Para apresentar esse enredo é necessário um pouco mais de palavras. A começar pela história da agremiação, hoje extinta: o GRES Aprendizes da Boca do Mato foi uma escola de samba fundada em 1954 para representar o bairro (não oficial) denominado Boca do Mato, situado entre o Méier e o Engenho de Dentro. Essa agremiação enrolou a bandeira por volta de 1968, quando obteve o 17º lugar no grupo B com o enredo "Dirceu e Marília, amor em Vila Rica", que, suponho, também tangencia a literatura, bastando lembrar dos poemas do inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, para descobrir o ponto de contato.
Porém não estamos tratando aqui do último desfile da escola, mas sim daquele ocorrido em 1959, quando, obtendo o título do Grupo de Acesso A ela conseguiu passar para o Grupo Especial. Talvez as pessoas não saibam, mas o famoso sambista Martinho da Vila iniciou suas incursões pelo mundo do samba por essa agremiação, sendo conhecido na época por Martinho da Boca do Mato. Só em meados dos anos 1960 é que ele passaria a integrar a ala de compositores da Unidos de Vila Isabel, donde lhe veio o reconhecimento como Martinho da Vila.
Voltando: nesse ano de 1959, o sambista compôs "Machado de Assis", para o desfile da escola, obra cujo enfoque é dado à vida e às obras do escritor, numa descrição que tenta aproximar-se de um gênero biográfico, por assim dizer. Diferentemente do que ocorre em outros sambas apresentados anteriormente nesse blog, ao deslocar-se o foco de uma única obra para a vida do autor, as escolas de samba aproximam os escritores do grande público exaltando seus feitos sem recair em literatices e na busca incessante pelo projeto literário do autor e dos significados das entrelinhas. Claro que há limitações, claro. Mas é interessante pensar em como esse tipo de procedimento foi produtivo durante muitos anos, permitindo à "maior festa popular do país" exaltar figuras de vulto do Brasil e, repito, aproximá-las do grande público. Confira o áudio com o próprio Martinho da Vila, em gravação de 1984, para o LP "Os sambas enredos de todos os tempos" (capa ao lado).
Porém não estamos tratando aqui do último desfile da escola, mas sim daquele ocorrido em 1959, quando, obtendo o título do Grupo de Acesso A ela conseguiu passar para o Grupo Especial. Talvez as pessoas não saibam, mas o famoso sambista Martinho da Vila iniciou suas incursões pelo mundo do samba por essa agremiação, sendo conhecido na época por Martinho da Boca do Mato. Só em meados dos anos 1960 é que ele passaria a integrar a ala de compositores da Unidos de Vila Isabel, donde lhe veio o reconhecimento como Martinho da Vila.
Voltando: nesse ano de 1959, o sambista compôs "Machado de Assis", para o desfile da escola, obra cujo enfoque é dado à vida e às obras do escritor, numa descrição que tenta aproximar-se de um gênero biográfico, por assim dizer. Diferentemente do que ocorre em outros sambas apresentados anteriormente nesse blog, ao deslocar-se o foco de uma única obra para a vida do autor, as escolas de samba aproximam os escritores do grande público exaltando seus feitos sem recair em literatices e na busca incessante pelo projeto literário do autor e dos significados das entrelinhas. Claro que há limitações, claro. Mas é interessante pensar em como esse tipo de procedimento foi produtivo durante muitos anos, permitindo à "maior festa popular do país" exaltar figuras de vulto do Brasil e, repito, aproximá-las do grande público. Confira o áudio com o próprio Martinho da Vila, em gravação de 1984, para o LP "Os sambas enredos de todos os tempos" (capa ao lado).
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