segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Salgado Maranhão e a cor da palavra

Iniciando sua carreira literária com sua participação da antologia "Ebulição da Escrivatura", obra que reunia vários jovens autores da chamada "poesia marginal" da década de 1970, Salgado Maranhão (Caxias, 1953-), além de poeta e jornalista, é ainda letrista, tendo parcerias com grandes nomes da música popular brasileira, tais como Ivan Lins, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho. Em 1999, recebeu o prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, juntamente com os escritores Haroldo de Campos e Gerardo de Mello Mourão.
Chega aos leitores agora, através da Editora Imago juntamente com a Biblioteca Nacional, o volume "A Cor da Palavra" que reúne em ordem cronológica toda a sua produção poética. Trabalhando com esmero a palavra, a poesia de Salgado é, como bem definiu Ferreira Gullar, "uma poesia da palavra, muito embora não ignore o real, pois o traduz em fonemas e aliterações. Que não hesita em ir além da lógica e do discurso (ou do enlace com o plausível) se o resultado é o impacto vocabular e o inusitado da fala". Abaixo o poema "Do mar" presente na antologia acima citada:

Do mar

Para onde segue 
esse rei convulso?

Para quem trabalha 
esse deus de sal?


Que abismos velam 
seus navegantes?


Por que não se gasta?
Por que não se cansa?


Que rei é esse 
feito de humores?


Para quem despe 
todo esse azul?

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