Pela acadêmica Myriam Ellis
Uma visão retrospectiva da vida da Academia Paulista de Letras conduz ao período inicial dos seus primeiros tempos, quando momentos cruciais de apatia, inanição e morte aparente anteciparam os da fase decisiva e determinante do seu ressurgimento, reestruturação e sobrevivência. Os anos de 1909 a 1919 assinalam o primeiro momento, o da inauguração, a 27 de novembro de 1909, em noite de gala, no palacete do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, à rua de São João, até o desaparecimento, em 1918, do seu fundador, o dr. Joaquim José de Carvalho, Secretário geral e primeiro titular da Cadeira nº 4, seguido, no ano seguinte, da morte do primeiro Presidente eleito, o dr. Brasilio Machado de Oliveira. O segundo momento, de 1919 a 1929, é o do conseqüente esmorecimento, da inanição e do colapso da entidade... O terceiro, de 1929 a 1931, determina o seu renascimento, graças ao esforço conjunto e obstinado dos acadêmicos Pedro Augusto Gomes Cardim, Ulisses Paranhos e Amadeu Amaral, em atuação decisiva no sentido da sobrevivência da Academia, e equivalente a uma segunda fundação... Ao médico e polígrafo, natural do Rio de Janeiro e radicado no interior paulista, o dr. Joaquim José de Carvalho, homem de franqueza exuberante, inteligência brilhante, cultura ampla e sólida, idealista, batalhador, enérgico, obstinado e polêmico, a ele devem-se o empenho e a coordenação dos esforços que levaram à criação da Academia Paulista de Letras, em fins de 1909, da qual foi o primeiro Secretário geral e Procurador. Diz ele em seu Relatório, lido na sessão inaugural daquele ano:... aqui se acham a jurisprudência, a economia política, a medicina... a teologia dogmática ao lado da reforma, do livre pensamento e do positivismo, a biologia, a filosofia, a interpretação dos fenômenos ocultos, a engenharia prática, a matemática, a cosmografia, a filologia, a lingüística, o beletrismo, a poesia, a arte dramática, a música, o jornalismo, o parlamentarismo, todas as atividades operosas da inteligência humana, todas as opiniões... crenças por seus lídimos representantes, sem distinção de sexo, sem partidarismo, sem exclusão alguma, em mescla conveniente e simpática, em um convívio que queremos há de ser harmonioso... pois Pro Litteris Scientiisque Laboramus! "
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