segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PUBLICAÇÃO: Textos vencedores do Concurso Literário "Deus sabe de tudo e não é dedo duro"

O guia do mochileiro das galáxias, de Douglas Adams
por Igor de Carvalho Vecchi



Arthur, nosso protagonista, está confortavelmente acostumado com o movimento do barco da vida. Como bom inglês, toma o chá das cinco todas as tardes. Mas eis que ele é tirado abruptamente do seu mundo alguns instantes antes da destruição completa da Terra, e ainda de roupão, parte por uma louca viagem por toda a imensidão da galáxia.

A cada página dos livros da coleção "Guia do mochileiro das galáxias", somos apresentados a conceitos totalmente insanos (Fatores de improbabilidade, Números complexos de caderneta de garçom, Campos de Problema de Outra Pessoa e a Arte de Voar), que, aliados ao bom humor de Douglas Adams, fazem com que tudo pareça ainda mais absurdo. E a melhor parte disso tudo é que todos esses conceitos tão loucos podem se tornar realidade de hoje pra amanhã!

Podemos assim concluir, se fizermos um paralelo com livros antigos de ficção científica, cujas ideias se realizaram. É só observar as histórias de Júlio Verne, sobre viagens à Lua e submarinos e prestar atenção no que é desvendado nos tempos contemporâneos: a física quântica das 11 dimensões, que descreve universos paralelos; a química quântica da antimatéria; a astrofísica dos buracos de minhoca, que (em teoria) podem nos levar a longínquos pontos do Universo e a biologia de animais descobertos recentemente como a bizarra toupeira de nariz estrelado, a bactéria do lago de arsênio e os peixes abissais. Isso soa tão louco quanto o que está nos livros do Guia!

É por isso que a coleção "O Guia do mochileiro das galáxias", escrito por Douglas Adams é minha obra favorita, porque ela me faz imaginar viagens pelo espaço, outras formas de vida inteligente e tomar uma dinamite pangalática, no Restaurante do Fim do Universo.


Vidas Secas (1938) 

por Vicente "Águia voadora"


A minha obra é o livro Vidas Secas (1938) do escritor Modernista Graciliano Ramos.
Escolhi esta, entre muitas que já li, devido a sua grandiosidade na produção escrita da época que trouxe para o público leitor o grande mal/mau que assolava / assola a grande massa populacional, não só regional, mas mundial.

Faço esta ponte para mergulhamos dentro de um quadro da seca e transportamos este quadro para a grande culminância dos fatores que corroboram, também, para o quadro do “mundo de água” ou “o mundo sem a falda d’água”.

Nestes dois quadros teremos: um menino Fabiano, açoitado pela seca do sertão nordestino e um Fabiano, açoitado pela seca da desigualdade urbana; Teremos: uma cachorra Baleia, cadela da família - metaforicamente e uma cachorra Baleia, cadela da família – metaforicamente ou será semanticamente, pois as nuanças dos fatores, muito das vezes heterogêneos transportam o quadro para o homogêneo, ou seja, dois mundos que navegam em um mesmo mar. Vidas e vidas que se cruzam em mundos paralelos psicologicamente.

Sendo assim, quando tentamos analisar a obra, não como leitores comuns, mas como leitores críticos pontearemos um conjunto de fatos e fatores tão comuns entre dois mundos paralelos. 

RESULTADO: Concurso Literário "Deus sabe de tudo e não é dedo duro"

Conforme havia sido anunciado aqui no blog, hoje divulgamos o resultado do Concurso Literário "Deus sabe de tudo e não é dedo duro", promovido pelo Grupo de Leituras Palimpsestos e que tinha a intenção de avaliar relatos de leitura das pessoas que acompanham o blog.

Os dois vencedores foram Vicente Ivo "Águia voadora", de João Pessoa (PB) e Igor de Carvalho Vecchi, de Paraíba do Sul (RJ). O primeiro enviou sua apreciação sobre o clássico Vidas Secas, do alagoano Graciliano Ramos e o segundo descreveu a sensação de viajar pelo espaço através da leitura da série O guia do mochileiro da galáxia, de Douglas Adams. Os dois relatos serão publicados em uma postagem à parte e os exemplares do livro que intitula o concurso serão entregues aos dois participantes, já tendo sido feito contato por e-mail para acertar os detalhes da entrega.

Agradecemos aos leitores que participaram do concurso e esperamos que continuem desfrutando da leitura de nosso blog e que participem também em novas promoções que venham a ser realizadas.

E a literatura no projeto cultural?

Os sinais dados pela presidente Dilma em seu discurso de posse, deixando claro que o governo federal tratará cultura como um processo de desenvolvimento e atividade econômica, que aliado a fortes investimentos em educação, ciência e tecnologia, constituirá a base da nação que queremos construir, são alvissareiros.
Os primeiros passos da ministra Anna de Hollanda são expressivos, e no universo da simbologia, importantes.

Neste mesmo universo simbólico vale também salientar que a presidente Dilma, em seu discurso de posse, incluiu entre os bens culturais citados a literatura, outro fato inédito.

Os Lusíadas relidos no Gabinete Real Português

Curso de Extensão: “Os Lusíadas relidos no Real”

O Polo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras (PPRLB) inicia as comemorações de seu 10º aniversário convidando a todos para uma detida releitura da epopeia camoniana, guiada pela voz crítica de mestres conceituados e apaixonados, que – examinando cantos, ou ecos e espelhos, ou temas afins – evidenciam a beleza e a vigorosa atualidade do texto quinhentista.

Coordenação: Profª. Doutora Gilda Santos (UFRJ/ PPRLB)
Real Gabinete Português de Leitura
Centro de Estudos: Polo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras – PPRLB
Rua Luís de Camões, 30 (Centro) – CEP 20051-020 – Rio de Janeiro – RJ
Tel: 2221-3138 E-mail: gabinete@realgabinete.com.br

Período: de 14/03/11 a 20/04/11 – 24 aulas, 12 aulas, às 2ªs e 4ªs feiras
Inscrições: das 14 às 17:45
Estudantes: 15,00
Demais: 20,00

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Concurso Literário “Deus sabe tudo e não é dedo duro"

O PRAZO PARA PARTICIPAÇÃO NO CONCURSO ESTÁ ENCERRADO. O RESULTADO JÁ FOI DIVULGADO E PODE SER LIDO AQUI.


Escrito pelo jornalista Juliano Nery, o livro “Deus sabe tudo e não é dedo duro e outras histórias” reúne crônicas do autor publicadas na imprensa. Suas histórias retratam o cotidiano, que servem como pano de fundo para suas reflexões.

Entrevistado pelo blog Palimpsestos, Juliano cedeu gentilmente dois exemplares do seu livro para serem sorteados entre os leitores do blog.

CRITÉRIOS PARA PARTICIPAR:

Para participar é fácil: basta se tornar um seguidor do blog Palimpsestos e enviar para o e-mail palimpsestosjf@gmail.com uma resposta à seguinte pergunta: qual é a sua obra literária predileta e por quê?

As respostas passarão por análise dos editores do blog, que irão considerar a correção gramatical, a clareza do texto e os argumentos apresentados para justificar a eleição da obra. O texto deve ser redigido em Times New Roman, tamanho 12, espaçamento simples, no editor de textos Word.

O concurso será finalizado no dia 29/01, e os premiados serão anunciados aqui mesmo, no Palimpsestos no dia 31/01, data em que o grupo comemora dois anos de existência. O contemplado, além de receber o livro, terá seu texto publicado no blog. Participem!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Tom Jobim (1927-1994)

Abro o Google na manhã desta quinta-feira e me deparo com um daqueles desenhos que indicam que o dia de hoje não é um dia como outro qualquer. E mesmo sabendo que o clique neste tipo de imagem vai me direcionar para uma página de busca sobre o dia internacional da dança ou sobre a Guerra de Secessão estadunidense, decidi arriscar.

Para minha surpresa, o homenageado da vez não é um evento e sim um personagem da música popular brasileira: Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, ou, simplesmente, Tom Jobim (1927-1994) que hoje completaria 84 anos se vivo estivesse.

A obra de Jobim inclui várias composições que se tornaram ícones do cancioneiro popular brasileiro, como Garota de Ipanema, Corcovado, Samba de uma nota só, Por causa de você e Luiza, entre muitas outras. E essa condição antológica se deve à qualidade de suas obras e ao quilate de seus intérpretes, cuja lista inclui nomes como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald.

Um ponto que aproxima o músico da literatura é a composição Águas de março (1972). A letra desta canção possui uma coesão que se explicita apenas pela sucessão de idéias e imagens, com pausas que ajudam a conectar tais "flashes" e, de quebra, contribui para o ritmo da composição. Outro ponto de contato de Jobim com a literatura são as várias trilhas sonoras escritas para filmes como Orfeu da Conceição (1958)  e Crônica da casa assassinada (1971), entre outros. 

Também é importante destacar a prolífica parceria com o poeta Vinicius de Moraes, com quem compôs grande quantidade de canções e assentou as bases da chamada Bossa Nova. Abaixo um vídeo de Soneto de Separação, poema de Vinicius musicado por Tom e que é uma pequena amostra do bom resultado da referida parceria entre os dois.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Berlinale – 61 Internationale Filmfestspiele Berlin"



O Festival Internacional do Filme de Berlim (Berlinale) é o maior evento de cinema da Alemanha. Ele acontece anualmente desde 1951, ao redor do Potsdamer Platz, durante duas semanas. Depois do Festival de Cannes, a Berlinale é o segundo maior festival de cinema do mundo e a vitrine do cinema alemão. Cerca de 40 mil espectadores e 16.500 especialistas do ramo – atores, produtores, distribuidores, compradores, financiadores e jornalistas – participam todos os anos do evento. O ponto alto de cada Berlinale é a entrega dos prêmios oficiais, os Ursos, por um júri internacional. A esses prêmios concorrem filmes de todo o mundo, que fazem a sua estréia européia e internacional durante o festival. Paralelamente ao festival, a Berlinale apresenta um festival de filme infantil, um fórum do cinema alemão e um fórum internacional do cinema jovem. E há ainda uma retrospectiva e uma homenagem dedicadas à obra de uma grande personalidade do mundo cinematográfico. A mostra engloba 350 filmes. A Federação arca com dois terços dos dez milhões de euros, custo total da Berlinale. O restante é coberto pela arrecadação de entradas e por patrocinadores. Desde 2003, são convidados anualmente 500 jovens talentos de todo o mundo a participar do Campus de Talentos da Berlinale, para trocar know how e idéias.

Neste ano de 2011 o evento acontece de 10 a 20 de fevereiro e logo no início do mês a programação já estará no website oficial (em inglês ou alemão):

http://www.berlinale.de/

De tudo um pouco...

Está em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei que promete incomodar o circuito livreiro. O PL 7913/10, de autoria do deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG), pretende dispor sobre o que ele chama de "livre circulação de livros e produções intelectuais" e vem causando fortes reações por parte do mercado editorial.
O projeto estabelece que livrarias aceitem para exposição e venda todos os livros oferecidos, numa tentativa de, assim, eliminar a restrição que se impõe aos novos escritores, não apadrinhados por grandes editoras. Em caso de recusa de alguma obra por parte das livrarias, passaria a ser necessário a apresentação de uma comunicação por escrito ao editor e ao autor do mesmo, expondo as razões desta atitude, e cabendo a estes recorrer da decisão junto aos dirigentes da Câmara Brasileira do Livro ou as Câmaras Estaduais do Livro, que teriam o poder de decisão sobre o caso.
Como nada é simples na vida, também nesse assunto não seria diferente. Embora a proposta possa aparentemente agradar escritores iniciantes na carreira, o resultado pode levar a uma distorção e a um caos no sistema de vendas de livros, levando ao que alguns tem apontado como uma confusão entre a concepção do que é uma bilbioteca e uma livraria. Além de inexequível por razões óbvias, pode até constituir um contradição em relação a própria legislação, no que diz respeito à livre concorrência. E, enquanto isso, o mercado padece com a falta de medidas que possam realmente aumentar o acesso da população aos livros e a sobrevivência das editoras e livrarias.
Depois de ser apresentado no plenário dia 17 de Novembro passado, o projeto seguiu para a Mesa Diretora da Câmara e agora está na Comissão de Educação e Cultura, sob relatoria do Deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) (não se espantem ao encontrar o nome do próprio Bonifácio como membro desta comissão). O projeto aguarda parecer e está sujeito a receber emendas e, enquanto isso, a Associação Nacional de Livrarias (ANL) tenta revertar a situação e impedir que o projeto passe.
Para conferir mais detalhes dessa polêmica, veja o post de Jaime Mendes no blog Livro, Livrarias e Livreiros e acompanhe o andamento do projeto no site da Câmara.

Caravana da Artesania em JF

Chegará à JF, em Fevereiro, a Caravana da Artesania, uma iniciativa do Teatro Terceira Margem, de BH. Mais informações no cartaz abaixo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"Prémio Fernão Mendes Pinto"

Encontram-se disponíveis as candidaturas para o Prémio Fernão Mendes Pinto, até 30 de Maio de 2011. No valor de 10.000 € (dez mil euros), este prêmio é instituído pelo Conselho de Administração da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que resulta de um protocolo de cooperação entre a AULP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Instituto Camões (IC). É concedido a estudantes de mestrado ou doutorado que tenham desenvolvido em suas teses trabalhos que contribuem para a aproximação das comunidades de língua portuguesa, e defendidas durante o ano anterior, ou seja, em 2010.

Obs: Para além do prêmio monetário, a obra do laureado será publicada pelo Instituto Camões.
O vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto, edição 2010, será anunciado no XXI Encontro da AULP- Associação das Universidades de Língua Portuguesa, no Instituto Politécnico de Bragança, entre os dias 6 e 9 de Junho de 2011.
Maiores informações e contatos:
Endereço: Avenida Santos Dumont, nº 67-2ºandar
Caixa Postal: 1050-203 Lisboa – Portugal
Telefone: (+351) 217 816 360/ 217 816 365
www.aulp.org

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lei Municipal de Incentivo à Cultura e ao Esporte Alcyr Pires Vermelho - FUNDARTE / Prefeitura de Muriaé


Do dia 20 de janeiro ao dia 20 de fevereiro, a Fundação de Cultura e Artes de Muriaé (FUNDARTE), órgão ligado à prefeitura da cidade de Muriaé, receberá inscrições de projetos de caráter artístico-cultural, esportivo e turístico amador para o processo de análise e posterior concessão dos benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Esporte e ao Turismo exercício 2011.

O total destinado ao financiamento dos projetos é de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), havendo limite máximo de até R$ 12.000,00 (doze mil reais) para cada projeto que vier a ser aprovado.

O formulário para inscrição dos projetos e o edital completo, com todas as regras do certame, podem ser obtidos no endereço eletrônico: http://www.fundartemuriae.com.br e em todos os departamentos da FUNDARTE.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"My French Film Festival"

 Uma boa alternativa para quem quer sair do roteiro cinematográfico com cheiro de pipoca de microondas é o My French Film Festival, que começou na última sexta e vai até dia 29 de Janeiro.
Produzido pela UniFrance e pela Allocine, é o primeiro festival de cinema exclusivamente on-line e conta com 23 filmes, entre curtas e longas, que participaram de festivais de cinema ao longo dos últimos dois anos e, em sua maioria, não chegou nem perto dos circuitos comerciais. Para se ter uma idéia, dos 10 longas exibidos, 9 nunca estrearam no Brasil (Apenas "Complices", de Frédéric Mermoud já passou por aqui, na Mostra de São Paulo).
E para melhorar, os filmes exibidos estão disponíveis em 10 idiomas (alemão, inglês, árabe, espanhol, francês, italiano, japonês, português, russo e coreano), com traillers e entrevistas gratuitos, embora pelo filme seja preciso pagar: os curtas saem por 0,99€ e os longa-metragens por 1,99€ e ainda é possível comprar pacotes.
Além de premiar os filmes, os internautas, blogueiros e a imprensa que participarem do festival também concorrem a prêmios.
Para conferir a programação completa, é só acessar: http://www.myfrenchfilmfestival.com/pt/selection#inCompetition

sábado, 15 de janeiro de 2011

Desista!

Após adaptar a novela kafkiana "A metamorfose" para os quadrinhos, Peter Kuper apresenta agora a coletânea "Desista!" que traz nove histórias também do escritor tcheco, ilustradas com o traço peculiar do americano que alia tendências pós-modernistas às deformações do Expressionismo. Dentre as nove histórias, pode-se destacar o clássico "Um artista da fome" e ainda o menos conhecido "A ponte". A obra chega até nós através da Editora Conrad, a mesma responsável pela outra adaptação da obra de Kafka feita por Kuper.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Revista Cultural "Nota independente"

Esta postagem surge em atenção ao contato de um dos leitores e seguidores do blog. Rubem Leite é diretor, professor e ator de teatro e, além dessas e de outras atividades, também atua em prol da cultura na internet através do blog aRTISTA e aRTEIRO e da publicação de "crontos" na seção Cronista de 5ª da Revista Cultural Nota Independente.

A Nota Independente surgiu no ano 2000 (então, apenas na internet), como resposta às cobranças do público e dos artistas envolvidos no cenário cultural, independente e underground de Belo Horizonte. As matérias visavam informar a todos sobre tudo o que acontecia de relevante na cidade naquele tempo.

A partir de 2003, a revista passou a circular em forma impressa também, com distribuição gratuita dos exemplares e, recentemente, os idealizadores conseguiram colocar no ar um programa de rádio. Essas conquistas configuram o que os autores da revista chamam de segunda e terceira fases da Nota Independente.

É um trabalho que vale a pena conhecer e que, passados  dez anos de existência, já credencia a Nota Independente como importante espaço de divulgação de cultura, abarcando não só Belo Horizonte, mas também outras partes de Minas e, ainda, do país.

Para conhecer a revista, acesse: http://www.notaindependente.com.br/

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

10ª Campanha de Popularização do Teatro de Juiz de Fora

No próximo dia 15 de janeiro começa a 10ª Campanha de Popularização do Teatro de Juiz de Fora, com ingressos sendo vendidos a R$ 5,00 (cinco reais) no Parque Halfeld. As apresentações ocorrem em diversos teatros e espaços culturais da cidade e seguem até o dia 13 de fevereiro. Lamentavelmente, o evento chega à sua décima edição com pouco a comemorar - na modesta opinião do autor deste post.

Com altos e baixos ao longo dos anos, a Campanha deste ano peca ao apresentar uma programação adulta composta basicamente por comédias (já apresentadas anteriormente no circuito juizforano, diga-se de passagem) e ao disponibilizar poucos espetáculos para o público infantil-juvenil. Outra mudança foi a desvinculação com academias de dança, a qual se pode notar desde o título do evento onde a expressão "e dança" não mais se segue a teatro.

Àqueles que desejam passar pelo Parque Halfeld para pedir o caderno com a programação completa, resumo das peças e endereço dos teatros (como já foi possível fazer em outros anos), fica o aviso de que este tipo de material não está disponível. Após a ausência de público do ano anterior, creditada, em parte, ao aumento dos ingressos - que custavam R$ 7,00 (sete reais) -; os organizadores decidiram voltar a cobrar o valor de R$ 5,00 (cinco reais) mencionado acima, mas, para isso, optaram por um visível empobrecimento da parte de divulgação das peças que serão apresentadas e que é, até o momento, a única coisa que podemos avaliar. E, embora seja complicado julgar o evento apenas pelo programa disponibilizado, a qualidade e o conteúdo dele nos permitem fazer uma primeira avaliação bastante desalentada.

Confira a programação: 

María Elena Walsh (1930-2011)

Na última segunda-feira, 10 de janeiro de 2011, faleceu em Buenos Aires a escritora María Elena Walsh, deixando órfãos vários argentinos que se criaram ao som de suas canções e lendo seus livros destinados ao público infantil, tais como Cuentopos de Gulubú (1966), Bisa vuela (1985) e Manuelita ¿Dónde vas? (1997), este último levado ao cinema em 1999 por Manuel Garcia Ferré.

Nascida em 1930, Walsh era descendente de ingleses e andaluzes. Criada em um ambiente de muita leitura, publicou seu primeiro livro de poesias - Otoño imperdonable (Outono imperdoável) - aos 17 anos, indo pouco tempo depois para um exílio na Europa, junto com a conterrânea Leda Valladares. Neste período começa a compor e a interpretar canções para crianças e temas folclóricos.

Para saber mais sobre a vida e a obra da autora, acesse: http://www.me.gov.ar/efeme/mewalsh/index.html (em castelhano)

Para encerrar este post, deixo um vídeo da também argentina Mercedes Sosa, interpretando "Como la cigarra", uma das composições mais conhecidas de María Elena Walsh e, como diz La Negra ao final da interpretação, os que compreendem o idioma espanhol verão que se trata de uma linda mensagem. 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Lançada biografia de Baudelaire

Charles Baudelaire (1821-1867) é uma das personalidades mais contraditórias da história da literatura. Inovador em sua poesia e em sua abordagem da arte e da música, defensor feroz da liberdade de costumes, ele denigre o progresso e despreza o povo. Sua vida, ao mesmo tempo faustosa e miserável, dissoluta e magnífica, deplorável e deslumbrante, foi a de um pária genial. Para conhecer melhor a trajetória de Baudelaire, vale à pena ler a biografia escrita por Jean-Baptiste Baronian, traduzida agora para o português e publicada na coleção Biografias L&PM Pocket.

Como o mais moderno de todos os poetas, traz para dentro de sua obra a crise que se instaura num mundo onde é impossível fazer conviver uma sensibilidade exacerbada (aristocrática) e a experiência de estar no âmago de uma civilização moderna (burguesa). Sua obra traduz e amplia essa crise, nos revelando o êxtase da imaginação, as dores da sensualidade, o grotesco dos desejos, o tédio e a riqueza da vida na mais moderna e cultural das capitais do mundo, Paris.

Inovando não só na poesia, onde criou, segundo Victor Hugo, "un nouveau frisson", Baudelaire também foi um exímio crítico de pintura, música e literatura, além de tradutor para o francês da obra do escritor Allan Poe, que considerava sua alma gêmea. Sua poesia influenciou a nova geração de poetas que despontou logo a seguir, como Rimbaud, Verlaine, Mallarmé, Valéry, para ficar apenas no século XIX. Importantes estudiosos da cultura se debruçaram sobre seu trabalho, como Walter Benjamim, Sartre, T. S. Eliot, Paul Valéry, Bernard-Henry Lévy, entre outros, sendo Baudelaire também um dos poetas mais estudados pela crítica literária acadêmica do mundo.

Confira o poema Gênio do Mal, presente no livro “As Flores do Mal”:

Gostavas de tragar o universo inteiro,
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro,
Para se exercitar no jogo singular,
Por dia um coração precisa devorar.
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras
Das barracas de feira, e prendem como garras;
Usam com insolência os filtros infernais,
Levando a perdição às almas dos mortais.

Ó monstro surdo e cego, em maldades fecundo!
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo
Tu não sentes pudor? o pejo não te invade?
Nenhum espelho há que te mostre a verdade?
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto.
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto
Quando a Natura-mãe, com um fim ignorado,
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! —
Vai recorrer a ti para um génio formar?

Ó grandeza de lama! ó ignomínia sem par.

Mais informações aqui.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Chamadas para postagens sobre a obra de Goethe

O Portal Época de Goethe, vinculado a um projeto de Extensão da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, executado por Juliana Couto e orientado pela prof.ª dr.ª Magali dos Santos Moura, está expandindo a possibilidade de publicações sobre o poeta alemão Goethe e sua obra. Importam trabalhos na linha de pesquisa sobre a Época de Goethe, podendo ser artigos já editados, teses e dissertações.
O Portal Época de Goethe foi pensado a partir dos trabalhos realizados pelo grupo de pesquisa Literatura, Arte e Filosofia na Época de Goethe, sediado na UERJ e na UNESP. A Época de Goethe se caracteriza como o período da cultura alemã que tem início em 1720 e termina em 1840, cujo traço distintivo é a interculturalidade e a intertextualidade fomentadas por intensos e calorosos debates entre os intelectuais do período. Tais diálogos foram decisivos para a formação da moderna literatura alemã, o que confirma a pertinência da criação do grupo de pesquisa e, consequentemente, do portal. O projeto consiste em um website, onde o público acadêmico tem acesso aos trabalhos desenvolvidos pelo grupo supracitado.
Mais informações no site www.epocadegoethe.com.br
*A foto acima é da casa de campo de Goethe, às margens do rio Ilm.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

A portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, autora da obra eleita para o mês de janeiro, nasceu em 1919, na cidade do Porto (Portugal). Descendente de dinamarqueses e de aristocratas portugueses, a escritora começou o curso de  Filologia Clássica na Universidade de Lisboa, confirmando a forte tendência humanística de sua formação e personalidade.

Preponderantemente autora de poesias, Sophia de Mello também se destacou como autora de livros infantis. Em prosa, chamam a atenção as histórias reunidas em Contos exemplares, que o grupo decidiu ler agora em janeiro. Também merece menção a sua posição engajada frente ao governo de Antonio Salazar, de que são testemunhas obras como Tempo DivididoO Livro Sexto. 

Um dado interessante que descobri pesquisando sobre a autora na internet foi que em 1956 ela publicou um ensaio intitulado A poesia de Cecília Meireles. Digo que achei interessante porque a poesia de Cecília, assim como a de Sophia, tem no mar um de seus temas mais freqüentes.

Laureada com o Prêmio Camões no ano de 1999, Sophia é uma autora relativamente pouco conhecida fora de Portugal, tendo alguns de seus livros traduzidos na França, na Itália e nos Estados Unidos. Mesmo aqui no Brasil, onde a língua original dos seus textos não deveria ser empecilho, não foi possível localizar com facilidade edições de sua obra.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Doc.: Sophia de Mello Breyner Andresen

Realizado em 1969, pelo cineasta João César Monteiro e produzido por Ricardo Malheiro, o curta português Sophia de Mello Breyner Andresen apresenta a obra poética da escritora de nosso livro do mês "Contos Exemplares" (1962). O curta, considerado uma experiência ímpar no chamado documentarismo do cinema novo português, foi filmado em preto e branco e permite acompanhar, ao longo de seus 19 min. de duração,  o olhar reverente e contemplativo da poetisa enquanto recita suas poesias.
Infelizmente, parece não estar disponível para donwload...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

VIII Concurso Literário virArte


O VIII CONCURSO LITERÁRIO  virArte está com inscrições abertas até 20 de fevereiro de 2011. Podem participar poetas brasileiros ou de outras nacionalidades, com trabalhos de tema livre e, no máximo, 28 linhas.

A inscrição custa R$ 10,00 e dá direito a enviar até três trabalhos. Os trabalhos podem ser enviados por e-mail para edinaraleao@yahoo.com.br ou por correio para

VIII CONCURSO LITERÁRIO  virArte
Rua Marquês do Herval, 279 – 97060 .430 Santa Maria/RS

Junto com os poemas deve ser enviado o comprovante de depósito. Os resultados serão divulgados em 20/03/2011.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Lisbonne", Sophia de Mello Breyner Andresen

O poema "Lisbonne", de Sophia de Mello Breyner Andresen, grafado num banco do Castelo de São Jorge, em Lisboa.
Aqui, a versão completa, em português.

LISBOA

Digo: "Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu próprio nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver

Colóquio: Portugal entre desassossegos e desafios

Em fevereiro próximo, estará acontecendo o Colóquio Internacional "Portugal entre desassossegos e desafios", organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que será na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, entre 17 e 18 de fevereiro de 2011. Dentre os convidados destacam-se, entre outras, as participações de Hélia Correia (Escritora portuguesa), Paulina Chiziane (Romancista moçambicana), Ungulani Ba Ka Khosa (Historiador e escritor moçambicano) e Peter Ronald de Souza (Indian Institute of Advanced Study / CES Asia, em processo de constituição - Nova Deli). Maiores informações: www.ces.uc.pt

"Billy the Kid"


Leio nos jornais do primeiro dia do ano que, Billy the Kid ou William Henry Bonney (1859-1881), um dos mais célebres cowboys do Velho Oeste Americano, consagrado pelo cinema e, também, pelos jornais e literatura, teve seu pedido de perdão negado pelo atual governador do Estado do Novo México, Bill Richardson.
Tal pedido que, na verdade, lhe fora prometido à época pelo então governador Lew Wallace (que serviu como general na Guerra Civil americana e é autor de "Ben Hur") se testemunhasse contra um grupo de extermínio.
A história de Billy the Kid, que matou 21 homens "fora os mexicanos" e foi morto aos 21 anos, pelo xerife Pat Garret, figuraria bem na obra de Jorge Luis Borges "A história universal da infâmia" (1935). Obra do início de sua carreira literária quando começava a se aperfeiçoar no gênero do conto, do qual se tornaria um dos grandes mestres do século XX. Nesta obra, temos a inusitada temática e exercício ficcional inspirado em personagens reais do mundo do crime, estes, conhecidos por Borges quando jornalista, publicando "biografias infames" nas páginas da Revista Multicolor de los Sábados, no jornal Crítica, de Buenos Aires.
Decerto que se tais personagens reais não obtiveram o perdão das autoridades por seus crimes, que ao menos, será possível terem a remissão dos leitores por suas vidas quase lendárias, posto que pareceram mais personagens de ficção, cujo a realidade dos fatos e atos, estampando os jornais, também serviram para inspirar a literatura.
De todo coração: eu perdôo Billy the Kid!
Sinopse:
"Antes de escrever 'Ficções' e 'O Aleph', Borges trabalhou como jornalista e publicou as 'biografias infames' nas páginas do jornal 'Crítica', de Buenos Aires, que introduziu um jornalismo moderno na Argentina, aberto ao sensacionalismo do Cidadão Kane e à participação dos grandes escritores do momento. Dividindo suas histórias com manchetes, entregando-se ao prazer intenso de imaginar crimes violentos, Borges inventa novas versões de casos de infâmia, alguns famosos, outros desconhecidos. Cria um estilo, de enumerações heterogêneas e tom sensacionalista. Borges, já conhecido nos anos 20 como grande poeta e ensaísta, descobre sua vocação de contista. 'História universal da infâmia', publicado em 1935, foi durante anos um livro quase secreto, embora um dos contos, 'Homens da esquina rosada', ficasse famoso pela evocação dos compadritos, os criminosos pitorescos dos bairros de Buenos Aires."

domingo, 2 de janeiro de 2011

"Mar de Sophia"

 “O mar, metade de minha alma é feita de maresia”
Sophia de Mello Breyner Andresen


A autora da obra eleita para este mês, a portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, não encantou apenas escritores, mas também inspirou o albúm Mar de Sophia, da cantora Maria Bethânia. Lançado em 2006, o albúm traz composições como "Poema azul", "Debaixo d'água", "Memórias do mar", além da quadrinha de Carlos Drummond de Andrade, "O mundo é grande", todas tendo como tema o mar e seus símbolos e envolvidos pelos versos da escritora portuguesa, extraídos de textos como Inscrição e Inicial.   
Depois de lançado no Brasil, o disco foi lançado em Portugal, em 2007, juntamente com o albúm "Pirata", no show "Dentro do mar tem rio", realizado no Porto, terra natal de Sophia, além de Lisboa e Figueira da Foz.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Aleph, 2011

"Toda linguagem é um alfabeto de símbolos cujo exercício pressupõe um passado que os interlocutores compartem; como transmitir aos outros o infinito Aleph, que minha temerosa memória mal e mal abarca?

[...] Vi o populoso mar, vi a aurora e a tarde, vi as multidões da América, vi uma prateada teia de aranha no centro de uma negra pirâmide, vi um labirinto roto (era Londres), vi intermináveis olhos próximos percrustrando-me como num espelho, vi todos os espelhos do planeta e nenhum me refletiu, vi num pátio da rua Soler as mesmas lajotas que, há trinta anos, vi no vestíbulo de uma casa em Fray Bentos, vi cachos de uva, neve, tabaco, veios de metal, vapor de água, vi convexos desertos equatoriais e cada um de seus grãos de areia, vi em Inverness uma mulher que não esquecerei, vi a violenta cabeleira, o altivo corpo, vi um câncer no peito, vi um círculo de terra seca numa calçada onde antes existira uma árvore, vi uma chácara de Adrogué, um exemplar da primeira versão inglesa de Plínio, a de Philemon Holland, vi, ao mesmo tempo, cada letra de cada página (em pequeno, eu costumava maravilhar-me com o fato de que as letras de um livro não se misturassem e se perdessem no decorrer da noite), vi a noite e o dia contemporâneo, vi um poente em Querétaro que parecia refletir a cor de uma rosa em Bengala, vi meu dormitório sem ninguém, vi num gabinete de Alkmaar um globo terrestre entre dois espelhos que o multiplicam indefinidamente, vi cavalos de crinas redemoinhadas numa praia do mar Cáspio, na aurora, vi a delicada ossatura de uma mão, vi os sobreviventes de uma batalha enviando cartões-postais, vi numa vitrina de Mirzapur um baralho espanhol, vi as sombras oblíquas de algumas samambaias no chão de uma estufa, vi tigres, êmbolos, bisões, marulhos e exércitos, vi todas as formigas que existem na terra, vi um astrolábio persa, vi numa gaveta da escrivaninha (e a letra me fez tremer) cartas obscenas, inacreditáveis, precisas, que Beatriz dirigira a Carlos Argentino, vi um adorado monumento em La Chacarita, vi a relíquia atroz do que deliciosamente fora Beatriz Viterbo, vi a circulação de meu escuro sangue, vi a engrenagem do amor e a modificação da morte, vi o Aleph, de todos os pontos, vi no Aleph a terra, e na terra outra vez o Aleph, e no Aleph a terra, vi meu rosto e minhas vísceras, vi teu rosto e senti vertigem e chorei, porque meus olhos haviam visto esse objeto secreto e conjetural cujo nome usurpam os homens, mas que nenhum homem olhou: o inconcebível universo. [...]"

Jorge Luis Borges
In:
O Aleph, 1949
A todos: que cada livro, cada texto em 2011, se converta num Aleph entre descobertas e reconhecimentos que das letras aos versos, nos revelem mundos e desnude universos.