domingo, 21 de fevereiro de 2010

Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852)

Sua passagem foi tumultuada por aqui. Mas certamente das maiores que podem figurar como saga ou odisséia naquele período em que a Europa se pôs a conhecer as terras novas além das nações da conquista, Portugal e Espanha e, que se não renderam frutos como os da "missão francesa" liderada por Joaquim Lebreton sob os auspícios de Dom João VI, certamente não produziu menos em quantidade e importância. Georg Heinrich Langsdorff (1774-1852) graduado médico (Universidade de Göttingen) seguindo para Portugal para atuar como médico do príncipe Christian de Waldeck (então comandante da armada portuguesa) acabou por lá acabou introduzindo a vacina e por seu grande interesse nas ciências naturais, tornar-se naturalista autodidata. Ao retornar a Alemanha em 1802 tomou parte na expedição russa, sob comando de Adan Johann von Krusenstern destinada a circunavegar o globo. A partir de então seu interesse crescente o leva aos estudos de História Natural do qual o Brasil à época, era dos melhores destinos para tal. Ao retornar da viagem para Rússia, regressará nomeado em São Petersburgo como cônsul ao Rio de Janeiro (1813). Nos anos seguintes, irá liderar expedições pelo Brasil que percorrerarão os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato-Grosso e Pará, acompanhado por estudiosos como Hércules Florence (1804-1879). De personalidade forte que não tolerava os caprichos dos artistas, deu-se uma antipatia recíproca entre ele e os que lhes acompanhavam e, que acabou por gerar a demissão de Rugendas (1802-1858) e a trágica morte de Aimé-Adrien Taunay (1803-1828) afogado na travessia do Rio Guaporé, froteiriço à Bolívia, cuja família acabaria por culpar o Barão alemão e, anos depois, Alfredo d´Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay (1843-1899) e sobrinho do pintor, contribuiria para afamá-lo como um "monstro", no personagem do naturalista insano de seu romance "Inocência". Dentre outros destaca-se também a presença do astrônomo, cartógrafo e militar russo Néster Rubtsov.
De todos os desafios e trabalhos, o próprio Langsdorff seria vitimado pela malária que lhe afetaria o cérebro a tal ponto de não se lembrar de ter estado no Brasil, país que sua presença contribuiu para figurar como dos mais expressivos e importantes na histórias das ciências naturais ao lado de outros como Humboldt e Darwin.

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A mostra "Expedição Langsdorff" será aberta na próxima terça-feira, 23 de fevereiro na sede do Banco do Brasil de São Paulo e, depois, seguirá pelo país com exposições em Brasília (maio) e Rio de Janeiro (agosto). Reunindo 156 desenhos, pinturas e mapas produzidos pela comitiva do Barão, o acervo pertence a instituições russas e boa parte é inédito no país.

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