quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane)


Aproveitando o clima político no Brasil - com toda essa questão (festa? brincadeira?) de eleições - o qual provavelmente ainda está causando enjôo em muita gente, eu gostaria de indicar um documentário a vocês, que eu considero interessante de ser conhecido.

Beyond Citizen Kane (no Brasil Muito Além do Cidadão Kane) é um documentário televisivo britânico de Simon Hartog exibido em 1993 pelo Channel 4, uma rede televisiva pública do Reino Unido. Ele mostra as relações entre a mídia e o poder político no Brasil. Embora o documentário tenha sido censurado pela justiça, a Rede Record comprou os direitos de transmissão exclusiva, por 20 mil dólares do produtor John Ellis.

A obra detalha a posição dominante da Rede Globo na sociedade brasileira, debatendo a influência do grupo, seu poder e suas relações políticas, que os autores do documentário vêem como manipuladoras e formadora de opinião. O ex-presidente e fundador da Globo Roberto Marinho foi o principal alvo das críticas do documentário, sendo comparado a Charles Foster Kane, personagem criado em 1941 por Orson Welles para Cidadão Kane, um drama de ficção baseado na trajetória de William Randolph Hearst, magnata da comunicação nos Estados Unidos da América. Segundo o documentário, a Globo empregaria a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública como fazia Kane no filme. O documentário apresenta depoimentos de destacadas personalidades brasileiras, como o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda que na época tinha um programa na emissora, os políticos Leonel Brizola e Antônio Carlos Magalhães, o ex-Ministro da Justiça Armando Falcão, o publicitário Washington Olivetto, o escritor Dias Gomes, os jornalistas Walter Clark, Armando Nogueira e Gabriel Priolli e o atual presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva.

A primeira exibição pública do filme no Brasil ocorreria no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), em março de 1994. Um dia antes da estréia, a polícia militar recebeu uma ordem judicial para apreender cartazes e a cópia do filme, ameaçando, em caso de desobediência, multar a administração do MAM-RJ. O secretário de cultura acabou sendo despedido três dias depois. Durante os anos 1990, o filme foi mostrado em universidades e eventos sem anúncio público de partidos políticos. Em 1995, a Globo entrou com um pedido na Justiça para tentar apreender as cópias disponíveis nos arquivos da Universidade de São Paulo (USP), mas o pedido foi negado. O filme teve acesso restrito a grupos universitários e só se tornou amplamente visto a partir do ano 2000, graças à popularização da internet. A Rede Globo tentou comprar os direitos de exibição do programa no Brasil, provavelmente para tentar impedir sua exibição. Entretanto, antes de morrer, Hartog tinha feito um acordo com organizações brasileiras para que os direitos de exibição do documentário não caíssem nas mãos da Globo, a fim de que pudesse ser amplamente conhecido tanto por organizações políticas quanto culturais. A Globo perdeu o interesse em comprar o filme quando os advogados da emissora descobriram isso, mas até hoje uma decisão judicial proíbe a exibição de Beyond Citizen Kane no Brasil. A Rede Record comprou os direitos de transmissão por aproximadamente 20 mil dólares, e espera a autorização da justiça para trasmitir. Entretanto, muitas cópias ilegais em VHS e DVD do filme vem circulando no país desde então. Há também um livro, que veio logo depois, no qual é feita uma transcrição em português do roteiro e das entrevistas, exceto alguns trechos de entrevistas de rua ou cenas do acervo da Globo. Os trechos não-dublados no vídeo estão presentes na transcrição. O documentário está disponível na internet, por meio de redes peer-to-peer e de sítios de partilha de vídeos como o YouTube e o Google Video (onde foi visto quase 600 mil vezes).

Sinopse:

O documentário acompanha o envolvimento e o apoio da Globo à ditadura militar brasileira, sua parceria com o grupo americano Time Warner (naquela época, Time-Life), algumas práticas vistas como manipulação feitas pela emissora de Marinho (incluindo um suposto auxílio dado a uma tentativa de fraude nas eleições fluminenses de 1982 para impedir a vitória de Leonel Brizola, a cobertura tendenciosa do movimento das Diretas-Já, em 1984, quando a emissora noticiou um importante comício como um evento de comemoração ao aniversário de São Paulo, e a edição, para o Jornal Nacional, do debate do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras de 1989, de modo a favorecer o candidato Fernando Collor de Mello frente a Luís Inácio Lula da Silva), além de uma controversa negociação envolvendo ações da NEC Corporation e contratos governamentais à época em que José Sarney era presidente da República.

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* Não estou tomando partido, nem sequer discutindo, méritos ou deméritos da mídia brasileira ou da mídia em geral. Apenas divulgando um ponto de vista específico, para ser colocado na balança e talvez auxiliar quem quer que seja a ter sua própria opinião. Espero que possa ser útil para vocês.*

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No youtube, em 4 partes:

http://www.youtube.com/watch?v=JA9bPyd1RKQ&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=m0m1rmi-Ooc&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=mERhb-SDnMo&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=pAfAkTFs7wI&feature=related

7 comentários:

Ailton Augusto disse...

Diego,

Muito além cidadão Kane e agora mais além do Baú da Felicidade... Hoje li na internet que o Sílvio Santos fez um empréstimo de R$ 2.5 bilhoes. Fazer o que?

Abraços!

Carolina Lima disse...

O filme Cidadão Kane é considerado, na área de Comunicação, o melhor filme de todos, já que trouxe inúmeras inovações estéticas, influenciando vários outros que vieram depois... O documentário, inspirado nele, mostra bem o monopólio da TV Globo que sob o discurso de "interesse público", manipula a massa de acordo com seus interesses privados. Por isso que acho que não seria tão ruim a criação de Conselhos de Comunicação para fiscalizar a mídia, mas a grande mídia e principalmente a Globo, tem tratado o tema como se fosse a volta da ditadura, que quer calar a liberdade de imprensa... Esse documentário realmente faz pensar sobre isso tudo...

Diego Leite disse...

Aílton,

eu me preocupo com a saúde mental do Sílvio... na verdade, não me preocupo não...

Carolina, valeu pelo comentário, acrescentou ainda mais à postagem.

Abraços!

Ailton Augusto disse...

Diego,

a saúde mental dele não sei a quantas anda. Agora, que é esquisito esse empréstimo bilionário logo depois da vitória da Dilma, isso é...

Por que será que o SBT exibiu o vídeo onde só uma bolinha de papel atingia o Zé Serrote?

Diego Leite disse...

Eu ouvi falar alguma coisa sobre bolinha de papel e zé serrote, mas não estou muito por dentro do que aconteceu. Nem sabia que o SBT exibiu isso...

Então quer dizer que além de mentalmente perturbado, ele também está provavelmente por trás de orgias políticas...

Ailton Augusto disse...

Para não converter este blog de cultura em arena política, te explico o tema por e-mail.

Carolina Lima disse...

Seria uma teoria da conspiração?? rsrsrs! Fiquei curiosa...