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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Um homem que dorme

Georges Perec nasceu em Paris, no ano de 1936, e morreu em 1982, com 46 anos de idade na sua cidade natal. Autor de diversos romances, peças de teatro, crônicas e roteiros de filmes, Perec conquistou em sua época uma vasta legião de fãs, tanto da juventude mais esclarecida quanto dos leitores mais tradicionais. Sua obra é marcada e por vezes regida por preceitos matemáticos e seu experimentalismo lexicográfico é extremamente original. O seu romance mais conhecido, "Um homem que dorme", é narrado em segunda pessoa e gira em torno de um jovem estudante (que em nenhum momento é nomeado) em crise existencial, alienado de tudo que acontece ao seu redor que "pouco a pouco (...) entra num estado de letargia, de neutralidade, onde não há necessidade de escolhas; onde inexistem a dor e o prazer" (sinopse da contracapa do livro). O romance, marcado pela solidão urbana e pelo absurdo existencial, foi influenciado por Kafka (cujas palavras servem de epígrafe para essa obra de Perec) e pelo conto "Bartleby" de Melville. No ano de 1974 a obra foi adaptada para o cinema pelas mãos do diretor francês Bernard Queysanne com o mesmo título do livro. Abaixo o trecho inicial do romance:

"Assim que você fecha os olhos, a aventura do sono começa. À penumbra familiar do quarto, volume escuro cortado por detalhes, onde sua memória identifica sem dificuldade os caminhos que você mil vezes percorreu, retraçando-os a partir do quadrado opaco da janela, ressuscitando a pia a partir de um reflexo, a prateleira a partir da sombra um pouco mais clara de um livro, precisando o vulto mais negro das roupas penduradas (...)" (Retirado da obra "Um homem que dorme", Georges Perec, Editora Nova Fronteira, 1988)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lançamento

Acontecerá no próximo dia 20 de Agosto de 2011, às 10h, na Livraria A Terceira Margem, o lançamento do livro "Contos que Machado de Assis e Jorge Luis Borges elogiaram" (2011, Scortecci Editora), de Raphael de Oliveira Reis. Integrante do grupo de leituras Prazer da Leitura, Raphael é historiador editor da Revista Encontro Literário, além da atuar na área de políticas públicas em educação e leitura. Abaixo, o texto do prefácio:
"Senhores e Senhoras,
Investindo-me na função de prefaciador, quis o autor Raphael Reis me dar a oportunidade de escrever depois de tantos anos. Agradeço o convite. Digo que buscarei, na medida do possível, corresponder à vossa confiança e ser sucinto.
Esta é a primeira obra do nosso mais novo prosador e como me confidenciou, quer ser o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio Nobel, apesar de eu não acreditar nisso.
Foram escritos 15 contos: uns péssimos, outros bons, como naturalmente acontece.  Não posso comentá-los, pois assim perderia qualquer graça que por ventura eles possam ter. Ou seja, caro leitor, leia você mesmo e teça suas próprias conclusões.
Está prefaciado o prefácio. Que comece a leitura!

Machado de Assis
Verão de 2009"

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Livraria A Terceira Margem
Gal. Pio X, 2º piso, loja 127
Centro - Juiz de Fora

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Kwaidan

Lafcadio Hearn nasceu na Grécia, e já jovem foi enviado para os Estados Unidos, onde viveu por muitos anos, até se mudar para o Japão, país no qual viveu pelo resto de sua vida, uma vez que, segundo ele, foi lá que encontrou as respostas para seus anseios espirituais. Embora cosmopolita, Hearn construiu uma obra que explora os aspectos mais exóticos da cultura japonesa, bem como os contos e lendas populares do país. Atraído principalmente pelas narrativas de fantasmas, monstros e demônios que recolheu ao longo dos anos passados no Japão, Lafcadio Hearn compôs o seu mais famoso livro "Kwaidan - Histórias de assombrações", no qual poetiza e desenvolve as lendas rurais e populares japonesas, com maestria de um grande contista. É interessante saber que ele foi um grande tradutor da obra de Maupassant, que o influenciou diretamente na composição de seus contos. Em 1965, o diretor Masaki Kobayashi dirigiu o filme "Kwaidan", que traz à tela alguns dos contos presentes no livro homônimo de Hearn. No Brasil, a obra foi publicada pela editora Claridade.

domingo, 3 de julho de 2011

Revista Espacios - UBA

Convocatoria de la Faculdad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires - UBA - para el número especial de la Revista Espacios en torno a las Humanidades. El próximo número de la Revista Espacios tiente como tema "Luces y sombras de la humanidad" y busca reactivar el debate en torno a las viejas y nuevas tareas que ocupan a las Humanidades. Desde esta perspectiva, tan extensa y compleja, puede resultar poco menos que inabordable el intento de encarar un balance del estado actual del campo; no obstante, sigue siendo relevante repensar desde un enfoque crítico, abierto y plural la situación que atraviesan las Humanidades. Con un especial énfasis en la situación nacional latinoamericana, el debate que se plantea para Espacios persigue como propósito otorgar visibilidad a los problemas que atraviesan las distintas ramas que componen las ciencias humanas y sociales, resaltando los principales aportes al pensamiento contemporáneo y a la interpretación de los motivos que anidan en los conflictos socio-culturales.

Fecha límite para la recepción de los trabajos: 15 de agosto de 2011.

Más informaciones: www.uba.ar o e-mail comettal@gmail.com

terça-feira, 28 de junho de 2011

Diário de um velho louco

 Jun'ichiro Tanizaki é um dos maiores expoentes da literatura japonesa do século XX. Expulso por inadimplência do departamento de literatura da Universidade Imperial, Tanizaki desde cedo participou da chamada "escola Tanbiha" que tinha como prioridade apenas a arte e beleza, em contraposição à escola naturalista da época. Em "Diário de um velho louco", o escritor nos apresenta a relação entre o ancião Utsugi e sua nora Satsuko, ex-dançarina de casas noturnas que usa de sua sedução para manipular seu sogro. Premido pela aproximação da morte, Utsugi, mesmo com seus 77 anos de idade, dá vazão à todos os seus instintos e entrega-se completamente aos prazeres do corpo. Como comenta Leiko Gotoda, "o universo de Tanizaki é intimista e centrado na sensualidade e no relacionamento físico entre as pessoas, e a infidelidade, fetichismo, tendências sádicas e voyeurismo não coíbem os personagens de realizar seus anseios, bem na tradição budista que desconhece a noção de pecado - ao contrário de outros escritores japoneses de sua geração, Tanizaki jamais viajou ao Ocidente e não era influenciado pelo cristianismo e suas normas morais". No Brasil, o livro foi publicado pela Editora "Estação Liberdade".

domingo, 15 de maio de 2011

VEJA: "A importância da leitura na era digital"

A edição de VEJA (2217, ano 44, n°20) desta semana traz como matéria de capa uma discussão sobre a leitura na era digital.
"A cada nova geração, renova-se a sensação de que nas passadas se lia mais e se fazia menos sexo. Duplo engano. A rapaziada, em todos os tempos, foi com igual ímpeto ao pote. A razão POR QUE a leitura parece estar em baixa é que estamos em plena era da internet. Só parece. Pois o que se vê é a multiplicação dos jovens que gostam de LER, reconhecendo que um bom texto AINDA É, para a vida pessoal e profissional, um instrumento DECISIVO..." (continua na página 98 da revista).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Obras de Pedro Nava na Companhia das Letras

Uma notícia para ser comemorada é o anúncio do relançamento de parte da obra memorialística do médico e escritor Pedro Nava pela Companhia das Letras, o que pode contribuir para uma maior visilibidade de sua obra ao lado de outros grandes nomes da literatura brasileira. Graças a um recente acordo fechado com a Ateliê Editorial, que detém os direitos de todas as memórias do autor, a Companhia aproveitará a comemoração dos 40 anos da primeira edição de "Baú de Ossos", a ser celebrada em 2012, para lançar novas edições de seus livros "Balão cativo" (1973), "Chão de ferro" (1976), "Beira-mar" (1978), "Galo-das-trevas" (1981), "O círio perfeito" (1983), "Cera das almas" e do aniversariante "Baú de Ossos".

Biografia do autor:
"Pedro da Silva Nava nasceu em Juiz de Fora em 5 de junho de 1903. Na década de 1920, ele fez parte do grupo modernista mineiro que se reunia no Café Estrela, junto com Carlos Drummond de Andrade, Emílio Moura e Abgar Renault, entre outros. Formou-se em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1927 (foi contemporâneo daquele que viria a ser Presidente da República, Juscelino Kubitschek). Em 1933, vai para o Rio de Janeiro trabalhar como médico; torna-se chefe da Policlínica Geral. Em 1943, ano em que se casou com Antonieta Penido, foi um dos signatários da Manifesto dos Mineiros, um manifesto da intelectualidade mineira em defesa da redemocratização e do fim do Estado Novo. Além de poeta bissexto, Nava também desenhava (segundo Carlos Drummond de Andrade “ele não quis ser pintor; se quisesse, daria um banho em muito medalhado por aí”). Quando começou a publicar as suas memórias no início da década de 1970, foi saudado como um dos grandes escritores da moderna literatura brasileira. Os sete volumes traçam um painel riquíssimo da vida cultural brasileira do século 20. Pedro Nava suicidou-se em 13 de maio de 1984. Seu acervo pessoal encontra-se na Casa de Rui Barbosa."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

CULT - Alma russa: Dostoiéviski, Gógol, Tchekhov, Tolstói

A revista CULT em sua edição de n° 132 - Alma russa: Dostoiéviski, Gógol, Tchekhov, Tolstói. Dedicando-se à literatura russa e seus principais expoentes, dentre os quais, o nosso autor do mês (e do "ano" lembrando que escolhemos os clássicos de maior volume de páginas com 1 ano de antecedência), Dostoiéviski e seu Crime e castigo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CULT - Biografia e Crítica: Fiódor Dostoiévski - O Profeta da Literatura Russa

A Revista CULT lançou 4 edições especiais entre 2005 e 2006 - CULT Biografia e crítica - coleção dedicada à cultura e as personalidades que a formam. Em seu quarto volume - Dostoiéviski - foi o tema série com o subtítulo: O Profeta da Literatura Russa, trazendo uma análise crítica feita por profundos conhecedores de sua obra.

A publicação enriquece o conhecimento do autor, seu pensamento e obras, nesta edição assinam os artigos: Paulo Bezerra (Livre docente em Literatura Russa pela USP, tradutor de Crime e Castigo entre outras obras de Dostoiéviski entre outros escritores russos e Professor de Teoria da Literatura na Universidade Federal Fluminense, UFF). Além de Rodolfo Gomes Pessanha (in memorian, graduado em Direito pela mesma UFF, estudou história, filosofia e sociologia cultural, sido também ensaísta e crítico de literatura e de música com 8 livros publicados, dentre os quais: Dostoiéviski: Ambiguidade e ficção.) ; Aurora Fornoni Berardini (Professora de pós-graduação em Literatura Russa da USP); Critovan Tezza (Escritor, Professor de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Literatura pela USP; Karen Stepanyan (vice presidente da Sociedade Russa de estudos de Dostoiéviski, redator-chefe da revista almanaque Dostoiéviski i mirovaia kultura (Dostoiéviski e a cultura mundial), representante da Rússia na International Dostoiéviski Society (ISD), membro da União dos Escritores da Rússia, Professor do Instituto de Literatura Universal e colaborador da revista Znâmia.

quarta-feira, 30 de março de 2011

"O último dia do mundo - Fúria, ruína e razão no grande terremoto de Lisboa de 1755" de Nicholas Shrady

Nestes tempos de terremotos, maremotos e tsunâmis, sempre me recordo de Voltaire (1694-1778) e sua obra Cândido (ou Do Otimismo de 1758), obra aliás já lida no Palimpsestos em 18 de julho de 2009. Nela, polemizou antagonicamente com Leibniz (1646-1716) após o terremoto que devastou Lisboa, sobre a existência ou não de Deus, descortinando um debate que foi muito além disso e de ambos. É interessante como um fenômeno natural pode contrastar em crises e críticas e opor as concepções do mundo da cultura (ou das ciências do espírito) ao mundo natural, colocando em xeque supostas verdades e axiomas defendidos ou sustentados por gente como Leibniz e Voltaire, ambos, sobreviventes ao cataclisma que também foi registrado entre outros por filósofos como Immanuel Kant (1724-1804). A obra mais recente a tratar do tema e desdobramentos que ocorreram em Lisboa, mas que abalaram o mundo, está no minucioso trabalho "O último dia do mundo - Fúria, ruína e razão no grande terremoto de Lisboa de 1755" do jornalista inglês Nicholas Shrady (2011, Objetiva, tradução de Paula Berinson, 288 págs. R$ 39,90). Uma boa pedida para estes tempos, apesar de todo o otimismo que se tenha de um Cândido ou fé leibniziana em um Deus, seja como for no Japão ou em qualquer outro parte do mundo, o caminho e lição é o que se deu em Lisboa: seguir em frente e viver.

Sinopse: "O jornalista Nicholas Shrady revela, em 'O Último Dia do Mundo', que a reação ao desastre natural, mais do que a tragédia em si, é o que provoca fascínio. O terremoto em Portugal, na capital mais católica do continente, abalou as certezas intelectuais e religiosas que na época dominavam a Europa do Iluminismo. Em 'O Último Dia do Mundo', o autor revela como Carvalho fez com que a razão triunfasse sobre o obscurantismo religioso. Assim, enquanto muitos rezavam, ele rapidamente enviou tropas para apagar o fogo, buscar sobreviventes em meio às ruínas e controlar os saqueadores. Lisboa seria reconstruída, e ressurgiria como uma cidade moderna, de ruas largas, com sistemas de esgoto e escoamento adequados."

segunda-feira, 28 de março de 2011

Histórias Fantásticas

A Editora Cosac Naify traz ao público brasileiro a antologia "Histórias Fantásticas" de Bioy Casares, que reúne contos publicados ao longo de toda a sua vida. A obra apresenta quatorze contos em que o fantástico - longe de pertencer à outras esferas - aparece nas situações mais cotidianas da vida humana. A edição de capa dura ainda apresenta um apêndice ao final do livro, com algumas observações e análises sobre os contos, além de algumas fotografias do renomado autor. Embora todos os contos sejam extremamente trabalhos, pode-se destacar três contos, em especial: "Em memória de Paulina", narrativa em que reaparece a questão do simulacro (trabalhada no seu romance "A invenção de Morel"); "Moscas e aranhas" que trabalha de maneira inovadora a temática da "transmissão de pensamentos"; e, por último, "O grande Serafim", talvez o melhor conto da antologia, chegando a ser adaptado para o cinema por José María Ulloque em 1987, que narra um apocalipse ao mesmo tempo triste e banal. A edição pode ser encontrada facilmente nas grandes livrarias brasileiras.

domingo, 20 de março de 2011

"Todas as Musas"


Já estão disponíveis as chamadas para os números 5 e 6 da Revista Todas as Musas. O quinto número de Todas as Musas será publicado em Agosto de 2011. Os artigos podem ser submetidos até 31 de Maio de 2011 (em português, inglês ou espanhol). Haverá um dossiê com trabalhos sobre as representações dos mitos na literatura e nas artes, uma seção de tema aberto e outra de Iniciação Científica, além das resenhas. O sexto número de Todas as Musas será publicado em Fevereiro de 2012. Os artigos podem ser submetidos até 31 de Outubro de 2011 (em português, inglês ou espanhol). Haverá um dossiê com trabalhos de análises intertextuais, uma seção de tema aberto e outra de Iniciação Científica, além das resenhas.

As normas podem ser conferidas em:

sexta-feira, 18 de março de 2011

Cadernos Entrelivros: "Panorama da Literatura Latino Americana"

Vale usar como referência para contextualização os especiais lançados pela Duetto, Cadernos Entrelivros, na finada publicação da revista Entrelivros. Ainda que no caso, haja neste n° 7, dedicado a Literatura Latino Americana, parcas referências a Adolfo Bioy Casares...

Diário da Guerra do Porco


 Publicado em 1969, quando Bioy Casares já contava com seus 55 anos de idade, o romance "Diário da Guerra do Porco" narra a história do idoso Isidro Vidal que passa suas tardes jogando cartas e bebendo com seus amigos também idosos, até que uma multidão de rapazes inicia uma revolta nas ruas de Buenos Aires com o objetivo de eliminar todos os velhos da cidade,  uma vez que suas existências e atividades - segundo os revoltosos - lapidam os recursos do Estado. O personagem Vidal e seus amigos - a fim de salvarem suas vidas - começam a viver na clandestinidade, mas a matança e a tortura de idosos por parte da multidão jovem continua nas ruas de Buenos Aires, espalhando medo e insegurança. A Editora Cosac Naify publicou recentemente esse romance, podendo, portanto, ser facilmente encontrado em grandes livrarias.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Fome

Nascido em 4 de agosto de 1859, na cidade norueguesa de Lom, Knut Hamsun publicou seu primeiro livro aos 18 anos de idade. Embora não tenha recebido educação formal, Hamsun adquiriu uma vasta cultura através de visitas à biblioteca de um amigo. O autor começou a ser aplaudido pela crítica com a publicação de seu romance "Fome" (Sult, no original) que narra as peripécias de um jovem escritor pobre que vaga pela cidade de Christiania (atualmente Oslo) procurando emprego, passando fome e meditando sobre sua condição. Mesmo com aspecto miserável e sem posse alguma - a não ser um toco de lápis -, o jovem mantém-se imbuído de orgulho e amor-próprio. O enredo é baseado nas experiências do próprio Hamsun que passou pelas mesmas dificuldades, antes de ser literariamente reconhecido. O livro foi adaptado ao cinema pelo diretor dinamarquês Henning Carlsen, em 1966, fazendo com que o ator Per Oscarsson recebesse o prêmio de interpretação no Festival de Cannes. Em 1920, Hamsun foi premiado com o Nobel pelo livro "Os Frutos da Terra", narrativa bucólica de grande lirismo.

Produção de Presença: : o que o sentido não consegue transmitir

Um tema recorrente entre muitos amigos acadêmicos trata-se do reducionismo de muitas teses de Mestrado e Doutorado, que se propõem a explicar o mundo através de uma ótica monotemática. Além disso, um ponto de discussão frequente diz respeito de como as monografias devem se alinhar a linhas de pesquisas limitantes, que não abrem espaço para que o tema possa ser tratado de forma ampla e abrangente. Ao que parece, não só nas terras tupiniquins esse vício acadêmico ocorre, mas também nos Estados Unidos, de acordo com o livro “Produção de Presença”, recentemente publicado pelo alemão Hans Ulrich Gumbrecht. Na obra, esse professor da Stanford (EUA) defende que deveria haver um retorno à substância, perdida devido ao tédio contemporâneo, fruto de excessos de discussões teóricas. Como solução para esse mal estar, Gumbrecht propõe a reforma do “pensamento” contemporâneo, de forma a destronar a tradição de que a interpretação é a prática nuclear das Humanidades. Embora apresentado no lastro de uma concepção medieval, esse neossubstancialismo difere na medida em que a representação não se prende a uma ordem retórica e poética, mas sim em uma experiência estética contemporânea que oscila entre efeitos de “presença” e de “sentido”. Gumbrecht se defende de ter arquitetado um “panfleto contra” a interpretação e o sentido em geral, e coloca o seu livro estrategicamente como contribuição marginal à denúncia de que “a dimensão cartesiana não cobre toda a complexidade de nossa existência.” (Caderno Prosa e Verso, 19 de fevereiro de 2011)
   “Ao dizer que qualquer contato humano com as coisas do mundo contém um componente de sentido e um componente de presença, e que a situação da experiência estética é específica, na medida em que nos permite viver esses dois componentes em sua tensão, não pretendo sugerir que o peso relativo dos dois componentes é sempre igual. [...] A dimensão de sentido será sempre predominante quando lemos um texto [...]. Inversamente, acredito que a dimensão da presença predominará sempre que ouvirmos música [...]. Mas penso que a experiência estética – pelo menos em nossa cultura – sempre nos confrontará com a tensão, ou a oscilação, entre presença e sentido.”
Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir
Hans Ulrich Gumbrecht – Tradução Ana Isabel Soares
Contraponto/ PUC Rio

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Vathek

Publicada em 1782, a novela gótica "Vathek", escrita originalmente em francês pelo orientalista William Beckford, representa a fascinação que os temas orientais exerciam sobre toda a Europa de então e cuja origem se deve à tradução para o inglês da obra "As mil e uma noites", em 1708 por Antoine Galland. A obra de Beckford narra a trajetória do ganancioso califa Vathek, que abdica de sua fé no islamismo, e juntamente com sua mãe, perita nas artes negras, parte em busca de poder e riquezas, direcionando-se até mesmo aos infernos de Eblis para alcançar os seus objetivos. Antecipando grandes mestres do horror gótico, tais como Edgar Allan Poe, Mary Shelley e Walpole, a novela "Vathek" é, como Borges bem definiu, "o primeiro inferno realmente atroz da literatura". No Brasil, existe uma edição de bolso da obra publicada pela Editora L&PM.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Salgado Maranhão e a cor da palavra

Iniciando sua carreira literária com sua participação da antologia "Ebulição da Escrivatura", obra que reunia vários jovens autores da chamada "poesia marginal" da década de 1970, Salgado Maranhão (Caxias, 1953-), além de poeta e jornalista, é ainda letrista, tendo parcerias com grandes nomes da música popular brasileira, tais como Ivan Lins, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho. Em 1999, recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, juntamente com os escritores Haroldo de Campos e Gerardo de Mello Mourão.
Chega aos leitores agora, através da Editora Imago juntamente com a Biblioteca Nacional, o volume "A Cor da Palavra" que reúne em ordem cronológica toda a sua produção poética. Trabalhando com esmero a palavra, a poesia de Salgado é, como bem definiu Ferreira Gullar, "uma poesia da palavra, muito embora não ignore o real, pois o traduz em fonemas e aliterações. Que não hesita em ir além da lógica e do discurso (ou do enlace com o plausível) se o resultado é o impacto vocabular e o inusitado da fala". Abaixo o poema "Do mar" presente na antologia acima citada:

Do mar

Para onde segue 
esse rei convulso?

Para quem trabalha 
esse deus de sal?


Que abismos velam 
seus navegantes?


Por que não se gasta?
Por que não se cansa?


Que rei é esse 
feito de humores?


Para quem despe 
todo esse azul?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

"As viagens de Gulliver" de Johan Swift

A consagrada obra do irlandês Jonathan Swift - "As viagens de Gulliver" - ("Gullivers travels" de 1726/1735) ou como foi oficialmente lançado Travels into Several Remote Nations of the World, in Four Parts. By Lemuel Gulliver, First a Surgeon, and then a Captain of several Ships, não era encontrado no Brasil em boas e completas edições havia algum tempo. Agora com sua adpatação para o cinema, a obra é relançada em cuidadosa edição pela Penguin/Companhia Viagens de Gulliver(2010, Trad. de Paulo Henriques Britto, 448 págs, R$ 29,50) tornando-se acessível também além das tradicionais páginas impressas onde nasceu originariamente, agora nas telas, embora sua adaptação também nesta não seja inédita. O que necessariamente não irá garantir a conversão dos telespectadores em leitores, talvez do mesmo modo que não se dê no sentido contrário. Nesta "eterna querela" dos tempos modernos no embate da imagem com a palavra (vice-versa), com a dianteira da primeira em culturas e países onde a leitura, não é valorizada ou estimulada como deveria, agora, com uma "concorrência" por conta das novas tecnologias. Entretanto o romance satírico de Swift com suas analogias e metáforas com a Inglaterra do período, seguem surpreendentemente vivas, procantes e aguçadas. Como toda boa leitura faz ocorrer quando transforma convertendo o leitor, em viajor do texto que lê, seja do que for em qualquer época, área, gênero, estilo, autor ou assunto.
Porém viajar pela via da literatura-leitura, ainda "é para poucos", embora tantos e cada vez mais sejam os bons livros e o acesso a eles, nem sempre em cartaz nos cinemas.
Sinopse:
"Este livro conta a história de Lemuel Gulliver, um médico aventureiro que abandonou sua família, na Inglaterra, para desbravar novas terras, que depois de naufrágios e tormentas, acaba aportando em terras muito estranhas. Ele vai a Lilipute, onde as pessoas não medem mais de 15 centímetros; depois chega a Brobdingnag, onde as pessoas têm a altura de torres de igreja; e vai ainda ao País dos Houyhnhnms, onde os habitantes mais importantes são cavalos, não homens."

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Clássicos da Twitteratura Brasileira"


A Suzano Papel e Celulose lançou, em meados de Dezembro, uma simpática coleção de livos de bolso com os clássicos da chamada "twitteratura", a literatura feita nos famosos 140 caracteres do Twitter. Os "Clássicos da Twitteratura Brasileira" trazem textos de 15 autores inusitados e que se tornaram sucessos de público no microblog, como o escritor Fabrício Carpinejar, o cantor Léo Jaime, o empresário Eike Batista e o psicanalista Flávio Gikovate, entre outros.
Os volumes, dividos em quatro categorias (humor, autoajuda, relacionamentos e opinião), são feitos em estilo retrô e vendidos a R$ 5,00 cada um e podem ser adquiridos na Livraria da Vila. A criação, o projeto editorial e a campanha de lançamento ficaram a cargo da agência Santa Clara, contando com a parceria da Remix Social Ideas, que contribuiu com parte da curadoria do conteúdo e com o trabalho em mídias sociais.

Como estímulo para os curiosos, aqui vão alguns trechos:

"Paixão é ter, a todo instante, o sobressalto de quem perdeu a carteira." @carpinejar
"Seres humanos casados se reproduzem em cativeiro." @silviobloch
"BOM DIA ex-namorado(a) q insiste em mandar notícias. Se a gente quisesse notícia de morto, pedia carta psicografada. Fique no mar, oferenda." @HugoGloss