Georges Perec nasceu em Paris, no ano de 1936, e morreu em 1982, com 46 anos de idade na sua cidade natal. Autor de diversos romances, peças de teatro, crônicas e roteiros de filmes, Perec conquistou em sua época uma vasta legião de fãs, tanto da juventude mais esclarecida quanto dos leitores mais tradicionais. Sua obra é marcada e por vezes regida por preceitos matemáticos e seu experimentalismo lexicográfico é extremamente original. O seu romance mais conhecido, "Um homem que dorme", é narrado em segunda pessoa e gira em torno de um jovem estudante (que em nenhum momento é nomeado) em crise existencial, alienado de tudo que acontece ao seu redor que "pouco a pouco (...) entra num estado de letargia, de neutralidade, onde não há necessidade de escolhas; onde inexistem a dor e o prazer" (sinopse da contracapa do livro). O romance, marcado pela solidão urbana e pelo absurdo existencial, foi influenciado por Kafka (cujas palavras servem de epígrafe para essa obra de Perec) e pelo conto "Bartleby" de Melville. No ano de 1974 a obra foi adaptada para o cinema pelas mãos do diretor francês Bernard Queysanne com o mesmo título do livro. Abaixo o trecho inicial do romance:
"Assim que você fecha os olhos, a aventura do sono começa. À penumbra familiar do quarto, volume escuro cortado por detalhes, onde sua memória identifica sem dificuldade os caminhos que você mil vezes percorreu, retraçando-os a partir do quadrado opaco da janela, ressuscitando a pia a partir de um reflexo, a prateleira a partir da sombra um pouco mais clara de um livro, precisando o vulto mais negro das roupas penduradas (...)" (Retirado da obra "Um homem que dorme", Georges Perec, Editora Nova Fronteira, 1988)
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