René Char nasceu em L'Isle-sur-Sorgue, no ano de 1907 e faleceu em 1988, em Paris. Inicialmente filiou-se ao grupo surrealista, época na qual manteve ligações com André Breton e Paul Éluad. Entretanto, a poesia de Char tomou o seu próprio rumo, mas sempre mantendo alguns aspectos do surrealismo. Publica, em 1934, Le marteau sans maître, sua primeira obra individual. Mas alguns apontam como suas obras-primas os livros Fureur et mystère (1948), Le Nu perdu (1971) e La Parole en archipel (1962). Para o famoso crítico francês Maurice Blanchot, os escritos de Char são uma espécie de "revelação poética". Os versos de Char, muitas vezes em forma de prosa, expõe o mundo da terra, dos rios e dos animais. Entretanto, sua poética não é de fácil leitura. Por causa de suas metáforas enigmáticas, alguns críticos o acusavam de abusar do hermetismo para seduzir leitores universitários ciosos de vanguardismos e mistérios. Char também foi amigo próximo de Albert Camus, Georges Bataille, Pablo Picasso e Joan Miró e - fato interessante - chegou a receber a Medalha da Resistência e a Cruz de Guerra devido à sua ativa participação na Resistência antinazista. No Brasil, há uma edição bilíngue, traduzida por Augusto Contador Borges e publicada pela Iluminuras. Abaixo o poema "Antecessor" retirado da citada edição da Iluminuras:
Reconheci numa rocha a morte fugada e mensurável, o leito aberto de seus pequenos comparsas sob o retiro de uma figueira. Nenhum sinal de podador: cada manhã da terra abria suas asas sob as escadas da noite.
Sem redito, alijado do medo dos homens, cavo no ar meu túmulo e meu retorno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário