quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Enfermaria Nº 6


Candidato russo ao Oscar 2010, Enfermaria No. 6, baseado em uma história de Tchekov, é um filme curioso que, empregando a relação entre um psiquiatra e seu paciente num hospício, não tem o menor receio de empregar boa parte de seus 83 minutos de duração enfocando discussões filosófico-existenciais que não só revelam bastante sobre aqueles personagens como ainda oferecem ao espectador um farto material para reflexão após o fim da sessão.

Adaptado pelos diretores Aleksandr Gornovsky e Karen Shakhnazarov, o roteiro tem início com uma breve história do hospício que abrigará boa parte da narrativa, desde o século 17 até os dias de hoje – e este caráter documental se mantém nas entrevistas com pacientes que revelam para a câmera seus sonhos e aspirações enquanto mal podemos deixar de observar seus dentes invariavelmente apodrecidos. Esta estrutura pseudo-documental, aliás, acaba se revelando apropriada para que os cineastas transponham passagens expositivas feitas pelo narrador, no texto original, para as falas dos personagens, que confessam, sem aparente receio, os absurdos que cometeram no passado ou a inveja que sentem de determinado indivíduo.

É claro que, pontualmente, Enfermaria No. 6 abandona sua estrutura para adotar uma narrativa ficcional mais convencional, quando a câmera se torna invisível para os personagens e a montagem assume um caráter clássico, com cortes, contra-planos e afins – mas se isto soava estranho e artificial em Distrito 9, por exemplo, aqui acaba funcionando por ser empregado apenas em flashbacks, como se estivéssemos assistindo a recriações específicas de determinados incidentes. Da mesma forma, os diretores conseguem estabelecer um forte contraste entre a calma do hospício e do vilarejo no qual este se encontra e o caos sonoro de Moscou, que, quando surge, assusta o espectador com sua natureza de metrópole, fortalecendo nossa impressão de que o que víramos até então poderia perfeitamente ter ocorrido em outra época, não no presente, conferindo uma natureza atemporal à narrativa.

Investindo num conceito que, embora clichê, ainda pode se mostrar bastante eficaz (a sensatez dos “loucos” versus o desajuste dos “sãos”), o filme advoga a importância do pensamento original mesmo que este torne seus autores malquistos para um mundo que parece aplaudir o conformismo e a mentalidade de turba. E é uma pena, portanto, que a forma adotada pelo roteiro para discutir este tema acabe se desgastando mais rapidamente do que o esperado – algo que fica claro no plano final, que surge frustrante por soar como um pensamento mal-acabado. Como o próprio filme, no fim das contas.


Enfermaria No. 6 (Palata No. 6, Rússia, 2009).

Dirigido por Karen Shakhnazarov.

Com: Vladimir Ilyin, Aleksey Vertkov.

"Unos días en Brasil", de Adolfo Bioy Casares

"Y un día, en medio de la selva, un arquitecto levantó una ciudad. Cuatro años después ese experimento urbano fue declarado capital de Brasil, y ahí estaba Adolfo Bioy Casares para ver de qué se trataba el asunto. Aprovechando una invitación del PEN Club, fatigó las calles de Brasilia, Rio de Janeiro y San Pablo, y vertió sus impresiones en un breve cuaderno de notas. De vuelta en Buenos Aires, imprimió las fotos que él mismo había capturado y editó todo junto en una edición de 200 ejemplares para regalar a los amigos. Cincuenta años después, la editorial La Compañia rescata esos trazos y lo edita, a principios de septiembre, con el título 'Unos días en Brasil. Diário de un viaje'".

Fonte: Revista Cultural Ñ, 28.08.2010

Tradução livre ao português:

A invenção de Morel


Considerado por muitos a maior narrativa de amor da Literatura, "A invenção de Morel" é a obra-prima do escritor argentino Adolfo Bioy Casares, amigo íntimo de Borges e também personagem do conto "Tlön, Uqbar, Orbis Tertius" deste último. O romance é na verdade o diário íntimo de um fugitivo da justiça que foge para uma ilha deserta que, devido a uma estranha peste, já havia dizimado inúmeras vidas. Estranhas imagens de visitantes aparecem e desaparecem aleatoriamente para o protagonista que, por sua vez, acaba se apaixonando por uma delas, conhecida como Faustine. Apesar de todos os rogos e apelos do fugitivo, Faustine não lhe dispensa atenção alguma, permanencendo-lhe indiferente e só se comunicando com os outros visitantes. "A invenção de Morel" apresenta elementos tanto da ficção científica (já evidente no nome que é uma homenagem ao Dr. Moreau de H.G.Wells) quanto da literatura fantástica. Borges, no prefácio deste livro, não hesita em dizer que "tal obra é perfeita".

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O deserto dos Tártaros


Reconhecido como a obra-prima do escritor italiano Dino Buzzati, o romance "O deserto dos Tártaros" narra a vida do jovem tenente Giovanni Drogo que é enviado a um forte isolado no limite da fronteira de seu país, onde os soldados ficam a contemplar a planície deserta que os cercam, aguardando o ataque improvável dos Tártaros. Com o passar do tempo, Drogo vê-se seus gestos e atitudes se tornarem mecânicos e repetitivos, convertendo-se praticamente num autômato. Embora tenha sido comparado a princípio com Franz Kafka, Dino Buzzati criou o seu próprio estilo narrativo que, embora apresente as contradições e absurdos kafkianos, enxerga ao longe uma esperança para a condição humana. O romance também foi adaptado para o cinema pelas mãos do diretor Valerio Zurlini em 1976.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Museo de La Pasión Boquense: considerações de quem não viu

Os museus muitas vezes são vistos como locais da "alta cultura", destinados a fazer a guarda de objetos considerados históricos e, nessa concepção, seus acervos são visitados/desfrutados por uma pequena parcela da população. Tal imagem seguramente contribui para a associação do museu com a ideia de "coisa morta" e, de igual modo, incita a uma revisão do espaço museológico. Há, inclusive, quem fale em museu vivo, propondo com tal conceito novas práticas que visem  aproximar o museu da população.

Não sei se os chamados museus despotivos poderiam ser enquadrados como "museus vivos". Até porque a simples classificação de tais espaços como museus nos coloca questões interessantes, como:

* qual o "valor histórico" da bola com que um atacante fez o gol da vitória em uma final disputada? 
* é realmente necessário manter tais objetos em um tempo que as mídias "registram" tudo? 
* o acervo de tais museus não se apresenta "restrito", uma vez que cobra interesse para apenas um grupo específico de pessoas (no caso os torcedores do clube)?

Feitas essas pequenas e canhestras observações, passo a apresentar o Museo de La Pasión Boquense. Este espaço, mantido pelo clube argentino Boca Juniors, pode incluir-se na categoria dos museus desportivos e, como tal, é apontado como um dos pontos turísticos de Buenos Aires.

Situado nas dependências do estádio conhecido como "La Bombonera", no bairro de La Boca; é um dos poucos lugares na capital portenha que não pode ser acessado por metrô. Para chegar até lá, é preciso tomar o ônibus 64, que tem uma tarifa de $1,50 (1 peso e cinquenta centavos; aprox. R$ 0,75). Tarifa esta que deve ser paga em moedas.

Chegando ao museu, você pode se assustar com o preço da entrada - $ 30 (trinta pesos argentinos, aprox. R$ 15,00) -, que é um pouco superior ao cobrado em outros museus, e achar que troféus, bolas e camisas não correspondem ao preço ou pode pagar e desfrutar de "lindos e emocionantes momentos da história do futebol". Caso você, como eu, fique com a primeira opção, saiba que há outras atrações em La Boca para serem conferidas.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tchekhov no Cinema.

No âmbito da obra do mês A Dama do Cachorrinho  de Anton Tchekhov, julgo interessante ressalvar a presença da mesma no cinema.
The Lady With the Dog  realizado no ano de 1960, pelo cineasta soviético Iosif Kheifits é uma das principais adaptações deste conto para os cinemas.

Porém, diversas foram as adaptações sofridas pelo conto do autor russo. Actualmente, através de Peter Campbell a sua história conheceu os palcos tendo também ,sido escrita  a sua versão para ópera recentemente.

"O Silêncio dos livros"










Um blog com uma proposta muito interessante é "O silêncio dos livros".
Acesse:

domingo, 19 de setembro de 2010

"Projeto Brasiliana Eletrônica"


Com o objetivo de digitalizar e disponibilizar os 415 volumes, a Coleção Brasiliana, empreendimento coordenado pelo historiador Israel Beloch que produziu mais de 6 mil verbetes e 5 mil biografias das mais importantes personalidades políticas do período e, também, artigos temáticos referentes à história contemporânea do Brasil. As obras já digitalizadas são disponibilizadas em duas versões: fac-símile da edição original e o texto correspondente com ortografia atualizada.
O portal é desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com apoio do Ministério da Educação (MEC) entre outros parceiros e, planeja concluir os trabalhos nos próximos 2 anos.
A Coleção Brasiliana inicialmente foi publicada pela Editora Companhia Nacional entre os anos 1931 e 1993, reunindo relatos de brasileiros e estrangeiros que, somados, formam amplo retrato da história do Brasil sob diversos aspectos e ângulos.
Acesse:

"Prêmio Biblioteca Nacional"

Termina nesta segunda, dia 20, as inscrições para o Prêmio Biblioteca Nacional com as categorias: Poesia, Romance, Conto, Ensaio Literário e Ensaio Social, Tradução, Projeto Gráfico e Literatura Infantil e Juvenil.
É permitindo concorrer com produções inéditas publicadas entre 1° de setembro de 2009 a 31 de agosto de 2010.
Acesse:

sábado, 18 de setembro de 2010

Coleção Folha: "Livros que mudaram o mundo"



Já nas bancas todos os domingos por R$ 15,90, a Folha de São Paulo traz mais uma coleção com boas obras intitulada: Coleção Folha - "Livros que mudaram o mundo: 20 volumes que revolucionaram o modo de pensar em diferentes áreas."
Acesse:

Os presidenciáveis e seus livros preferidos

Em matéria saída hoje no caderno Prosa & Verso do jornal "O Globo", os candidatos a presidência do Brasil no pleito que se aproxima, relataram alguns de seus livros preferidos. Aliás neste sentido o país não poderá se queixar quanto ao eleito, seja ele qual for, pois todos são realmente leitores, gostam de ler.
Marina Silva (PV) citou "O escravismo colonial" de Jacob Gorender, "O herói de mil faces" de Joseph Campbell, "Cidade de Deus" de Santo Agostinho, "Os idiomas do aprendente" de Alicia Fernández, "Os mistérios da Trindade" de Dany-Robert Dufour, "Nomes-do-Pai" de Jacques Lacan além dos naturalistas Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix.
Dilma Rousseff (PT): de João Guimarães Rosa "Grande Sertão: Veredas", Marcel Proust "Em busca do tempo perdido" e o escritor russo Dostoiévski.
Plínio de Arruda (PSOL): toda a obra de Celso Furtado (a quem considera "completo"), Caio Prado Jr., de Florestan Fernandes "A revolução burguesa no Brasil", mais os autores Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Gabriel García Márquez, Guimarães Rosa e Dostoiévski com duas obras: "Irmãos Karamazov" e "Crime e Castigo".
Já José Serra (PSDB) destacou as de Machado de Assis "Contos de Natal", "Dom Casmurro", "Quincas Borba", "Memórias póstumas de Brás Cubas" além dos escritores Nelson Rodrigues, Charles Dickens e como outros candidatos: Guimarães Rosa e Fiódor Dostoiévski, os autores estrangeiro e nacional mais citados.
Segundo o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto, não há coincidência na citação de "Grande Sertão: Veredas" de Guimarães Rosa, esta, por ser uma obra "de grande identidade nacional" e que "mostra a cara do Brasil".

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mais um pouco de Tchekhov

Uma das minhas obras preferidas, a leitura do conto “A dama do cachorrinho” de Anton Tchekhov provocou em mim profundas impressões acerca da forma de escrever do autor. Por sua escrita concisa, simples e direta, adequada ao estilo do conto, tive a percepção de um escritor com olhar aguçado e atento à realidade que o cercava. Talvez por sua escrita quase jornalística, em que descreve os tipos característicos da época, mas também por sua obra marcada pela síntese e pela sugestão.
Matéria da Folha Online (04/07/2010) descreve o autor da seguinte maneira: “Clinicamente, como o médico praticante que foi, Tchekhov observa e anota os sintomas que ausculta no corpo social gangrenado. Não lhe cabe tomar partido, nem ceder à tentação de opinar. Sua função é coletar os dados que os sentidos apuram. Seus contos são anamneses, às vezes inconclusivas.”
No conto, o que mais me chamou a atenção foi a construção do relacionamento amoroso entre Guróv e Anna, que se inicia com um envolvimento passageiro, reflexo de como Guróv via as mulheres, como raça inferior. Além do que, tinha para si que a aproximação com elas era uma mera aventura, que depois se convertia em um verdadeiro problema. Porém, é necessário perceber que após o encontro com Anna, Gúrov habituado a trair a mulher sem se envolver com seus casos, mudou da água para o vinho quando encontrou sua dama, vivendo uma paixão verdadeira, coisa que ele nunca tinha vivido.
 Indo, talvez, longe na minha necessidade de justificar esse comportamento da sua personagem, fui buscar na história do próprio autor as origens desse sentimento em relação às mulheres. Na biografia Anton Chekvov: A life (1997)”, do professor de literatura russa Donald Rayfield pode-se notar pontos interessantes para começar a traçar uma verossimilhança entre autor (Tchekhov) e personagem (Guróv), já que no ponto de vista do autor russo, “as relações românticas colocavam muitos obstáculos à liberdade do ser humano - homem ou mulher - e também, claro, do artista. Logo, ele só queria saber de casos leves e ligeiros, sem paixões obsessivas, sem exageros emocionais. Isso não significa que só buscasse sexo no chamado sexo frágil; ele não caía era em mitos como este. Era ciente de que a maioria das mulheres - como a maioria dos homens - confunde intimidade com intimação, esperando do parceiro uma devoção perene e perfeita, a preencher o oco alheio com a mera repetição de clichês verbais ou gestuais”.
No livro, Tchekhov chega a ser descrito como misógino*, conquistador de mulheres e que não estendia seus relacionamentos. O que poderia ser comprovado pelo fato de que somente aos 41 anos, já doente e melancólico, casou-se com a atriz Olga Knipper, vindo a falecer três anos depois. Mas, aqui faço uma ressalva de que o processo criativo não pode se restringir apenas a essa possibilidade, sendo que a criação literária transcende essa relação autor x personagem.
Destaco também o final da obra, que é um dos mais bonitos que já li: “Tinham a impressão de que mais um pouco e encontrariam a solução e, então, começaria uma vida nova e bela; todavia, em seguida, tornava-se evidente para ambos que o fim ainda estava distante e que o mais difícil e complexo apenas se iniciava. . .” Rompendo com o conto tradicional, com princípio, meio e fim, Tchekov aqui nos presenteia com um belo exemplar do conto moderno, caracterizado pelo final inconclusivo, que apenas sugere o que acontece no final, deixando para o leitor completar a história. Eu já completei a minha, e vocês? 

*Aquele que tem aversão às mulheres. 

"Mostra de Animação com Sotaque Francês"


Em homenagem a nosso colega Aílton, mais uma expressão do "milênio da França no Brasil" que ocorre em Jotaefê.

O projeto Cinemamm do Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM) apresentará a partir do próximo dia 19, e em todos os domingos até 31 de outubro, a mostra Matinê no MAMM: Animação com Sotaque Francês.
Em diálogo com o tema das exposições Le sacre moderne: a sagração moderna e Doce França – Recortes da vida privada no Museu Mariano Procópio, em cartaz no MAMM, que abordam a influência da cultura francesa, o Cinemamm reúne produções em língua francesa, realizadas tanto na França quanto em outros países, como Canadá, Bélgica e Portugal.
As sessões acontecerão sempre às 16h, no Museu de Arte Murilo Mendes, na Rua Benjamim Constant, 790, Centro.
Todos os eventos culturais do MAMM têm entrada franca.

Programação:

Au Bout Du Monde (de Konstantin Bronzit – França/ 1999/ 35 mm/ 7min 45seg): O cotidiano de uma família numa choupana no topo de uma montanha. Inúmeras aventuras em 24 horas. Comédia.

Overtime (de Oury Atlan, Thibaut Berland, Damien Ferrié – França/ 2004/ 4min 55seg): Inspirado no cinema noir, um grupo de fantoches manipula a vida um ser humano. Drama crítico. P&B.

História Trágica com Final Feliz (de Regina Pessoa - Canadá, França, Portugal/ 2005/ 7min 20seg): Animação de inspiração expressionista, conta a história de uma menina cujo coração de pássaro batia mais rápido e mais alto do que o das outras pessoas. P&B

Le Portefeuille (de Vincent Bierrewaerts - França, Bélgica/ 2003/ 10min 30seg): Os diferentes destinos de um homem narrados simultaneamente a partir do episódio de uma carteira encontrada na rua.


Outras informações:
Pró-reitoria de Cultura – (32) 2102-3964
Museu de Arte Murilo Mendes – (32) 3229-9070

Boris Schnaiderman: tradutor

Boris Schnaiderman (1917) ucraniano nascido no ano da Revolução Russa, viveu vida singular que da Rússia ao Brasil testemunhou a filmagem de um clássico cinematográfico "O Encouraçado Potemkin" de Sergey Eisenstein, lutou na Segunda Guerra Mundial ao lado da FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lhe inspirou o romance "Guerra em Surdina" (2004, Cosac Naify).
Por sua origem e posições políticas, esteve às voltas em problemas com o Estado repressor vigente no Brasil, motivo pelo qual chegou a ser preso em sala de aula.
Apesar de graduado em Agronomia, foi o primeiro professor de Letras russas da USP (Universidade de São Paulo) em 1960, traduzindo desde então entre outros Fiodor Dostoiévski, Leon Tolstói, Anton Tchekhov, Máximo Gorki, Bóris Pasternak, Alexander Púchkin e Vladimir Maiakovski.
Até então as obras da literatura russa chegavam ao Brasil geralmente via edições francesas, o que em muito as alteravam e que, Schnaiderman, resolve satisfatoriamente as traduzindo diretamente do russo.
Suas traduções primorosas são editadas (a maioria) pela editora 34 foram reconhecidas com o Prêmio de Tradução da ABL (Academia Brasileira de Letras) em 2003, além da medalha Púchkin conferida pelo Governo Russo, em 2007, por sua inestimável contribuição a divulgação da língua e cultura russa.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

EntreLivros: "Rússia redescoberta"

A revista EntreLivros (que infelizmente não é mais publicada) dedicou um número a literatura russa - "Rússia Redescoberta" (edição n°4) com seu dossiê:"Novas edições redescobrem Tolstói, Dostoiévski e Tchekhov".
Vale lembrar que os anos de ditadura militar no Brasil e América Latina em sua obsessiva luta contra o "comunismo", também influenciaram na recepção, interpretação e circulação das expressões literárias (assim com qualquer outra) que vinham do leste, por detrás da então "cortina de ferro". Contudo a força perene da palavra e da beleza como se vê e lê, sempre superará a ignorância ideológica que letrada (ou não), apenas retarda o inevitável e justo reconhecimento.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Cadernos EntreLivros: "Panorama da Literatura Russa"

Apesar de poucas, existem algumas publicações válidas para introdução aos autores e contextos da língua e cultura Russa, logo, de Tchekhov, autor do mês.
Uma destas é a edição da finada (que saudade!) EntreLivros "Panorama da Literatura Russa" da série "Cadernos EntreLivros" da Duetto Editorial, trazendo biografias contextualizadas, cronologia ilustrada, sinopses, perfis dos personagens, seleção das melhores traduções entre outras relevantes e úteis informações.
Todas valiosas para o empreendimento da leitura de clássicos como "A dama e o cachorrinho" que debateremos no próximo sábado, assim como toda a obra de Tchekov e de outros grandes autores desta inestimável tradição literária do leste europeu.
Sinopse:
"O segundo número de Cadernos EntreLivros, série de quatro edições que traz um panorama da literatura na Inglaterra, na Rússia, nos Estados Unidos e na França, retrata em 100 páginas a produção literária russa, do período kieviano aos dissidentes do stalinismo. Século XIX - Fundadores e gênios. Dos pioneiros Púchkin e Gógol, que iniciaram o diálogo entre as tradições russas e cultura dos países ocidentais, aos gênios Tolstói e Dostoiévski, cuja produção foi marcada pela tensão entre o desejo de mudanças sociais e a repressão do regime autoritário do período. Século XX - O século soviético. A Revolução Russa de 1917 provocou um debate entre os que acreditavam ser o momento de uma nova arte, uma vez que toda a organização social do país mudara, e os que não queriam virar instrumentos de propaganda ideológica. Nesse contexto, as vertentes da literatura se refletem em Maiakóvski, Górky e Akhmátova."

* A publicação ainda pode ser encontrada em sebos ou no site http://www.lojaduetto.com.br/

"Cuestión de Principios"

Para aqueles que acreditam que na Argentina só se produz gente convencida, carnes e vinhos, devo dizer que também se produzem bons filmes. "Cuestión de principios" (Argentina, 2009, 115 min.) é um bom exemplo do que estou dizendo.

Baseado em um conto do escritor rosarino (da cidade de Rosário, Argentina) Roberto Fontanarrosa, o filme conta a história de Castilla, um empregado exemplar que mantém-se firmemente atado a seus princípios.

A trama se arma a partir de algo simples. Silva (yuppie que assume a gerência da empresa onde Castilla trabalha) coleciona uma antiga revista espanhola e lhe falta um número para completar sua coleção. Por casualidade, Castilla possui o que lhe falta, porém não está disposto a vendê-lo porque neste exemplar está uma foto de seu pai com o rei de Espanha e a revista tem para ele um valor sentimental.

Os escrúpulos do velho Castilla desconcertam o gerente que faz de tudo para forçá-lo a vender a revista, inclusive apelar para a esposa de seu funcionário, a quem os principios do marido incomodam muito por forçá-la a uma "vida de privações".

Vale a pena conferir o que ocorre antes de que Castilla "se decida" a vender a revista e o que vem depois. Não que faça mistério (até porque é uma comédia), mas seria uma pena estragar o final da história contando-o aqui. Para quem tiver interesse, indico a página oficial do filme: http://www.cuestiondeprincipio.com.ar/

Traducción al castellano:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Sonho de um sonho" - Unidos de Vila Isabel, 1980

Sonho de um sonho, obra apresentada pela Unidos de Vila Isabel em 1980 mantém uma relação intertextual com um poema homônimo de Carlos Drummond de Andrade publicado muitos anos antes no livro Claro enigma (1951). Composto por Martinho da Vila, Rodolpho e Graúna o samba, como o poema drummondiano, se apóia no recurso literário da "mise-en-abyme", ou, trocando em miúdos, temos um sonho ocorre dentro de um outro sonho, que ocorre dentro de outro sonho e assim sucessivamente.

Esses sonhos superpostos e emaranhados, aliados ao fato de o samba ter sido composto a partir de um poema, permitem o uso de uma linguagem altamente expressiva que resulta em um samba lírico, no qual é possível destacar a beleza de versos como "Na limpidez do espelho só vi coisas limpas/Como uma Lua redonda brilhando nas grimpas". Abaixo disponibilizo para audição o samba-enredo em questão em gravação do próprio Martinho da Vila.

domingo, 12 de setembro de 2010

Антон Павлович Чехов (1860-1904)

Anton Pavlovich Tchekhov é o autor da obra escolhida para o mês de Setembro - o conto "A Dama do Cachorrinho" (1899). Nascido em Taganrog, uma cidade no sul da Rússia, em 29 de Janeiro de 1860, é considerado o escritor clássico russo responsável pela inauguração dos caminhos para literatura contemporânea, além de ter influenciado profundamente a prosa e o drama do século XX.
Filho de Pável Iegórovitch e Evgenija Jakovlevna e terceiro dos seis irmãos, descende de família pobre (seu avó fora servo até os 16 anos de idade de seu pai) e, na segunda metade dos anos de 1870, vê sua família mudar-se para Moscou, fugindo da falência em sua cidade natal.
Sozinho em Taganrog para concluir o Liceu, começa a escrever seus primeiros contos humorísticos e um pequeno drama conhecido como "Uma peça sem nome" ou "Platônov". Em 1879, aos 19 anos, parte para Moscou e inicia os estudos de medicina, além de dividir seu tempo com a escrita e publicação em várias revistas de Moscou e São Petersburgo. Capturando o microcosmo cotidiano em seus contos, o tema dominante nesta fase de sua produção parece ser o da ridicularização da normalidade e do bom senso vulgares, adepto da descrição curta e precisa.
Em 1884 forma-se em medicina e dá início a uma nova fase em sua obra, afastando-se dos contos humorísticos e mergulhando no essencial da existência humana. Publica, em 1888, a novela "A estepe", traçando um retrato da planície e dos tipos humanos da Rússia a partir da percepção de seu personagem central, o garoto Iegóruchka. Neste mesmo ano recebe também o prêmio Púchkin, maior laúrea literária concedida pela Academia de Ciências.
À esta altura, já possuindo fama, reconhecimento e recursos, vê sua tuberculose agravada e, em 1889, a morte de um de seus irmãos parece o estopim para que dê início a uma série de viagens pelo país, no ano seguinte, incluindo uma temporada de cinco meses na ilha de Sacalina, local de desterro para forçados e prisioneiros. Atua como médico, fazendo um levantamento da população e sua vida que, posteriormente, serão registrados no livro "A ilha Sacalina".
Já de volta à Russia, contribuiu com os honorários de suas obras nas campanhas de recolhimento de fundos para as vítimas da seca no leste da Rússia, além de ir pessoalmente, em janeiro de 1892, Niznij Novgorov, uma das cidades afetadas, e publicar seus relatos na imprensa, chamando a atenção para as condições da população. Tchekhov repete este trabalho em pelo menos mais duas ocasiões, por conta da cólera, além de participar de grêmios locais (zemstvo) em campanhas de informação sanitária e como médico.
Em 1892 adquire uma propriedade em Mélikhovo, uma vila a 70km de Moscou, onde volta a viver com a pais e irmãos. Ali passa seis anos trabalhando como médico no atendimento aos camponeses e ajudando no combate à epidemia de coléra, além de construir escolas para as crianças locais. A produção literária deste período é também das mais significativas, com os contos "Enfermaria nº 6", "Estudante" e "Os homens".
Inovador também na arte dramática, seus textos representam um ponto de partida para o novo drama que passa a ser encenado no Teatro de Arte de Moscou, sob a influência de Konstantin Stanislávski e Vladimir Nemiróvitch-Dântchenko. Dentre as peças mais famosas, temos "Tio Vânia" (1899), "As três irmãs" (1901) (que ganhou também uma versão cinematográfica) e "O jardim das cerejeiras" (1904).
A partir de meados dos anos de 1890 passa a manter a biblioteca de sua terra natal, torna-se curador de duas escolas, além de financiar a construção de outras duas, em cidades do interior, e apoiar uma sociedade de apoio a pacientes após a hospitalização.
Em 1896 surge a obra "A minha vida" e, em 1897, "Os camponeses", que testemunham a ruptura com as visões utópicas e românticas comuns nestes anos na Rússia. Tchekhov morre na cidade alemã de Badenweiler, em 1904, vítima da tuberculose.
Para concluir essa apresentação biográfica do autor que extraiu do prosaico uma narrativa capaz de nos surpreender e, ao mesmo tempo, fazer refletir sobre a vida humana, uma frase de Macha, uma das personagens de "As três irmãs":
"Ou sabemos por que estamos vivendo, ou tudo é uma bobagem e nada importa"

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

"The Cambridge Companion to Chekhov"


Para os interessados, mais um achado sobre o autor do mês.
The Cambridge Companion to Chekhov (2000)
Vera Gottlieb & Paul Allain (Eds.)
Paperback Book, 328 pages
ISBN-10: 0521589177
ISBN-13: 9780521589178

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"This volume of specially commissioned essays explores the world of Anton Chekhov and the creation, performance and interpretation of his works. The Companion begins with an examination of Chekhov's life and his Russia. Later film versions and adaptations of Chehov's works are analyzed, with insights also offered on acting Chekhov, by Ian McKellen, and directing Chekhov, by Trevor Nunn and Leonid Heifetz. The volume provides essays on special topics such as Chekhov as writer, Chekhov and women, and the Chekhov comedies and stories."

"II FELICA - Festival Literário de Cataguases"


Começou ontem e vai até dia 11 de Setembro, o II Festival Literário de Cataguases. Procurando repetir o bom resultado do ano passado e fazer jus a tradição literária e cultural da cidade, a programação desse ano traz oficinas literárias, palestras e lançamentos de livros.
A abertura do evento contou com a palestra "Poeta, que país é este?", de Affonso Romano de Sant'Anna e o relançamento de seu livro, quase homônimo, "Que país é este?", publicado pela primeira vez em 1980 e ainda terrivelmente atual.

Daqui a pouco, será a vez da oficina literária com Ronaldo Brito Roque, às 15:30h, no Centro Cultural Humberto Mauro. Mais à noite, às 19h, acontecerá a mesa de debates com o tema "Literatura e Política", com José Antônio Pereira, Emerson Cardoso, Vanderlei Pequeno e Zeca Junqueira, no mesmo local.
Às 20:30h é a vez de Carlos de Brito Melo e Ronaldo Brito Roque falarem sobre "O ato da escrita também é uma forma de libertação ou um auto-exílio?" e do laçamento do livro "Romance Barato", de Ronaldo Brito Roque.

Na sexta (10/09), o dia começa com a oficina literária de Carlos de Brito Melo, às 15:30h, e segue com a mesa "Alunos leitores, alunos autores: um diálogo entre educação, escrita literária e sentidos", com José Antônio Oliveira de Resende, Roginei Paiva da Silva e Sonia Moraes Haddad (19h) e o lançamento da obra "Palavra limada – a carpintaria dos sentidos", de José Antônio Oliveira de Resende, Roginei Paiva da Silva e Sonia Moraes Haddad. Às 20:30h, mesa com os poetas Nicolas Behr (lembram? "Sou de Brasília, mas juro que sou inocente") e Alexei Bueno, "De onde vem a inspiração do poeta do século XXI?" e o lançamento do livro "Poesília", de Nicolas Behr.

Dia 11/09 João Silvério Trevisan inaugura a manhã com sua oficina literária (10h) e Marcelino Freire comanda a da tarde (15:30h).

Às 19h, Joaquim Branco, Ronaldo Werneck, P.J. Ribeiro e Fernando Abritta dividem a mesa com o tema "A geração dos anos 1960/70 e o centenário de Rosário Fusco" e lançam os livros "Um terno tirado do fundo do armário" (P. J. Ribeiro), "umÁrvore" (Fernando Abritta), "Totem e as vanguardas dos anos 1960/70" (Joaquim Branco) e "Há Controvérsias" (Ronaldo Werneck).

Carlos Herculano Lopes, João Silvério Trevisan e Marcelino Freire encerram o Festival, com a mesa "Os desafios de fazer ficção a partir de uma outra história", às 20:30h, no Centro Cultural Humberto Mauro.

Para não perder nada, http://twitter.com/felica2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

"Dia Internacional da Alfabetização - International Literacy Day"

O dia 08 de Setembro foi escolhido pela UNESCO, em 1965, como o Dia Internacional da Alfabetização. O objetivo desta iniciativa é destacar a importância da alfabetização para indivíduos, comunidades e sociedades, através do estabelecimento de políticas e metas de combate ao analfabetismo.

Segundo dados atuais da UNESCO, um em cada seus adultos (sendo 2/3 de mulheres) não são alfabetizados, situação que se repete para 67,4 milhões de crianças, em todo o mundo.

Dados do "Relatório de Monitoramento Global sobre Educação para Todos" (2008), da UNESCO, indicam que o sul e o oeste da Ásia têm a menor taxa regional de alfabetização de adultos (58,6%), seguido pela África sub-saariana (59,7%) e por países árabes (62,7%). O relatório mostra ainda uma clara relação entre o analfabetismo e os países em situação de pobreza severa, e entre o analfabetismo e o preconceito contra mulheres.

As comemorações do Dia Internacional da Alfabetização de anos anteriores já adotaram temas como "Alfabetização e saúde", com ênfase em doenças transmissíveis, e "O poder da alfabetização". Em 2010, o tema "Alfabetização e o Poder das Mulheres", a discussão pública e o lançamento de uma nova Rede de Alfabetização da UNESCO são os destaques das celebrações do Dia Internacional da Alfabetização, no Brasil.

Para sensibilizar o público para o extraordinário valor da palavra escrita e da necessidade de promover uma sociedade letrada, a UNESCO criou também o programa "Escritores pela Alfabetização", que conta com o apoio de autores como Margaret Atwood, Paul Auster, Cristovam Buarque, Paulo Coelho, Fatou Diome, Nadime Gordimer, F. Sionil José, Alberto Manguel, João Ubaldo Ribeiro, Guillermo Schavélzon, Wole Soyinka, Moklòs Vàmos, Abdourahman A. Waberi, Wei-Wei e Banana Yoshimoto.

Mais informações:
http://www.unesco.org/es/literacy/
http://www.unric.org/pt/actualidade/29076-mensagem-do-secretario-geral-da-onu-dia-mundial-da-alfabetizacao

"Cultura Viva"

"O Laboratório de Estudos Culturais de Software do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) passa a fazer parte do Laboratório de Cultura Viva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A iniciativa faz parte do programa Cultura Viva, desenvolvido pelo Ministério da Cultura, e tem como objetivo ampliar e garantir o acesso ao meio de produção, fruição e difusão da cultura.

O programa do Governo Federal é constituído por várias ações, entre elas, os Pontos de Cultura, que são iniciativas que envolvem comunidades em atividades de arte, cultura, educação, cidadania e economia solidária. Para conectar e articular os Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil foram criados os chamados Pontões, que recebem uma verba por meio de editais públicos para a realização de projetos. A UFRJ, que já tinha um Pontão coordenado pela professora Ivana Bentes, recebeu financiamento está desenvolvendo um Laboratório de Cultura Viva em parceria com a UFJF.

O professor do IAD e da Pós-graduação em Comunicação da UFJF, Cícero Inácio da Silva, conta que será criado um site onde serão postados trabalhos de vários produtores culturais independentes do Brasil. Um grupo de pesquisa está sendo formado para atuar na criação de conteúdos para esta plataforma on-line e na elaboração de materiais para compor os editais que o site também vai oferecer. Para Cícero, “é interessante a criação de uma plataforma para veiculação de conteúdos produzidos pela própria sociedade”.
Outras informações: 2102-3350 (IAD-UFJF)"

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Fonte: http://www.ufjf.br/dircom/?p=30079

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Livraria Nobel chega a Juiz de Fora

Vale um registro:

Ampliando a oferta de bens culturais, chega à Juiz de Fora a franquia da Livraria Nobel, inaugurada na última semana no Shopping Alameda (n 362). O novo espaço, é mais uma alternativa para aquisição de livros, ao lado das mais importantes livrarias da cidade, como Liberdade, Leitura, Saraiva, Terceira Margem e Planet Music. A franquia reúne mais de seis mil títulos de livros das mais variadas editoras, além de comercializar também itens de papelaria e a linha completa de brindes do Clube Nobel de Fidelidade. Fundada em São Paulo e com 67 anos de tradição, a Nobel é hoje a maior rede brasileira de livrarias, com mais de 180 lojas no país e no exterior.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

"A Dama do Cachorrinho" (1889) de Anton Tchekhov

Disponível em diversas edições e traduções, a obra eleita para o mês de Setembro é o conto "A Dama do cachorrinho", de Anton P. Tchekhov (1860-1904).
Tendo como tema o adultério, Tchekhov apresenta o encontro de Gurov e Ana Sierguieivna, numa estação de veraneio de Ialta e, com sutileza e maestria, conduz a narrativa a um final que se tornou característico de sua escrita e causou polêmica entre os críticos de sua época.

Escrito em 1889, é possível encontrá-lo em várias coletâneas de contos. Em português, está presente no livro homônimo, traduzido por Boris Schnaiderman, pela Editora 34, e pela L&PM, com tradução de Maria Aparecida Botelho Pereira Soares, além de estar disponível para download.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pessoa no Cinema




Serei sempre da rua dos Douradores, como a humanidade inteira.
Bernardo Soares  


Lisboa hoje. Um quarto de uma casa na rua dos Douradores. Um homem inventa sonhos e estabelece teorias sobre eles.  A própria matéria dos sonhos torna-se fisíca, palpável, visível. O próprio texto torna-se matéria na sua sonoridade musical. E , diante dos nossos olhos, essa música sentida nos ouvidos, no cérebro e no coração, espalha-se pela rua onde vive, pela cidade que ele ama acima de tudo e pelo mundo inteiro. Filme desassossegado sobre fragmentos de um livro infinito e armadilhado, de uma fulgurância quase demente mas de genial claridade. O momento solar de criação de Fernando Pessoa. A solidão absoluta e perfeita do Eu, sideral e sem remédio. Deus sou eu!, também escreveu Bernardo Soares. [1]

Trata-se da sinopse do Filme do Desassossego de João Botelho, que após ter estreado em  Portugal, chega à cidade de São Paulo. A 34º Mostra de Cinema Internacional de  de São Paulo ( para o qual o filme de Botelho foi seleccionado )começa a 22 de Outubro.

[1]  Este excerto encontra-se disponível no site oficial do filme.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tudo se ilumina

Resultados concretos em participar do grupo de literatura: meu marido está lendo mais! Dia desses ele leu a crítica de um livro no site Omelete e no mesmo dia já foi à livraria Saraiva e comprou o livro. Também fiquei intrigada para ler a tal obra e divido aqui com vocês a crítica do romance “Tudo se ilumina” do escritor americano Jonathan Safran Foer. Gosto de conhecer autores novos e este livro marca a estréia de Foer, de apenas 28 anos, na literatura. O interessante é que “Tudo Se Ilumina” foi sucesso imediato nos Estados Unidos, com elogios rasgados de veículos como New York Times, Esquire e Guardian. A revista New Yorker o apontou como a grande estréia literária dos últimos anos. Houve ainda uma adaptação cinematográfica, com Elijah Wood, que chegou ao Brasil com o título “Uma Vida Iluminada.”
Reproduzindo uma resenha que li, gostei das referências feitas ao livro que dizem o seguinte: “é bem humorado, mas não engraçadinho; tem coragem para experimentar, sem cair nos lugares-comuns da literatura pós-moderna; utiliza elementos autobiográficos sem fazer confessionalismo barato; suas referências pop estão ali para rechear a narrativa e não para conduzi-la sozinhas, em detrimento da densidade psicológica”.
O autor já escreveu outro romance: “Extremamente Alto & Incrivelmente Perto”. De acordo com a crítica, o segundo livro do autor não decepciona e é surpreendente. Nele, o escritor não apenas volta a apresentar a criatividade que arrancou elogios mundo afora como realiza experiências com design. Assim como o primeiro, este livro também terá sua adaptação para o cinema e os atores Sandra Bullock e Tom Hanks já assinaram contrato para estrelar o filme. Por essas e por outras, “Tudo se Ilumina” está na minha lista de livros a serem lidos, logo após eu dar conta das obras que estou estudando para o Mestrado.

"XIV Feira Pan-Amazônica do Livro"

Graças a um amigo que resolveu morar mais próximo à linha do Equador para, assim, poder cometer seus pecados com menor peso na consciência, descobri que está acontecendo, nesta semana, a XIV Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém (Pará). Com o tema "Países Africanos que falam português", a feira começou dia 27 de Agosto e vai até dia 05 de Setembro, com atrações de Angola, Moçambique, Cabo Verde (oi Cláudia!), Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe, além das brasileiras, é claro.
Ocupando uma área de mais de 21 mil m2 do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, a terceira maior feira literária anual do país (só perde para as de São Paulo e Rio de Janeiro) conta o pacote básico das feiras de livro - encontros com o autor, teatro, oficinas, exibição de filmes, e traz também uma programação para crianças, com um Parque da Mônica e a Cidade do Livro (que, segundo a organização, já recebeu 3 mil crianças).
Dentre as muitas coisas que acontecem por lá nesses dias, destaco as palestras que estão por vir, como a de hoje, às 17h, sobre "Contos das Lendas e Mitos da Amazônia com versões infanto-juvenis", de Nazaré Mello; "Literaturas Africanas de expressão portuguesa – cinco povos, cinco nações", de Graça Maria Fernandes Lima, que acontecerá amanhã, assim como a de Amarílis Tupiassú, Socorro Simões e Sílvio Holanda, com o tema "Todos os nomes de Saramago". Para fechar a programação de palestras, Márcio Vassallo fala sobre "Leitura, encantamento e inclusão na sala de aula", no dia 04.
Se alguém se animar a ir conferir, conte-me como foi!