quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

APL - Academia Paulista de Letras

"Apontamentos sobre a Academia Paulista de Letras
Pela acadêmica Myriam Ellis

Uma visão retrospectiva da vida da Academia Paulista de Letras conduz ao período inicial dos seus primeiros tempos, quando momentos cruciais de apatia, inanição e morte aparente anteciparam os da fase decisiva e determinante do seu ressurgimento, reestruturação e sobrevivência. Os anos de 1909 a 1919 assinalam o primeiro momento, o da inauguração, a 27 de novembro de 1909, em noite de gala, no palacete do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, à rua de São João, até o desaparecimento, em 1918, do seu fundador, o dr. Joaquim José de Carvalho, Secretário geral e primeiro titular da Cadeira nº 4, seguido, no ano seguinte, da morte do primeiro Presidente eleito, o dr. Brasilio Machado de Oliveira. O segundo momento, de 1919 a 1929, é o do conseqüente esmorecimento, da inanição e do colapso da entidade... O terceiro, de 1929 a 1931, determina o seu renascimento, graças ao esforço conjunto e obstinado dos acadêmicos Pedro Augusto Gomes Cardim, Ulisses Paranhos e Amadeu Amaral, em atuação decisiva no sentido da sobrevivência da Academia, e equivalente a uma segunda fundação... Ao médico e polígrafo, natural do Rio de Janeiro e radicado no interior paulista, o dr. Joaquim José de Carvalho, homem de franqueza exuberante, inteligência brilhante, cultura ampla e sólida, idealista, batalhador, enérgico, obstinado e polêmico, a ele devem-se o empenho e a coordenação dos esforços que levaram à criação da Academia Paulista de Letras, em fins de 1909, da qual foi o primeiro Secretário geral e Procurador. Diz ele em seu Relatório, lido na sessão inaugural daquele ano:... aqui se acham a jurisprudência, a economia política, a medicina... a teologia dogmática ao lado da reforma, do livre pensamento e do positivismo, a biologia, a filosofia, a interpretação dos fenômenos ocultos, a engenharia prática, a matemática, a cosmografia, a filologia, a lingüística, o beletrismo, a poesia, a arte dramática, a música, o jornalismo, o parlamentarismo, todas as atividades operosas da inteligência humana, todas as opiniões... crenças por seus lídimos representantes, sem distinção de sexo, sem partidarismo, sem exclusão alguma, em mescla conveniente e simpática, em um convívio que queremos há de ser harmonioso... pois Pro Litteris Scientiisque Laboramus! "
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