Belfagor, o Arquidiabo é o tipo de texto que o senso comum não atribuiria a Nicolau Maquiavel, conhecido quase que exclusivamente por seu O príncipe [de 1513], amado, odiado e comentado por políticos, administradores e demais pessoas que se enfrentam com o manejo do poder em alguma instância.
Não quer isto dizer que contos como o que foi escolhido pelo grupo para leitura agora em abril/2012 não tenham em alguma medida um matiz político, seja pela defesa da liberdade, seja pela crítica à corrupção dos costumes, com a evidente ostentação, por parte da nobreza, de posses que não existem de fato. Outro ponto a destacar é o modo pelo qual o conto demonstra, em certa medida, a visão da sociedade medieval sobre a mulher.
Apesar dessas considerações, acredito que é possível desfrutar da leitura deste conto sem maiores compromissos ideológicos, deixando-se levar pela prosa envolvente de Maquiavel, que nos conta as desventuras de Belfagor, um diabo que é mandado à terra para, como humano, verificar o que é o matrimônio.
O personagem recebeu essa missão um tanto quanto ingrata após constatarem, no Inferno, que a maioria dos habitantes dali eram homens que, em vida, foram casados. Assumindo a persona de Dom Rodrigo de Castela, o arquidiabo chega a Florença, onde desposa a jovem Honesta. Após o casamento, ela transforma sua vida em uma sucessão de tormentos. Para escapar à esposa e a alguns credores, Rodrigo conta com a ajuda do camponês Giovanni Matteo, a quem promete recompensas mas brinda armadilhas e confusões que se resolvem de modo jocoso ao final da história, que omito para não estragar a surpresa dos leitores.
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