"Gomorra" (2008, Itália, Cor, 137 min) filme de Matteo Garrone baseado na obra do jornalista italiano Roberto Saviano (2008, Gomorra - A história real de um jornalista, ed. Bertrand) é um retrato a nu e cru, sem qualquer glamour narrativo, quer seja cinematográfico ou literário. O filme trata simplesmente de mafiosos matando mafiosos num contexto de denúncia sobre as atividades da Camorra, uma das facções da máfia que imperam na Itália apesar de todos os esforços deste país para combatê-la. Roberto Saviano, jornalista que nela se infiltrou para depois delatar em livro suas atividades e cotidiano, paga desde então o natural preço dos que além de tornarem público o óbvio que todos sabem e conhecem, teve a coragem de dar nome aos bois, e por isso, vivem sob constante proteção do Estado. Desde então como ele próprio afirma: "meu único objetivo é sobreviver", como aliás se vê na recente matéria do caderno MAIS! da Folha de São Paulo. Há na capa do filme algumas alusões ao "Cidade de Deus", talvez por seu trato estético a violência, que no caso, nada tem de belo ou mesmo muito do que refletir, exceto talvez por esse modo de ver o problema como ele é, sem qualquer ficção que o torne "fashion" e por tabela, desejável. Estão lá todas as ramificações criminosas ora mais, ora menos elaboradas com as quais a organização negocia que levantam vultosas somas. E não há nada em que ela não possa "investir" ou influir a benefício de si mesma, sem que se saiba ou exponha seus cappos ou chefes, mas somente através dos tipos criminalóides nem sempre tão delinquentes como due ragazzi mostrados nos muitos tipos no filme, como também os que nunca ou pouco parecem assemelhar, e que no entanto, o são. É sangue com violência barata e banal que se não vivem em favelas num Brasil sob suas peles negras ou mulatas, tipificadas costumeiramente como a dos "tipos marginais", são retratados nos guetos da Nápoles que certamente os turistas não vem (e alguns sequer desconfiam) e talvez, as próprias autoridades não querem que sejam vistos. Apesar da anuência de seus aparatos legais que não resolvem a questão como também é retratado no filme. Esta questão da máfia, claro, complicada e difícil, cuja presença em todos os países e regimes políticos do mundo, comprova que talvez, tal como a cidade bíblica de Gomorra a qual faz referência, só a destruição divina poderá resolver. Ou então, os esforços de muitos Savianos junto de todos nós apenas como a data para começar, sem a ilusão da outra com o término, se é que há, se é que tem. Até lá que Saviano se considere grato por reconhecimentos como o de seu conterrâneo, o escritor Umberto Eco, que o considera um "herói nacional".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário