sexta-feira, 2 de abril de 2010

Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954)

Creio que todo homem tem sempre algum mérito para ser declarado herói ou significativo pelo que tenha feito, contudo, serão sempre melhores os homens e maiores os méritos quando estes o fizerem mediante contextos inteiramente desvaforáveis, dos quais desdobramentos como o de colocarem em risco a própria vida, tornem indubitavelmente valorosos seus esforços, sobretudo quando estes preservem e garantam o direito à vida.
Este é o caso do diplomata Luiz Martins de Souza Dantas (1876-1954), sua história impressionante foi resgatada no livro "Quixote nas Trevas" (2002, Record) de Fábio Koifman.
Souza Dantas graduou-se em Direito aos 21 anos, entrando para o Ministério das Relações Exteriores neste período, passando por todos os postos da carreira diplomática quando à época, a capital do Brasil era o Rio de Janeiro, atravessando os conflitos da Primeira Guerra Mundial nomeado interinamente Ministro das Relações Exteriores e, chegar ao posto de Embaixador em 1919, quando então foi designado para representar o Brasil em Roma. De 1924 a 1926 entre outros breves períodos, foi o representante brasileiro na Liga das Nações.

Em 1922, passa a ser o Embaixador brasileiro na França onde permanece até 1944, sendo que registros dão conta de sua atuação a favor dos judeus e refugiados durante a invasão e domínio nazista deste país e quase toda a Europa, isto, já a partir de 1940. É assombroso pensar em sua posição e atuação concedendo vistos de próprio punho, intercendendo diretamente a favor dos perseguidos que eram então (e o seriam depois também no próprio Brasil governado por Vargas). Os mesmos registros comprovam que nada exigia dos que lhe procuravam para pedir vistos e, que os continuou a dá-los mesmo depois de repreendido e proibido, o que o levou a ser "internado" na Alemanha. Vargas após ressentir do destaque dado a Dantas, aclamado como herói à medida que se desenvolvia o conflito e seus desdobramentos, o manteve fora de qualquer espaço com maior evidência onde amargou "ostracismo" rompido com o fim do regime ditatorial vigente no país e, da atuação política de seus colegas de Itamaraty.
Foi pelo mesmo escolhido para ser o primeiro representante a discursar na Primeira Assembléia Geral das Nações Unidas em Londres, entre 10 de janeiro a 14 de fevereiro de 1946.
Por seu notável esforço junto aos judeus e perseguidos, foi em 2003 proclamado "Justo entre as nações".

Nenhum comentário: