Certamente só uma grande obra pode ser vitimada por plágios, cópias, falsificações, apropriações e deturpações ou ao menos, geralmente, como comprova a história. E assim se deu com "Dom Quixote de La Mancha", o clássico de Miguel de Cervantes poucos anos depois de lançar sua obra (1605) para em 1614, por conta do sucesso da obra, Alonso Fernandez de Avellaneda (1989, Itatiaia) produzir sua "continuação" conhecida como "El Quijote apócrifo" ou "O livro apócrifo de Dom Quixote" que por sua vez, precipitará a retomada da mesma pelo próprio Cervantes (1615).
Contudo, há de citarmos aqui sem delongas que a questão da autoria do Quixote é controversa em si mesma... lá está Cide Hamet Benegueli que, em meio aos caminhos de Alcalá de Toledo encontra alfarrábios narrando em árabe as façanhas de um delirante cavaleiro espanhol... ou seja, afinal, quem é o autor do Quixote?
Se a história bem registrou o surgimento do apócrifo, permanece em aberto a "autoria" do autêntico.
Acaso será Avellaneda com o qual o próprio Cervantes incluiu em sua segunda parte personagens do apócrifo para confrontá-los com os de seu autêntico um "co-autor" ou, haverá por acaso outros tantos dos quais a própria variedade com que aparece o nome de Quixote (Quesada, Quijano, Quejada, etc) como que numa miríade de autores desta obra, talvez tão genial, à ponto de ser difícil de lhe identificar-lhe o próprio autor?
Talvez o único apócrifo ao final como cada leitor que se crê "imune" das ficções da literatura, outra mera realidade tão verossímil quanto qualquer boa história e personagem.
Um comentário:
Oi Léo, importa afirmar que, na verdade, não é Cide Hamete quem encontra os alfarrábios em Alcalá de Toledo, e sim o narrador da história que, em meio a alfarrábios e papéis velhos vendidos, encontra a "História de Dom Quixote de La Mancha", escrita em árabe por Cide Hamete Benengueli, o historiador arábigo (cap. IX, Parte I). A autoria da narração das aventuras de Quixote torna-se assim ainda mais enigmática com esse recurso, o que, ao mesmo tempo, contribui para a aura de autenticidade das mesmas, que deveriam estar "na memória das gentes".Prepare as espadas, Cavaleiro e até amanhã, Cíntia
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