Juiz de Fora, 11 de dezembro de 2009.
Estimado Saint-Exupéry,
sei que não é gentil de minha parte incomodá-lo com perguntas e declarações a respeito de uma carta endereçada a uma desconhecida. Mas suas palavras conduziram-me a um estado interior que lhe é familiar: ele também não é o da primavera. Refiro-me especialmente à sua declaração de que não há e nunca haverá Pequeno Príncipe. Como pode o Pequeno Príncipe está morto? Ou, o que é o mesmo, “torna-se muito cético”? Acaso esqueceu-se de seu último aviso: “Eu parecerei estar morto e isso não será verdade...” A questão é que a viagem de volta para sua casa era longa e o seu corpo, muito pesado. Da mesma forma, seria um equívoco afirmar que a roseira perdeu sua importância para o Pequeno Príncipe desde que ele se feriu nela. Ora, acreditar nisto é negar que ele não compreendeu o significado da palavra cativar, o que não é verdade. Nós, homens, facilmente nos esquecemos de que somos “eternamente responsáveis” pelo que cativamos; este pode ser o caso da sua “menininha invisível”, que nem sequer lhe retornou o telefonema, mas não se esqueça de que de devemos ser tolerantes com as pessoas grandes. Até entendo a tristeza e a amargura do Pequeno Príncipe nesta carta. Ele aterrissou — talvez não pela primeira vez — em um planeta efêmero, onde os habitantes, na vã tentativa de ganhar mais tempo, perdem o tempo que deveria ser dedicado ao conhecimento do Outro. Um planeta em que impera a solitude. Contudo, não podemos esquecer que haverá outras viagens e outros planetas — o Pequeno Príncipe é um sujeito curioso. Há sempre a possibilidade de se deparar com Outros que conseguem ver o carneiro dentro da caixa ou o elefante dentro da jiboia. Há sempre aqueles que guardam em si um pouco da criança que já foram.
Sua leitora,
eternamente pequena.
Estimado Saint-Exupéry,
sei que não é gentil de minha parte incomodá-lo com perguntas e declarações a respeito de uma carta endereçada a uma desconhecida. Mas suas palavras conduziram-me a um estado interior que lhe é familiar: ele também não é o da primavera. Refiro-me especialmente à sua declaração de que não há e nunca haverá Pequeno Príncipe. Como pode o Pequeno Príncipe está morto? Ou, o que é o mesmo, “torna-se muito cético”? Acaso esqueceu-se de seu último aviso: “Eu parecerei estar morto e isso não será verdade...” A questão é que a viagem de volta para sua casa era longa e o seu corpo, muito pesado. Da mesma forma, seria um equívoco afirmar que a roseira perdeu sua importância para o Pequeno Príncipe desde que ele se feriu nela. Ora, acreditar nisto é negar que ele não compreendeu o significado da palavra cativar, o que não é verdade. Nós, homens, facilmente nos esquecemos de que somos “eternamente responsáveis” pelo que cativamos; este pode ser o caso da sua “menininha invisível”, que nem sequer lhe retornou o telefonema, mas não se esqueça de que de devemos ser tolerantes com as pessoas grandes. Até entendo a tristeza e a amargura do Pequeno Príncipe nesta carta. Ele aterrissou — talvez não pela primeira vez — em um planeta efêmero, onde os habitantes, na vã tentativa de ganhar mais tempo, perdem o tempo que deveria ser dedicado ao conhecimento do Outro. Um planeta em que impera a solitude. Contudo, não podemos esquecer que haverá outras viagens e outros planetas — o Pequeno Príncipe é um sujeito curioso. Há sempre a possibilidade de se deparar com Outros que conseguem ver o carneiro dentro da caixa ou o elefante dentro da jiboia. Há sempre aqueles que guardam em si um pouco da criança que já foram.
Sua leitora,
eternamente pequena.
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