Dos grandes clássicos literários do gênero fábula (raro na contemporaneidade) com uso metafórico e alegórico brilhantes por George Orwell (1903-1950), "A revolução dos bichos" versa com referências a personagens históricos e ao mesmo tempo como atroz crítica ideológica. E embora seja usualmente relacionada a estados totalitários, a crítica vale para todo e qualquer projeto político que em particular, pela própria natureza humana ao longo do tempo fascinada no jogo do poder, soçobra, comprometendo-se entre a contradição e o paradoxo daquilo que promete no utópico ideal, revela-se violência e opressão, redundando num contexto em que "uns são mais iguais do que os outros". É certamente das maiores obras do gênero plena de política, ideologia, história, filosofia e literatura em incríveis poucas páginas. A obra foi eleita como um dos melhores romances do século XX pela Modern Library List.
Sinopse:
"Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, 'A revolução dos bichos' é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos. Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram 'A revolução dos bichos' a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista. Mais de sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de revolução política. Escrito com perfeito domínio da narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de personagens e situações, 'A revolução dos bichos' combina de maneira feliz duas ricas tradições literárias - a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo."
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