No próximo 19 de abril em Berlim, irão a leilão cartas e cartões postais enviados por Franz Kafka (1883-1924) à sua irmã Ottilie. Todos são originais do autor judeu theco, que tinha a língua alemã como idioma materno, e tem parte de seus escritos originais, os mesmos que pedira a seu amigo Max Brod (1884-1968) para incinerar, como espólio disputado por herdeiros, instituições e países como Israel e Alemanha.
O leilão se dará na casa de leilões Startgardt, numa iniciativa das filhas de Ottilie, Vera Saukova e Helena Kostroushová, que os receberam de sua mãe, antes que ela fosse deportada e morta em Auschwitz, em 1943.
Assim, segue-se o mal costume de tornar produto para comércio e negócio, aquilo que é inestimável e, por isso, de pertencimento universal, público, à história da humanidade que Kafka retratou com maestria e singularidade insuperáveis, embora aqui no caso, se trate de uma expressão do autor de caráter absolutamente pessoal, íntimo, o que torna tal transação comercial ainda mais estranha quando não fetichista.
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