sábado, 31 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011

Ao longo de 2011 o grupo seguiu com os encontros mensais para discussão das obras lidas. Embora o predomínio continue sendo de prosadores ocidentais, tivemos a oportunidade de velejar por outros mares, lendo autores russos e um indiano e um clássico romano. A lista completa das obras lidas está abaixo. Na medida do possível, incluí informações adicionais, como quem indicou a obra para leitura:


"Contos Exemplares", de Sophia de Mello Breyner Andresen - 15/01/2011, por indicação de Guadalupe Vieira

"Pais e Filhos", de Ivan Turgeniev - 19/02/2011, por indicação de Paulo Tostes

"A invenção de Morel", de Adolfo Bioy Casares - 19/03/2011, por indicação de Fabrício Tavares

Obra do Ano - 1° encontro: "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoiévski - 16/04/2011

Obra do ano - 2° encontro: "Crime e Castigo", de Fiódor Dostoiéviski - 21/05/2011

"Livro e Liberdade", de Luciano Cânfora - 18/06/2011, por indicação de Leonardo Rosa

"Correspondência Goethe / Schiller" - 16/07/2011

"Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe - 20/08/2011

"O Gitanjali", de Rabindranath Tagore - 24/09/2011, por indicação de Ailton Augusto

"Bartebly", de Herman Melville - 22/10/2011, por indicação de Fabrício Tavares

"O alienista", de Machado de Assis - 19/11/2011, por indicação de Ailton Augusto

"Meditações", de Marco Aurélio - 17/12/2011, por indicação de Paulo Tostes

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Marco Aurélio (121-180)


"Marco Aurélio nasceu em 121 A.D., filho de Ânio Vero e Domícia Lucila. A família, de raízes espanholas, dera ilustres magistrados a Roma. Educado em casa, por um preceptor, estudou Homero, Hesíodo e os trágicos; aprendeu a música e a dança; recebeu lições de pintura de Diogneto, adepto do estoicismo, e de retórica do erudito Frontão, a quem se ligou por uma afeição respeitosa e duradoura. Aos quinze anos, celebrou noivado com a filha de Cômodo; o casamento, porém não se realizou. Em fevereiro de 138, o imperador Trajano adotou Antonino como filho; a esposa deste, Faustina, era tia de Marco Aurélio, que, ao completar 18 anos, foi nomeado questor e, sendo órfão de pai, foi adotado por Antonino. Trajano faleceu pouco depois e Antonino Pio ascendeu ao trono. No ano seguinte, Marco Aurélio Vero foi eleito cônsul; aos 24 anos desposou Faustina, filha de Antonino, passando, aos poucos, a assumir as responsabilidades do governo, que o sogro lhe ia transferindo. Morrendo Antonino em 161, sucedeu-o no trono, aos 40 anos, com o nome de Marco Aurélio Antonino; adotou, por sua vez, a Lúcio Vero, a quem deu a mão de sua filha Ânia Lucila. Morto o genro, associou ao governo, em 177, seu próprio filho Cômodo, vindo a falecer três anos depois.

Seu reinado não foi tranquilo; perturbaram-no os bárbaros fronteiriços, os partas invadindo a Armênia, os germanos a Récia, o Nórico, a Panônia e chegando até Aquiléia. Enquanto isso, grassava peste na Itália. Seguem-se penosas campanhas para pacificação das fronteiras, contra os marcomanos, os quados, os sármatas, os iáziges. Entrementes, em 175, o legado da Síria, Avídio Cássio, apoiado por Antioquia e Alexandria, proclamou-se imperador, pretextando a morte de Marco Aurélio. Suas próprias legiões o destruíram ao certificar-se do logro. Para demonstrar que não guardava ressentimentos contra quem dera apoio ao impostor, Marco Aurélio empreendeu uma viagem ao Oriente, onde lhe faleceu a esposa; em seguida, visitou a Grécia. Teve, depois, de reprimir novo surto de expansão do cristianismo, em 177, e teve distúrbios na Germânia. No acampamento à margem do Savo, na Panônia, contraiu o tifo e morreu.

A despeito de tantas dificuldades, desenvolvera atividade benéfica na administração, amparara os pobres e protegera os intelectuais.

Carecia, evidentemente, de lazeres para a literatura; cultivava, contudo, o hábito pitagórico do exame de consciência diário e o de meditar constantemente os dogmas do catecismo de Epicteto. O fruto dessas reflexões, bem como o registro de fatos e princípios para ulterior meditação, constituem o seu livro, composto em Grego com o título Tá eis Heautón, As Notas de Uso Próprio, que os tradutores preferem substituir por Pensamentos, Máximas, Reflexões, Meditações, Solilóquios etc., todos nomes que servem, mas nenhum que satisfaça plenamente."

BRUNA, Jaime. Introdução. In: MARCO AURÉLIO. Meditações. Introdução, tradução e notas de Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1989.

* Crédito da imagem: http://ucrj.com.br/2011/03/marco-aurelio-o-imperador-filosofo/, acesso em 09/12/2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Meditações", de Marco Aurélio


Inspirado pelo Estoicismo, cuja doutrina é baseada em cultivar a impassibilidade diante do infortúnio, As Meditações constituem um diálogo do Imperador Marco Aurélio consigo. Muitas das inquietações apontadas no livro advêm de acontecimentos dramáticos que ele presenciou em sua participação nas campanhas militares. Contudo, ele não se atém aos acontecimentos nem trata de enfocá-lo simplesmente como um registro do que vê à volta. O seu intento consiste em retirar da própria experiência ensinamentos e comprovações encontrados no Estoicismo que lhe sejam de grande valor moral à existência.
Nessa perspectiva, se o curso do mundo obedece a um determinismo contra o qual é inútil lutar, o autor afirma taxativamente: “Para cima e para baixo, de um lado para o outro, de roda em roda, é este o monótono e enfadonho ritmo do universo. Tudo o que acontece foi preparado desde toda a eternidade; a sucessão de causas esteve sempre fiando a tua existência e o que te acontece" (Livro X, 5). E, mais adiante: “E nada pode transgredir a necessidade do destino e de uma ordem, nem a providência que ouve a súplica, nem um desgovernado caos sem finalidade. Se a Necessidade nada pode transgredir, por que resistes?”
Será que na ordem dos acontecimentos, é assim que todo o universo se manifesta? Eis, portanto, uma oportuna leitura a ser refletida...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

3º FELICA


Atendendo ao pedido de um de nossos leitores, venho anunciar a realização da terceira edição do FELICA – Festival Literário de Cataguases –, que começa hoje, dia 09, e vai até 12 de novembro. Nesse ano, o tema do FELICA será “A poesia da vida” e privilegiará temas correntes em nosso cotidiano, como acontecerá na mesa de abertura, com a atriz e poeta Elisa Lucinda (foto) cujo tema é “Parem de falar mal da rotina...”.
Além de Elisa, os outros convidados do FELICA são: a jovem prosadora Ana Paula Maia, o poeta Bartolomeu Campos de Queirós, o poeta da Geração Marginal, Chacal, o artista plástico e romancista tebano Elias Fajardo, o cataguasense radicado em Leopoldina José Geraldo Gouvêa, Marcelo Benini, também nascido na cidade e morador de Brasília, o romancista e cineasta húngaro Miklós Palluch, o poeta angolano Ondjaki e a jornalista Sabrina Abreu.
A edição 2011 do FELICA é uma realização do site CataguasesViva.com e conta com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura Ascânio Lopes. Mais informações no site do Festival: www.cataguasesviva.com/felica

"O alienista", de Machado de Assis

A obra deste mês é uma das mais prestigiosas criações de Machado de Assis: a novela O alienista. Publicada no volume Papéis Avulsos (1882), ela ganhou "vida própria", vindo a ser editada em volume separado por várias editoras, como o demonstra a capa ao lado, da Ática.

A novela conta a história do doutor Simão Bacamarte, um renomado alienista que vem de Portugal e instala-se em Itaguaí, no interior fluminense, para dedicar-se à investigação das causas da loucura.

Com o objetivo de reunir em um só local os "deserdados do espírito", o doutor Bacamarte manda construir uma "casa de Orates" para acolhê-los: a Casa Verde. Ao longo da história, veremos o crescimento e a diminuição do número de habitantes da instituição, cuja variação "demográfica" decorria em grande parte das mudanças que o alienista fazia em suas teorizações sobre a loucura, cujos limites ele não conseguiu delimitar com o rigor que seu cientificismo pretendia. Aliás esse rigor científico que caracterizou a segunda metade do século XIX é o grande alvo da crítica machadiana nessa novela, que retrata com perfeição as limitações de uma visão e/ou prática extremadas de qualquer doutrina.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Machado de Assis (1839-1908)

Tido por muitos como o maior escritor brasileiro de todos os tempos - posição aliás pouco ameaçada, exceto pela figura de Guimarães Rosa -, Joaquim Maria Machado de Assis, autor da obra deste mês, carrega consigo a fama de ser um dos mais estudados nas universidades e não raro tem seus livros incluídos entre as leituras obrigatórias de vestibulares de todo o país, coisa que antes de ser louvável deve ser repensada, pois o caráter obrigatório dessa leitura afasta muitos jovens da Literatura. Mas, vamos ao homem.

Machado de Assis nasceu em 1839, no Morro do Livramento, na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império naquela época. De ascendência humilde, o futuro escritor teve uma infância e adolescência de muito trabalho. Tendo sido pouco estudadas, o que nos ficou dessa época da vida do escritor foi a imagem de um jovem que conciliava as obrigações impostas pela sua condição social aos estudos que realizou por sua própria conta.

Como autodidata Machado de Assis teria aprendido línguas estrangeiras como francês e inglês e também teria percorrido um caminho leitor recheado pelos clássicos. Aos 22 anos inicia sua carreira literária com a publicação de Queda que as mulheres têm para os tolos, título traduzido por ele.

O primeiro volume autoral publicado foi uma coleção de poesias intitulada Crisálidas, de 1864. Pouco anos depois ingressa no serviço público e, com a estabilidade permitida por este, dedica-se à vida doméstica (casou-se em 1869 com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais) e à literatura.

Ao volume de 1864, seguiram-se, por ordem cronológica: Falenas (poesia, 1870), Contos Fluminenses (contos, 1871), Ressurreição (romance, 1872), Histórias da meia-noite (contos, 1873), A mão e a luva (romance, 1874), Americanas (poesia, 1875), Helena (romance, 1876), Iaiá Garcia (romance, 1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (romance, 1881), Papéis avulsos (contos, 1882), Histórias sem data (contos, 1884), Quincas Borba (romance, 1891), Várias histórias (contos, 1896), Dom Casmurro (romance, 1899), Páginas recolhidas (contos, 1899), Poesias completas (1901), Esaú e Jacó (romance, 1904), Relíquias de casa velha (miscelânea, 1906) e Memorial de Aires (romance, 1908).

Além de poeta, contista e romancista (notável nas obras a partir das Memórias Póstumas), Machado de Assis dedicou-se ainda ao teatro, à crítica literária e à crônica, tendo colaborado durante longos anos com jornais e revistas do Rio de Janeiro. Também deve-se destacar a condição de fundador da Academia Brasileira de Letras, instituição da qual foi o presidente até a data de seu falecimento.

Os traços mais característicos de sua obra são a ironia (que traveste uma pesada crítica à sociedade sua contemporânea), o pessimismo, a linguagem castiça e a contenção das descrições, na contramão de outros autores do tempo, que pretendiam descrever totalmente a realidade. Machado foi também um excelente criador de personagens, notadamente femininas, descrevendo (aí sim com detalhes e maestria) os seus movimentos interiores. Por esta razão, figuras como Brás Cubas, Quincas Borba, Sofia, Capitu e Conselheiro Aires saíram das páginas de seus livros para entrar nos anais da história literária nacional e universal.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Herman Melville (1819-1891)

Herman Melville nasceu em Nova York no ano de 1819, vindo a falecer na mesma cidade em 1891. Alcançou no início de sua carreira literária uma grande popularidade, devido à publicação de Typpe (1846) e Omoo (1847), ambos romances de aventura que narram a sua experiência e convivência com a tribo Typpe da Polinésia e sua experiência como marinheiro no baleeiro Lucy Ann.

O sucesso dos dois primeiros livros garantiu certa estabilidade financeira para Melville, já acostumado com as dificuldades financeiras desde a morte do pai quando tinha apenas treze anos. No entanto, ao lançar seu terceiro livro, Mardi, em 1849, Melville não alcança sucesso, uma vez que acrescenta a atmosfera melancólica e a análise introspectiva e psicológica na obra, fator que muito desagrada aos seus fiéis leitores, acostumados aos romances de aventura. Em 1850 se muda para uma fazenda com sua esposa e conhece o escritor Nathaniel Hawthorne que mora na fazenda ao lado. Algumas cartas enviadas a Hawthorne nesse período apresentam a desilusão e tristeza de Melville em ser reconhecido apenas por seus romances de aventuras e de exotismos.

Sua obra-prima e um dos maiores romances da história da literatura, Moby Dick, é publicado em 1851 e foi um fracasso de vendas. A  coletânea de contos de Melville, The Piazza Tales, na qual está inserida a obra do mês, Bartleby, é publicada em 1856. No entanto, o conto já havia sido publicado em periódicos três anos antes. Em 1863 o autor volta a viver em Nova York e passa a exercer a função de inspetor de alfândega.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"Bartleby", de Herman Melville

O conto "Bartebly, o escrivão", escolhido como obra do mês de outubro, foi publicado por Herman Melville na coletânea de contos "The Piazza Tales" (1856, capa ao lado), embora já houvesse aparecido em periódicos três anos antes.

Considerado por alguns críticos como um dos melhores contos da literatura universal, "Bartebly,..." é narrado por um advogado de Wall Street que contrata um jovem escrivão soturno e asseado, o personagem que dá título à obra, para trabalhar como copista de documentos. Após se recusar a conferir um documento, o jovem escrivão começa também a recusar a cumprir uma série de tarefas impostas pelo chefe e até mesmo a deixar o escritório. "I would prefer not" ("Acho melhor não" ou, mais comumente nas traduções, "Prefiro não o fazer") é tudo o que Bartleby tem a dizer, causando assim sérias pertubações na vida de seu chefe, o advogado narrador. 

Grande parte dos críticos percebem nesse conto uma antecipação da temática do "pesadelo da racionalidade" que será exaustivamente trabalhada por Kafka no século XX e também uma antecipação da filosofia existencialista. Outros veem na narrativa a alienação moderna do indivíduo ocasionada pelo trabalho especializado.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Leitura sobre Fernando Pessoa

O Polo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras (PPRLB) prossegue nas comemorações de seu 10º aniversário convidando a todos para uma detida releitura da obra de Fernando Pessoa, guiada pela voz crítica de mestres conceituados e apaixonados, que evidenciarão a importância, atualidade e projeção internacional do poeta português. Os encontros acontecerão no Gabinete Real Português, no período de 03/10/2011 a 31/10/2011 (16 aulas / 8 encontros, às 2as. e 4as. Feiras, no horário: 14:00 às 17:45 h.
Inscrições para certificado, na Secretaria do Deptº de Letras da UFF. Estudantes: R$ 20,00 /// Demais: R$ 30,00
Rua Luís de Camões, 30, Centro – CEP 20051-020 – Rio de Janeiro – RJ
Contatos: www.uff.br/letras e gabinete@realgabinete.com.br


Lista de links para bibliotecas


Prezados leitores,

em função de mudanças nas estrutura do grupo (saída de participantes) e as consequentes implicações disso para a política editorial do blog, que passou a contar com menos postagens por mês e está mudando para un design mais "clean", as bibliotecas que ficavam indicadas na lateral direita passarão a ficar listadas em uma única postagem. Para facilitar a navegação, a barra lateral indicará apenas a postagem em questão. Abaixo a lista de links.

Biblioteca Alexandrina (Egito)
http://www.bibalex.org/

Biblioteca Nacional de Chile
http://www.dibam.cl/biblioteca_nacional/

Biblioteca Nacional de España (ver foto que ilustra a postagem)
http://www.bne.es/es/Inicio/index.html

Biblioteca Nazionale Centrale di Roma
http://www.bncrm.librari.beniculturali.it/

Biblioteca Virtual de Literatura
http://www.biblio.com.br/

Bibliotecas da cidade de São Paulo
http://www.bibliotecas.sp.gov.br/  


Cambridge University Library
http://www.lib.cam.ac.uk/

Deutsche National Bibliothek
http://www.d-nb.de/

Europeana
http://europeana.eu/

Harvard Libraries
http://lib.harvard.edu/

Library of Congress (EUA) (ver foto que ilustra o post)
http://www.loc.gov/index.html

Nationale bibliotheek van Nederland

Oxford Digital Library

domingo, 25 de setembro de 2011

René Char (1907-1988)


René Char nasceu em L'Isle-sur-Sorgue, no ano de 1907 e faleceu em 1988, em Paris. Inicialmente filiou-se ao grupo surrealista, época na qual manteve ligações com André Breton e Paul Éluad. Entretanto, a poesia de Char tomou o seu próprio rumo, mas sempre mantendo alguns aspectos do surrealismo. Publica, em 1934, Le marteau sans maître, sua primeira obra individual. Mas alguns apontam como suas obras-primas os livros Fureur et mystère (1948), Le Nu perdu (1971) e La Parole en archipel (1962). Para o famoso crítico francês Maurice Blanchot, os escritos  de Char são uma espécie de "revelação poética". Os versos de Char, muitas vezes em forma de prosa, expõe o mundo da terra, dos rios e dos animais. Entretanto, sua poética não é de fácil leitura. Por causa de suas metáforas enigmáticas, alguns críticos o acusavam de abusar do hermetismo para seduzir leitores universitários ciosos de vanguardismos e mistérios. Char também foi amigo próximo de Albert Camus, Georges Bataille, Pablo Picasso e Joan Miró e - fato interessante - chegou a receber a Medalha da Resistência e a Cruz de Guerra devido à sua ativa participação na Resistência antinazista. No Brasil, há uma edição bilíngue, traduzida por Augusto Contador Borges e publicada pela Iluminuras. Abaixo o poema "Antecessor" retirado da citada edição da Iluminuras:

         
         Reconheci numa rocha a morte fugada e mensurável, o leito aberto de seus pequenos comparsas sob o retiro de uma figueira. Nenhum sinal de podador: cada manhã da terra abria suas asas sob as escadas da noite. 
               Sem redito, alijado do medo dos homens, cavo no ar meu túmulo e meu retorno.

Minicurso: Poesia e Canção

Lembrando que a poesia, a música e a dança já estavam intimamente correlacionados desde a Antiguidade e aproveitando a oportunidade da última leitura sobre a poesia de Tagore, fica o convite ao Minicurso "Poesia e Canção", a ser ministrado pelo professor Ivã Carlos Lopes, que será realizado nos dias: 19, 20 e 21 de outubro de 2011, das 14 às 18 horas, na sala: 501 – bloco C da UFF.


Maiores informações: www.uff.br/pgletras

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"Viver sem tempos mortos"

Amanhã (17/09) às 18h e às 21h e domingo (18/09) ao meio dia será exibido, no Teatro Solar, o monólogo "Viver sem tempos mortos", com Fernanda Montenegro (foto). Baseada na troca de correspondências entre Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, a peça parece ser a melhor alternativa cultural para este fim de semana em Juiz de Fora. Os ingressos estão à venda na bilheteria do teatro, com preços altamente convidativos: R$ 20 e R$ 10.

sábado, 3 de setembro de 2011

Rabindranath Tagore (1861-1941)


Rabindranath Tagore (em bengali: রবীন্দ্রনাথ ঠাকুর), autor da obra do mês, nasceu em Calcutá em 07 de maio de 1861. Membro de uma família de reformadores religiosos e sociais cujo prestígio decorreu, em grande parte, do sucesso de suas atividades bancárias e comerciais junto à “British East India Company”, o autor viveu desde cedo em uma ambiência artístico-cultural vinculada ao movimento que ficou conhecido como Renascença Bengali.  Esse movimento questionou ortodoxias existentes na sociedade bengalesa da época, como por exemplo, o casamento, os dotes e o sistema de castas, bem como a resistência aos elementos estrangeiros no contexto de dominação imperialista [1]. Para o autor, um nacionalismo exacerbado e estreito era tão prejudicial quanto a dominação de um país pelo outro, sendo ambas as situações geradoras de conflitos.

Conhecido no ocidente pelos poemas reunidos em Gitanjali, que por sinal é a obra do mês, e pelo prêmio Nobel com que foi agraciado em 1913, Tagore dedicou-se também a outros gêneros textuais, escrevendo tratados históricos e filosóficos, peças de teatro e romances. Além disso, atuou como pintor (tendo exibido seus trabalhos em Moscou, Berlim, Paris, Birmingham e Nova York), compositor (de mais de 2.000 canções) e educador. De seu vínculo com a educação destaca-se a fundação da universidade Visva Bharati [2], que se encontra em funcionamento até hoje e responde à intenção, por parte do autor, de conectar a Índia aos demais países, ou seja, seu compromisso com um ensino universalista. 

Tendo estudado Direito na Inglaterra, Tagore foi laureado com o título de Sir pela Coroa Britânica em 1915 e neste mesmo ano travou contato pela primeira vez com Mohondas Gandhi, outra figura hindu que se destacou no século XX. Tagore teria sido o primeiro a chamar Gandhi de Mahatma (Grande Alma), tendo recebido deste os tratamentos "Grande Mestre" e "Sol da Índia", este último amplamente divulgado entre os indianos. Em 1919 renuncia ao título de Sir como forma de protesto pelo massacre de Jalianwallah Bagh.

Após receber o prêmio Nobel o autor viajou pelo mundo dando palestras e cursos, falando sobre suas obras e, principalmente, sobre suas teorias a respeito da educação. Travou contato com figuras de vulto da época. Além do já citado Gandhi, é possível elencar ainda os nomes de Victoria Ocampo, W.B. Yeats e Albert Einstein.

Tagore faleceu em 07 de agosto de 1941

[1] Para mais informações sobre a Renascença Bengali, acesse: http://en.wikipedia.org/wiki/Bengal_Renaissance (em inglês)

[2] Para mais informações, acesse o site da instituição: http://www.visva-bharati.ac.in/ (em inglês)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Uma leitura sobre Gil Vicente

Diante do desafio de despertar o interesse dos alunos pela leitura e pela cultura, como se pode ler em uma das últimas postagens, fica a sugestão de um ótimo encontro com a profª Olinda Kleiman, da Université de Lille 3 - França, que fará uma palestra sobre:

“A presença francesa no teatro vicentino: um caso de reprise


O encontro vai acontecer no dia 15 de setembro, às 10 horas, na sala 207 do bloco C, do Instituto de Letras/UFF.

Conferência de abertura do V seminário

O passado no presente: releituras da modernidade

- uma pareceria entre a pós-graduação em Estudos de Literatura e a Mediateca da Maison de France.




Gitanjali - Oferenda Lírica

A obra escolhida para leitura neste mês de setembro foi "Gitanjali" (pronuncia-se guitânjali), do indiano Rabindranath Tagore. Trata-se de uma coleção de 103 poemas que o próprio autor traduziu do bengali - idioma no qual foram inicialmente concebidos - para o inglês, publicada em 1912, com prefácio elogioso de W. B. Yeats. Na época, a recepção do opúsculo foi tão positiva que rendeu o Nobel de Literatura a Tagore em 1913, mesmo ano em que saía a tradução alemã da obra. A seguir foi vertida para o sueco, o francês (em tradução de André Gide), o espanhol e o turco.

No Brasil, destaca-se a tradução feita pelo poeta Guilherme de Almeida para a coleção Rubáiyát, da Livraria José Olympio (foto ao lado), hoje fora de mercado e disponível somente em sebos. Também existem traduções publicadas pelas editoras Coordenada de Brasília, Martin Claret e Paulus, esta última feita por Ivo Storniolo.

Até onde pude verificar [1], os poemas reunidos para a versão inglesa de Gitanjali não mantém correspondência com a obra homônima, escrita em bengali e que foi publicada em 1910. Na verdade, apenas 53 poemas foram retirados dessa versão original. Os demais foram selecionados de outras obras do autor, a saber:  Gitamalaya (16 poemas), Naivedaya (16 poemas), Kheya (11 poemas), Shishu (3 poemas), Chaitali (1 poema), Kalpana (1 poema), Achalayalan (1 poema) e, por fim, Utsarga (também 1 poema).

Os poemas de "Gitanjali" abordam a relação com o divino, sendo enquadrados pela crítica como poesia de cunho místico ou espiritual. Durante a leitura da obra, percebemos que a visão da divindade defendida pelo autor é distinta daquela que nos chega através do senso comum. Tagore propõe que cada ser humano busque encontrar-se com Deus de forma íntima e pessoal, em todos os espaços e momentos. Em muitos poemas essa busca é comparada ao cortejo do amante e a imagem do discurso amoroso é uma metáfora realmente válida, pois fala de uma busca que nem sempre se concretiza, mas que tem seu sentido e objetivo em si mesma.

[1] http://www.hcicolombo.org/pdf/Tagore.pdf#page=123 (em inglês)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O quanto leem os universitários brasileiros...

Em Agosto, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) divulgou pesquisa feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o País, apresentando números consolidados do panorama nacional. A pesquisa, intitulada "O Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras", permite, a partir, do cruzamento de dados, mapear e distinguir os cenários regionais no tocante a hábitos de leitura, frequência a bibliotecas, domínio de língua inglesa, prática de atividades físicas, estado de saúde mental e uso de tabaco, álcool, remédios, e drogas não lícitas. Por qualquer ângulo que se olhe, os resultados não são muito animadores. 
No que diz respeito aos hábitos de leitura, a UFMA (Universidade Federal do Maranhão) lidera o ranking dos universitários que não leem nada (23,34% dos estudantes) e ficou em quarto lugar entre os menos assíduos à biblioteca da universidade (28,5% dos graduandos não a frequentam). O primeiro lugar nesse quesito ficou com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio): metade de seus alunos sequer passa perto da biblioteca. Por outro lado, os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) são os que mais leem: 22,98% deles leem geralmente mais de dez livros por ano. O resultado nacional, tão divulgado nos meios de comunicação, é que os universitários brasileiros leem uma média de 1 a 4 livros por ano, índice bem abaixo do apresentado por outros países.
A pergunta que não quer calar é: o que fazer para reverter esse quadro. Nos comentários à divulgação dessa pesquisa, que encontrei ao montar a postagem, vi de tudo um pouco, até justificativas de estudantes dizendo não frequentar as bibliotecas de suas instituições por não encontrarem nada do que precisam por lá. Dá pra duvidar??? 
Para mudar um pouco a pergunta, os índices tão altos de não-leitores deve ser um sinal de alarme apenas para o público-alvo da pesquisa, isto é, estudantes de graduação? É claro que a situação não é simples, mas se a intimidade com o livro e a leitura não se constituem desde cedo, como esperar encontrar estudantes universitários que sejam exímios e dedicados leitores? É lá que eles deveriam se formar como tais? 
Não dá pra parar o fluxo dos dias e da história e começarmos do ensino básico, esperando que com o tempo os níveis seguintes sejam beneficiados, mas há de se ter cuidado com soluções paliativas, já que a entrada de um número cada vez maior de estudantes despreparados nas universidades, públicas e privadas, tenderá a mostrar, por muito tempo, quadros como este. Certamente o baixo índice de leitores nas universidades é um cenário alarmante, visto ser lá o local onde se espera que seja formado e aprimorado o potencial intelectual de um país e que, se lá as coisas estão assim, que dirá o mundo cá fora. A questão é - o problema pode ser tratado num único nível de ensino? A resposta todos parecem saber.
Não há dúvida de que há trabalho para muito tempo e cada vez mais parece ser consenso que é mais simples e efetivo que a leitura seja apresentada de forma significativa e prazerosa às pessoas bem antes do período universitário, até por que ainda hoje pequeníssima parcela da população brasileira chega até lá e a leitura não faz menos falta para aqueles que seguirão por outros caminhos, seja por falta de oportunidade ou por escolha.

domingo, 28 de agosto de 2011

Livros digitais

A programação da XV Bienal Internacional do Livro deste ano, que começa no próximo dia 01 de setembro, já traz algumas experiências possíveis no universo dos e-books e contará com um colóquio que reunirá especialistas no assunto vindos da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e do Brasil. A proposta é discutir como as bibliotecas estão se preparando para passar a emprestar também os livros digitais, seja para ser lido em suas salas de leitura como para ser baixados e lidos pelos seus usuários onde eles estiverem. A iniciativa, organizada em parceria pela Fundação Biblioteca Nacional, o Instituto Goethe, o Instituto Cervantes e a Maison de France pretende apresentar experiências desenvolvidas em diversas bibliotecas que já lidam com essa realidade.  
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XV Bienal Internacional do Livro
Colóquio: E-books e a democratização do acesso - Modelos e experiências de bibliotecas
Data: 05 e 06/09 de 2011 
Hora: 09h às 17h30 (5 de setembro), 9h às 13h (6 de setembro)
Riocentro - Auditório Dinah Silveira de Queiróz - Pavilhão Azul

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Os sofrimentos do jovem Werther


No último encontro do grupo de leituras Palimpsestos, discutiu-se a obra Os sofrimentos do jovem Werther (1774), de Goethe. A obra é caracterizada por uma narrativa essencialmente subjetiva, conforme se evidencia no tom confidencial das cartas de um único personagem (Werther). Nessas cartas, a subjetividade do personagem é o móvel da narrativa, onde se destaca uma postura extremamente sentimental e individualista, frente a um amor impossível, cujo sofrimento culminanará no próprio fim de Werther.
Inspirado, em parte, na vida do próprio Goethe (seu amor por Charlotte Buff, esposa do amigo Johann Kestner) e também no desfecho trágico da história de Karl Willhem Jerusalém (que, diante da paixão pela mulher de um amigo, encontra na morte a superação do seu sofrimento), o romance apresenta a existência e a arte em uma íntima e profunda relação. Também compondo essa relação, a natureza funciona como cúmplice do eu enunciador, sendo a liberdade de criação um fator fundamental para o artista que quer despojar-se de todas as regras e convenções sociais. Mas, dada a impossibilidade de viver, na realidade, o que o eu deseja e imagina, a escrita do Romantismo aponta, por isso mesmo, a inadaptação à existência e a fragilidade do racionalismo iluminista, o que leva o ser romântico a buscar outras possíveis soluções para enfrentar o mundo. Nesse sentido, estão, por exemplo, a idealização do amor, a partilha com as tradições de um povo e a busca de um passado como modelo. Enfim, é uma fuga como forma de se superar provisoriamente o conflito com a realidade exterior.
Com isso, a literatura do Romantismo inaugurada por Goethe, na Alemanha, traz para a vida o valor ético do palco, ou seja, “o coração, ele só, é o artífice de sua própria sorte”. É nesse “palco vivo” que o homem busca conhecer a extensão de sua força, tentando viver, para além do limite da realidade, toda a intensidade de sua alegria e dor.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

"O desespero humano"

Em meio às últimas sugestões e reflexões em torno da obra de Goethe, é oportuno apontar também um pouco do pensamento de Soren Kierkegaard, cuja vida tanto exerceu influência no desenvolvimento de sua obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão impressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo/protestantismo. Não é por menos que ele tanto se dedicou pensar a subjetividade e as paixões humanas. Aliás, em dinamarquês, a palavra "inderlighed - interioridade" significa paixão, ardor, algo que é vivido com intenso ânimo e vigor. Para Kierkegaard, não se pode entender, portanto, a paixão como algo hermético. Por isso mesmo, ao pensar a subjetivdade, o filósofo de Copenhague pensou-a como uma verdade apropriada, antes, no interior do indivíduo. Fica, assim, a sugestão de se conhecer uma de suas grandes obras: O desespero humano.




quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

A obra do mês, Os sofrimentos do Jovem Werther (1774), conferiu a Johann Wolfgang von Goethe (Frankfurt am Main, 1749 – Weimar, 1832) um lugar de destaque no contexto intelectual alemão do século XVIII, particularmente, o transformou em um dos principais representantes do movimento Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto). Por sua vez, sua obra de maior fôlego, Fausto (produzido ao longo de sua vida, entre os anos de 1771 e 1811) o consagrou como escritor e pensador universal, seja pela beleza e grandiosidade poética de sua obra, seja pela relevância de seu conteúdo, marcado pelo autoconhecimento e pelo conhecimento da natureza, da mitologia, da literatura, da filologia, etc.

De sua autobiografia (Poesia e verdade, 1811), podem-se destacar o seu adoecimento em 1768 e as amizades com Johann Gottfried Herder (1744-1803) e com Friedrich Schiller (1759-1805). O primeiro evento obrigou Goethe a abandonar os estudos em Direito na Universidade de Leipzig, e a retornar à casa dos pais. Nesta ocasião, ele conheceu Susanna von Klettenberg, inspiração para um de seus personagens no romance Os anos de aprendizado de Wilhelm Meister (1829), mas, sobretudo, responsável por sua aproximação da religiosidade pessoal - em oposição à educação religiosa tradicional, já por ele questionada - e, por conseguinte, pela convicção no poder que o homem tem sobre si mesmo, evidenciado mais tarde em Os sofrimentos do Jovem Werther. Ainda no curso da doença, Goethe interessou-se por alquimia, astrologia e ocultismo, posteriormente presentes em seu Fausto.

Dois anos depois, Goethe retoma seus estudos em Estrasburgo, e nesta ocasião conhece Herder, responsável pela profunda admiração de Goethe pelo espirito clássico grego, para ele, presente em Homero e Shakespeare, e pela poesia popular alemã. Após se instalar em Weimar em 1775, Goethe tem primeiro encontro com Schiller. Em 1794 inicia-se a amizade, caracterizada por trocas longas e recíprocas de hospedagem, pelo desenvolvimento de um trabalho em conjunto (Xenien,1796) e por correspondências no período em que Goethe e Schiller formulam suas obras fundamentais, a saber: Teorias das cores (1805), Anos de aprendizagem de Wilhelm Meister (1829), Fausto (1811); Poesia ingênua e sentimental (1796), Wallenstein (1800), respectivamente.

Léon Bloy (1846-1917)


Léon Bloy nasceu em Notre-Dame-de-Sanilhac, pequeno município no sudoeste da França, em 1846, vindo a falecer em 1917. Embora sua juventude tenha sido marcada pelo agnosticismo e pelo ódio à religião instituída, até conhecer o escritor Barbey d'Aurevilly que o converteu ao catolicismo. Bloy, embora tenha escrito narrativas curtas extremamente originais, nunca recebeu o devido reconhecimento, uma vez que sua obra, com sentenças cáusticas e satíricas, provoca o mal-estar tanto de ateus materialistas quanto de católicos e religiosos hipócritas. Conheceu a miséria muitas vezes ao longo de sua vida e tornou-se inimigo declarado de grande parte dos escritores franceses de sua época, tais como Maupassant (que, nas palavras de Léon, possuía "uma escrita efeminada que queria se passar por máscula"), Flaubert (definido como "concubina de dicionários"), Daudet e Emile Zola. Bloy transportava todo o seu ressentimento e antipatia pela sociedade para os seus contos. Estes, por sua vez, são de uma crueldade imensa e geralmente demonstram o lado mórbido, frio e maléfico da humanidade. Autodenominando-se "o peregrino do absoluto", "o mendigo ingrato" e "o que não se vende", Bloy - segundo Borges - foi um dos precursores de Kafka, com seus contos que exploram sutilmente o fantástico e o inexplicável, bem como a relação desses elementos sobre a vida do homem. Infelizmente a obra de Léon Bloy não está totalmente disponível no Brasil: apenas alguns contos espalhados em algumas antologias, como as de Flávio Moreira da Costa. Embora não tenha recebido os louros merecidos, Bloy de maneira alguma foi esquecido: Borges não esconde a influência que o autor francês teve em sua obra e confessa que ele é um dos autores que ele sempre relia.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"El principio del placer", de José Emilio Pacheco


Ao ler a postagem da Cíntia sobre Literatura Mexicana, não pude deixar de comentar com entusiasmo, defendendo o conhecimento, por parte dos brasileiros, da produção literária dos mexicanos. E, na esteira dessa necessidade de conhecimento, apresento a obra "El principio del placer", de José Emilio Pacheco, que conheci durante o intercâmbio na Argentina.
José Emilio Pacheco é principalmente poeta, embora também tenha escrito prosa. Uma das suas produções em "linha corrida" é justamente a coletânea de contos que ora comento. O que primeiro chama a atenção é a necessidade que o autor nos impõe de pactuar com o texto. Isto porque, para ele, o narrar não é simples, nem pode ser definido como sendo somente uma exposição de acontecimentos reais (ou imaginários).
Parece-me que, em sua opinião, a narrativa só pode ser completada em seu sentido com a cumplicidade do leitor, quem vai conectar as pontas soltas das muitas vozes que se enovelam para compor o relato. O texto, em Pacheco, reassume sua conotação original de tecido, de trama de vozes. Cabe ao leitor atribuir sentido a essas vozes que se cruzan, que se mesclam... 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

I SIMPÓSIO INTERNACIONAL LITERATURA, CULTURA E SOCIEDADE

Já estão abertas as inscrições para o I SIMPÓSIO INTERNACIONAL LITERATURA, CULTURA E SOCIEDADE da UFV. As informações acerca das conferências do evento e as normas para o envio de trabalhos (comunicações e painéis) podem ser acessadas no site: http://www.literaturaufv.com.br/

III Encontro de Estudos da Palavra Cantada

Entre os dias 23 e 26 de agosto, acontecerá o III Encontro de Estudos da Palavra Cantada, no salão Pedro Calmon, Fórum de Ciência e Cultura, Campus da UFRJ. O evento é uma promoção conjunta do Programa de Pós-graduação em Música da UNIRIO e do PACC – Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ, com o apoio da CAPES, FAPERJ, UNIRIO, CNFCP/IPHAN e CAIXA Cultural RJ e tem como objetivo promover a reflexão sobre as múltiplas e heterogêneas modalidades da palavra cantada – da mitopoética das sociedades tradicionais até a canção popular contemporânea –, a partir de abordagens que permitam apreender a interação entre suas dimensões poética, musical, vocal e performática.
A conferência de abertura será proferida pelo professor e etnomusicólogo Anthony Seeger, da University of California, de Los Angeles, cujas análises sobre as artes verbomusicais de povos indígenas do Brasil são referência para os interessados na matéria. O encerramento terá palestras do professor Stéphane Hirschi, da Université de Valenciennes, especialista nas relações entre poesia e canção, e do professor e compositor José Miguel Wisnik, amplamente reconhecido por seu trabalho criativo e investigativo nos domínios literários e musicais.

Maiores informações: www.ufrj.br

domingo, 7 de agosto de 2011

Premio SESC de Literatura


Estão abertas as inscrições para o Prêmio SESC de Literatura, edição 2011/2012, nas categorias conto e romance. Os interessados devem enviar seus trabalhos até o próximo dia 31 de agosto. O edital do concurso está disponível em: http://www.sesc.com.br/premiosesc/edital.html

INCULT - Escritores Independentes

Reproduzo, abaixo, convocatória para concurso:
"A InCult Produções Culturais promove, entre os meses de julho e agosto, o projeto Escritores Independentes. Nele, 50 pessoas irão escrever juntas um livro de crônicas que será publicado gratuitamente no site Clube de Autores e, posteriormente, vendido no mesmo.
O objetivo principal do projeto é promover autores e escritores de crônicas desconhecidos do grande público através da publicação de um livro com textos inéditos."

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

"Conferências na ABL"

Sob a coordenação do acadêmico e professor Antonio Carlos Secchin, acontecerá a partir do próximo dia 23 de agosto o 7º Ciclo de Conferências: "Perspectivas da crítica literária":

23/8 - José Luís Jobim: "A crítica literária contemporânea: questões e perspectivas";

30/8 - Felipe Fortuna: "A crítica literária no jornal e no livro";
06/9 - Antonio Cícero: "A poesia e a crítica"
;
13/9 - Miguel Sanches Neto: "Autores e leitores: crítica e redes sociais".

Maiores informações: www.academia.org.br