segunda-feira, 26 de abril de 2010

Henri-Benjamin Constant de Rebeque (1767-1830)

Henri-Benjamin Constant de Rebeque (1767-1830) é dos pensadores políticos mais originais por sua reflexão e amplitude e, um dos principais pilares do pensamento liberal que por sua cultura e conhecimento contemplou à parte as questões políticas e dos governos a filosofia, história, economia, o direito, literatura e religião.
Nascido na Suíça e de formação protestante, teve sua educação tutelada por escoceses e alemães que influenciaram para que se tornasse mais próximo da tradição liberal anglo-saxão do que de sua própria e mais próxima, a francesa.
O período em de estudos em Edimburgo será o marco em sua formação intelectual e lá, aprende a ler e escrever na língua inglesa com fluência lendo William Blackstone, David Hume, Adam Smith, Adam Ferguson e Dugald Stewart, além de Edward Gibbon, Edmund Burke e William Godwin.
Portanto, o Iluminismo escocês terá grande influência em seu pensamento, tendo transitado também por países como Alemanha além da própria Grã-Bretanha e a Suíça sua natal.
A França contudo é seu lugar de atuação política, participando ativamente da segunda metade da Revolução Francesa (1815-1830) na Assembléia Nacional Francesa, orador e líder que foi da oposição conhecida como "Independentes" (de esquerda liberal). Uma de suas obras mais célebres é o ensaio "Sobre a liberdade dos Antigos comparada com a dos Modernos" (1819) e, é também muito conhecida a rica relação afetiva com Anne Louise Germaine de Stäel - a Madame de Stäel - numa das parcerias intelectuais mais conhecidas da e à época. Foi pela mesma que se impregnou do Romantismo alemão que também o influenciaria ainda mais, quando conheceu Schiller, Göethe e os irmãos Schlegel.
O apuro de seu pensamento e reflexão somada a sólida e vasta cultura deram-lhe conhecimento profundo e amplo sobre história, dotando-o de uma singular interpretação dos modelos políticos-governamentais dos quais analisou, muitas vezes comparativamente, atento as particuldades próprias de cada um em época e contexto, onde afirmativo em suas conclusões e críticas foi favorável a Monarquia Constitucional, embora fosse como Maquiavel (de quem era um ardoroso e fiel leitor) também de convicções republicanas ao mesmo tempo que, crítico a República, principalmente a decadente e vigente na França. Respeitado pelo próprio Napoleão a quem criticou por sua beligerância, teve seu modelo teórico político aplicado no Brasil (1824) e Portugal (1826) com o "poder moderador" dado ao Rei/Imperador, este, na condição do Poder Executivo.
Sua atenção também se voltou para a descentralização política na França de então, restituindo os poderes aos conselhos municipais eleitos, idéia lograda em 1831, tendo igualmente como objeto de suas reflexões a liberdade individual (do qual foi um grande defensor) e da religião muito influenciado por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804).
Sua influência no século XX se presentifica em pensadores como Isaiah Berlim (1909-1997) que, irá redefinir em seus próprios conceitos os de Constant como a "liberdade de" para a "liberdade negativa" e o "liberdade em" para "liberdade positiva" na sua obra "Dois conceitos de liberdade", ecoando o ensaio "Sobre a liberdade dos Antigos..." de Constant.
Pensador que por sua vida e obra perene, confirmam a importância de seu pensamento sempre presente e referência que, apesar de todas as mudanças, permanece atual e vivo na imprescindível política em todos os tempos e lugares.

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