segunda-feira, 22 de março de 2010

José Mindlin (1914-2010)

José Ephim Mindlin (1914-2010) era filho de imigrantes judeus russos e natural de São Paulo, capital, tendo bem jovem despertado a paixão por livros que aos poucos começou a colecionar (às vezes comprando títulos mais baratos num sebo e vendendo-os mais caros para outro e, assim capitalizando) até firmar-se como bibliófilo, o maior do Brasil e dos maiores do mundo.
Sua formação foi em Direito pelo Largo de São Francisco (USP) e como empresário da bem sucedida empresa Metal Leve, o que lhe permitiu reinterados investimentos na composição do acervo, estimado em 40 mil exemplares.
Destes contam-se obras raríssimas e de valor incalculável como "Discours sur l'Histoire universelle" (1740) de Jacques-Bénigne Bossuet (Séc. XVII) e "Os Ensaios" de Michel de Montaigne (Séc. XVI) entre outros, sendo que uma parte dele é composto de obras, mapas, manuscritos e gravuras que tem o Brasil como tema e foram por Mindlin e sua esposa Guita, doadas à Universidade de São Paulo (USP) que, a partir da doação, constrói a Biblioteca Brasiliana da qual terá todo seu acervo inteiramente disponibilizado na internet.
Foi também ativo colaborador de instituições ligadas a cultura como a secretaria de cultura da cidade de São Paulo na década de 70 e da Sociedade de Cultura Artística. Em 2006, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL).
Até o fim da vida permaneceu ao lado da mulher (falecida em 2006) lúcido e consciente de que a melhor forma de garantir e multiplicar seu acervo era compartilhá-lo com estudantes, professores, pesquisadores e editores, o que o tornou ainda mais admirado e conhecido no país e exterior como referência no livro e universo da cultura.
De sua lavra temos: "No mundo dos livros" (2009, Agir), "Uma vida entre livros" (2008, Cia das Letras), "Cartas da Biblioteca Guita e José Mindlin" (2008, Terceiro Nome), "Reinações de José Mindlin" com Clara Luz (2008, Ática), "Destaques da Biblioteca indisciplinada" (2006, Edusp), "Memórias esparsas de uma Biblioteca" (2004, Escritório do Livro), "Não faço nada sem alegria" (1999, Museu Lasar Segall) entre outros.

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