“Há tempo para tudo...” vv. 1-8.
A já conhecida citação acima me parece, dentre tantas do Eclesiastes, bastante oportuna aos nossos dias, aliás, uma sugestão para outra reflexão: “o livro de nossas vidas”, o que é pertinente à leitura do livro bíblico, pois, segundo esse texto do Velho Testamento, “para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer...” Aqui, então, é o tempo para conduzir uma leitura a outra.
Escrito pelo rei Salomão, já no final de sua vida, o propósito do livro sugere que era o de remover o escândalo causado por ele com a sua idolatria e o seu afastamento de Deus, advertindo os mais jovens para que não cometessem os mesmos erros que outrora cometera. (Ec.7:29).
Então, mais do que alimentar uma variedade de superstições com vistas a um tempo que seja melhor, qual de nós está realmente comprometido com seu próprio tempo? Qual de nós conhece o sabor contínuo das horas que tem cada ciclo existencial? Talvez o desconhecimento desse ciclo faça com que tantos queiram buscar fora o que antes deve passar por dentro... Não fosse essa premente questão, o rei Salomão não teria refletido tanto sobre as vaidades...
Assim, acrescentando à sapiência de Haroldo de Campos que, em sua tradução (Editora Perspectiva, 2004 - coleção Signos n º13), procurou manter os jogos de palavras e aliterações do texto hebraico, de modo a “tornar hebraico o português", ocorre-me aqui pensar nos “jogos” de sentidos que confiro ao tempo, e um deles é o que me leva a perceber a realidade do tempo que vivo, para que assim, e consoante à sabedoria daquele rei de outrora, encontrar não outro tempo, mas sugerir o centro da realidade.
Ad Paulum
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