Christian Johann Heinrich Heine (1797-1856) foi um importante filósofo e poeta romântico alemão, fortemente influenciado pelo filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), sendo conhecido como “o último dos românticos.” Nascido na Alemanha, optou por passar grande parte da vida adulta na França. Ele viveu em um tempo de grandes mudanças políticas e sociais: A Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas, o que também influenciou seu pensamento. Era grande defensor do ateísmo, tratando a religião e Deus com jocosidade.
Depois de Johann Christoph Friedrich von Schiller e, sobretudo, de Johann Wolfgang von Goethe, foi a figura de Heine que imperou na lírica de língua alemã. Era dotado ao mesmo tempo de uma ironia natural e de talento para a lírica mais pura, quase capaz de passar por popular ou folclórica. Um de seus mais famosos poemas é “Die Lorelai”, musicada por Friedrich Silcher em 1837, e que se tornou uma das mais famosas canções alemãs. Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Johannes Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners.
Através de sua obra, Heine exerceu profunda influência no Brasil, chegando, inclusive, a escrever sobre o tema da escravidão no país. No poema O Navio Negreiro, do original alemão Das Sklavenschiff, de 1853/54, o escritor alemão retrata a condição dos prisioneiros de um navio negreiro aportado no Rio de Janeiro. O poema foi base de inspiração para o escritor brasileiro Castro Alves, em seu poema também intitulado de O Navio Negreiro.
Heine foi admirado por diversos escritores brasileiros, entre eles Machado de Assis. Além de Machado, muitos outros também traduziram o escritor alemão, como o seu contemporâneo Gonçalves Dias e também Raul Pompéia, Alphonsus de Guimaraens, Fagundes Varela e Manuel Bandeira.
Duas publicações começam a recolocar em circulação no Brasil a obra de Heinrich Heine: O Rabi de Bacherach (tradução de Marcus Mazzari; Hedra; 128 páginas; 14 reais) traz, além da obra incompleta de ficção que lhe dá título, três artigos contra o ódio racial que o autor escreveu em 1840, por ocasião de perseguições contra a comunidade judaica de Damasco (parte, então, do Império Otomano), com o apoio direto do cônsul francês. Já Navios Negreiros (tradução de Priscila Figueiredo e Luiz Repa; SM; 80 páginas; 30 reais), além do célebre poema de Castro Alves, estampa em nova tradução a balada de Heine que, provavelmente vertida para o francês, inspirou o texto abolicionista do bardo baiano.
Você pode encontrar aqui o poema “Das Sklavenschiff “e outros poemas de Heine (em alemão, inglês e francês)
http://www.heinrich-heine.net/sklaved.htm
Vem, linda peixeirinha,
Trégua aos anzóis e aos remos.
Senta-te aqui comigo,
Mãos dadas conversemos.
Inclina a cabecinha
E não temas assim:
Não te fias do oceano?
Pois fia-te de mim.
Minh’alma, como o oceano,
Tem tufões, correntezas,
E muitas lindas pérolas
Jazem nas profundezas.
Heinrich Heine
(tradução de Manuel Bandeira)
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