quarta-feira, 9 de novembro de 2011

3º FELICA


Atendendo ao pedido de um de nossos leitores, venho anunciar a realização da terceira edição do FELICA – Festival Literário de Cataguases –, que começa hoje, dia 09, e vai até 12 de novembro. Nesse ano, o tema do FELICA será “A poesia da vida” e privilegiará temas correntes em nosso cotidiano, como acontecerá na mesa de abertura, com a atriz e poeta Elisa Lucinda (foto) cujo tema é “Parem de falar mal da rotina...”.
Além de Elisa, os outros convidados do FELICA são: a jovem prosadora Ana Paula Maia, o poeta Bartolomeu Campos de Queirós, o poeta da Geração Marginal, Chacal, o artista plástico e romancista tebano Elias Fajardo, o cataguasense radicado em Leopoldina José Geraldo Gouvêa, Marcelo Benini, também nascido na cidade e morador de Brasília, o romancista e cineasta húngaro Miklós Palluch, o poeta angolano Ondjaki e a jornalista Sabrina Abreu.
A edição 2011 do FELICA é uma realização do site CataguasesViva.com e conta com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Ascânio Lopes. Mais informações no site do Festival: www.cataguasesviva.com/felica

"O alienista", de Machado de Assis

A obra deste mês é uma das mais prestigiosas criações de Machado de Assis: a novela O alienista. Publicada no volume Papéis Avulsos (1882), ela ganhou "vida própria", vindo a ser editada em volume separado por várias editoras, como o demonstra a capa ao lado, da Ática.

A novela conta a história do doutor Simão Bacamarte, um renomado alienista que vem de Portugal e instala-se em Itaguaí, no interior fluminense, para dedicar-se à investigação das causas da loucura.

Com o objetivo de reunir em um só local os "deserdados do espírito", o doutor Bacamarte manda construir uma "casa de Orates" para acolhê-los: a Casa Verde. Ao longo da história, veremos o crescimento e a diminuição do número de habitantes da instituição, cuja variação "demográfica" decorria em grande parte das mudanças que o alienista fazia em suas teorizações sobre a loucura, cujos limites ele não conseguiu delimitar com o rigor que seu cientificismo pretendia. Aliás esse rigor científico que caracterizou a segunda metade do século XIX é o grande alvo da crítica machadiana nessa novela, que retrata com perfeição as limitações de uma visão e/ou prática extremadas de qualquer doutrina.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Machado de Assis (1839-1908)

Tido por muitos como o maior escritor brasileiro de todos os tempos - posição aliás pouco ameaçada, exceto pela figura de Guimarães Rosa -, Joaquim Maria Machado de Assis, autor da obra deste mês, carrega consigo a fama de ser um dos mais estudados nas universidades e não raro tem seus livros incluídos entre as leituras obrigatórias de vestibulares de todo o país, coisa que antes de ser louvável deve ser repensada, pois o caráter obrigatório dessa leitura afasta muitos jovens da Literatura. Mas, vamos ao homem.

Machado de Assis nasceu em 1839, no Morro do Livramento, na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império naquela época. De ascendência humilde, o futuro escritor teve uma infância e adolescência de muito trabalho. Tendo sido pouco estudadas, o que nos ficou dessa época da vida do escritor foi a imagem de um jovem que conciliava as obrigações impostas pela sua condição social aos estudos que realizou por sua própria conta.

Como autodidata Machado de Assis teria aprendido línguas estrangeiras como francês e inglês e também teria percorrido um caminho leitor recheado pelos clássicos. Aos 22 anos inicia sua carreira literária com a publicação de Queda que as mulheres têm para os tolos, título traduzido por ele.

O primeiro volume autoral publicado foi uma coleção de poesias intitulada Crisálidas, de 1864. Pouco anos depois ingressa no serviço público e, com a estabilidade permitida por este, dedica-se à vida doméstica (casou-se em 1869 com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais) e à literatura.

Ao volume de 1864, seguiram-se, por ordem cronológica: Falenas (poesia, 1870), Contos Fluminenses (contos, 1871), Ressurreição (romance, 1872), Histórias da meia-noite (contos, 1873), A mão e a luva (romance, 1874), Americanas (poesia, 1875), Helena (romance, 1876), Iaiá Garcia (romance, 1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (romance, 1881), Papéis avulsos (contos, 1882), Histórias sem data (contos, 1884), Quincas Borba (romance, 1891), Várias histórias (contos, 1896), Dom Casmurro (romance, 1899), Páginas recolhidas (contos, 1899), Poesias completas (1901), Esaú e Jacó (romance, 1904), Relíquias de casa velha (miscelânea, 1906) e Memorial de Aires (romance, 1908).

Além de poeta, contista e romancista (notável nas obras a partir das Memórias Póstumas), Machado de Assis dedicou-se ainda ao teatro, à crítica literária e à crônica, tendo colaborado durante longos anos com jornais e revistas do Rio de Janeiro. Também deve-se destacar a condição de fundador da Academia Brasileira de Letras, instituição da qual foi o presidente até a data de seu falecimento.

Os traços mais característicos de sua obra são a ironia (que traveste uma pesada crítica à sociedade sua contemporânea), o pessimismo, a linguagem castiça e a contenção das descrições, na contramão de outros autores do tempo, que pretendiam descrever totalmente a realidade. Machado foi também um excelente criador de personagens, notadamente femininas, descrevendo (aí sim com detalhes e maestria) os seus movimentos interiores. Por esta razão, figuras como Brás Cubas, Quincas Borba, Sofia, Capitu e Conselheiro Aires saíram das páginas de seus livros para entrar nos anais da história literária nacional e universal.