Em Agosto, a Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) divulgou pesquisa feita com 19.691 estudantes de graduação de universidades federais de todo o País, apresentando números consolidados do panorama nacional. A pesquisa, intitulada "O Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Universidades Federais Brasileiras", permite, a partir, do cruzamento de dados, mapear e distinguir os cenários regionais no tocante a hábitos de leitura, frequência a bibliotecas, domínio de língua inglesa, prática de atividades físicas, estado de saúde mental e uso de tabaco, álcool, remédios, e drogas não lícitas. Por qualquer ângulo que se olhe, os resultados não são muito animadores.
No que diz respeito aos hábitos de leitura, a UFMA (Universidade Federal do Maranhão) lidera o ranking dos universitários que não leem nada (23,34% dos estudantes) e ficou em quarto lugar entre os menos assíduos à biblioteca da universidade (28,5% dos graduandos não a frequentam). O primeiro lugar nesse quesito ficou com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio): metade de seus alunos sequer passa perto da biblioteca. Por outro lado, os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) são os que mais leem: 22,98% deles leem geralmente mais de dez livros por ano. O resultado nacional, tão divulgado nos meios de comunicação, é que os universitários brasileiros leem uma média de 1 a 4 livros por ano, índice bem abaixo do apresentado por outros países.
A pergunta que não quer calar é: o que fazer para reverter esse quadro. Nos comentários à divulgação dessa pesquisa, que encontrei ao montar a postagem, vi de tudo um pouco, até justificativas de estudantes dizendo não frequentar as bibliotecas de suas instituições por não encontrarem nada do que precisam por lá. Dá pra duvidar???
Para mudar um pouco a pergunta, os índices tão altos de não-leitores deve ser um sinal de alarme apenas para o público-alvo da pesquisa, isto é, estudantes de graduação? É claro que a situação não é simples, mas se a intimidade com o livro e a leitura não se constituem desde cedo, como esperar encontrar estudantes universitários que sejam exímios e dedicados leitores? É lá que eles deveriam se formar como tais?
Não dá pra parar o fluxo dos dias e da história e começarmos do ensino básico, esperando que com o tempo os níveis seguintes sejam beneficiados, mas há de se ter cuidado com soluções paliativas, já que a entrada de um número cada vez maior de estudantes despreparados nas universidades, públicas e privadas, tenderá a mostrar, por muito tempo, quadros como este. Certamente o baixo índice de leitores nas universidades é um cenário alarmante, visto ser lá o local onde se espera que seja formado e aprimorado o potencial intelectual de um país e que, se lá as coisas estão assim, que dirá o mundo cá fora. A questão é - o problema pode ser tratado num único nível de ensino? A resposta todos parecem saber.
Não há dúvida de que há trabalho para muito tempo e cada vez mais parece ser consenso que é mais simples e efetivo que a leitura seja apresentada de forma significativa e prazerosa às pessoas bem antes do período universitário, até por que ainda hoje pequeníssima parcela da população brasileira chega até lá e a leitura não faz menos falta para aqueles que seguirão por outros caminhos, seja por falta de oportunidade ou por escolha.
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