Talvez nenhuma outra obra tenha conferido tão má fama a seu autor, Nicolau Maquiavel (1469-1527), e também, causado tanto furor ao longo da história como "O príncipe" (1513). Como último lance, tentado sem sucesso, para retornar à cena política florentina de onde fora alijado sob acusão de complô contra os Médici, acabou relegando a história um livro de incrível simplicidade por sua mensagem e propósitos, nos pequenos 26 capítulos que a compõe. A obra foi intensamente atacada e questionada, não raro até banida e proibida por instituições que iam de algumas monarquias à epoca e posteriores, além da Igreja romana, acabando por gerar mesmo um gênero particular "o anti-maquialvel", e posteriormente, ser adotado como "livro de cabeceira" por alguns. O mesmo que só reforça além do próprio predicado "maquiavélico", de caráter pejorativo, mas injusto quão impróprio, conforme se constata os que o lerem e o estudarem. O florentino versa um autêntico manual de como se deve fazer para conquistar e se manter no poder, isto claro, pode ser dito como uma obviedade redutora da obra que é muito mais, tanto quanto será a disposição e sensibilidade de quem a lê. E ao falar sobre repúblicas e principados que existem em detrimento de outros que de fato, nunca existiram, inaugura o chamado "realismo político". Contudo, a obra vai muito além evocando personagens históricos e relevantes à parte fatos e lances, muitos dos quais o autor se vale para exemplificar suas afirmações e justificá-las. O fato de impressionar ainda hoje, 500 anos depois, confirma sua vitalidade perene que o destaca desde sempre, não só pela ousadia da reflexão, mas sobretudo, pelo talento em registrar o que é, na realidade cotidiana, daquilo que parece ser e nunca o foi, isto, não necessariamente ficção, em qualquer nível, tema ou área onde a mesma incide e ocorre tomada não raro como "verdades" que o leitor "maquiavélico" ou não, deve ater-se em particular aos conceitos como virtù e fortuna, sem os quais como o próprio príncipe, não obterá êxito.
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