Enquanto na França alguns políticos iniciam esforços para transladar os restos mortais do escritor franco-argelino (morto em 04 de janeiro de 1960) para o panteão dos heróis nacionais, nestes tempos de cultura fast-food onde se gasta muito com nada demais, e com o tão pouco de qualidade literária, supervalorizada pela indústria midiática que se encarrega de fazer parecer brilhante (sinônimo de grandes tiragens e vendas) quer sejam autores, quer mesmo leitores metidos a literatos (celebridades pura forma). Oportuno conhecer a obra e vida de Albert Camus (1913-1960) na biografia escrita por Olivier Todd, editada pela Record (1998, 890 págs, Atualmente esgotada). De seu nascimento na Argélia à amizade com Sartre, as idéias e produção filosófico-literária às posições ideológico políticas, Todd conta a história da vida de um homem fascinante (laureado com um Nobel em 1957). Célebre por seu "O estrangeiro" (1997, Record) e um dos ícones dos anos 60, que talvez a morte trágica tenha contribuído para reforçar com a áurea mítica em meio ao Existencialismo que à época, sendo moda, virou febre, e que como tantas outras epidemias ideológicas, chegaram tardiamente ao Brasil. Contudo, seu brilhantismo literário e lucidez intelectual, com os naturais equívocos de qualquer homem, o tornam um sujeito, que filósofo, se destacou mais no jornalismo e literatura.
Lembrado além de sua excelente literatura por sua concepção teórica do "absurdo", tem sido recorrentemente lembrado no que hoje talvez por tão trivial e comum, não espante, sobretudo pelo crescente sentido destes tempos atuais de excessivo não sentido, quer sejam estes niilistas ou não, fazendo de todo bom leitor, um estrangeiro de si mesmo, reconhecendo-se no absurdo da vida literária ou não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário