um tanto quanto ingrata após constatarem, no Inferno, que a maioria dos habitantes dali eram homens que, em vida, foram casados. Assumindo a persona de Dom Rodrigo de Castela, o arquidiabo chega a Florença, onde desposa a jovem Honesta. Após o casamento, ela transforma sua vida em uma sucessão de tormentos. Para escapar à esposa e a alguns credores, Rodrigo conta com a ajuda do camponês Giovanni Matteo, a quem promete recompensas mas brinda armadilhas e confusões que se resolvem de modo jocoso ao final da história, que omito para não estragar a surpresa dos leitores.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nicolau Maquiavel (1469-1527)


Nicolau Maquiavel nasceu e morreu na cidade de Florença, numa época em que a Itália estava longe de existir como o país que conhecemos hoje. Entre a data de seu nascimento (1469) e a de sua morte (1527) o universo cultural europeu sofreu importantes transformações, das quais podemos citar como exemplos as conquistas ultramarinas de Espanha e Portugal, que expandiram as fronteiras do Velho Continente e, ainda, as conquistas renascentistas no campo da arte, arquitetura e humanidades em geral. Estas últimas podiam ser observadas justamente na "Itália" que viu Maquiavel nascer. 

Em consonância com seu local de nascimento e com o momento histórico, o futuro escritor recebeu uma esmerada formação clássica, chegando a escrever em latim já aos doze anos de idade. Em 1498, ele assume a segunda chancelaria de Florença, cargo que ocupará até 1512, quando a dinastia dos Médici é conduzida ao poder. 

Maquiavel esteve, daí por diante, sempre às voltas com com os mecanismos políticos, seja como participante das negociações enquanto esteve no posto de chanceler, seja como "comentarista", nas obras que escreveu posteriormente e que foram majoritariamente dedicadas à política. Em sua atividade pública, ele teve a oportunidade de conhecer vários dirigentes políticos, como Luís XII de França, o Papa Júlio II, o Imperador Maximiliano I, e César Bórgia.

A partir de 1513, quando foi destituído de suas funções públicas e exilado por suspeita de envolvimento numa conspiração contra o governo, passará a dedicar-se à literatura, empregando-se de modo esporádico em algumas empresas diplomáticas isoladas. Data dessa época a composição do seu tratado mais famoso - O príncipe. Embora tenha sido publicado postumamente (1531), o seu conteúdo já era conhecido pois o autor havia recitado partes d'O Princípe nas reuniões intelectuais dos Ortii Oricellari (Jardins de Rucellai), local onde se reunia a Academia Florentina.

A influência do pensamento de Maquiavel extrapolou em muito o campo puramente político. Prova disso é o adjetivo "maquiavélico", presente tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. É evidente que essa recorrência de uso não indica que todos tenham lido e concordado com os postulados deste autor renascentista, mas não deixa de registrar o quanto ele "penetrou" em nossa cultura.

Outras obras de Maquiavel foram a comédia La Mandragola (A Mandrágora), publicada com êxito em 1524, os tratados Arte della guerra (A Arte da Guerra), de 1519-1520, Discorsi sopra la prime deca di Tito Livio (Discursos sobra a primeira década de Tito Lívio), publicado postumamente em 1531 e as comédias Clizia (escrita por volta de 1524) e Andria e o conto Belfagor, escolhido pelo grupo para ser lido neste mês de abril/2012.