Leio nos jornais do primeiro dia do ano que, Billy the Kid ou William Henry Bonney (1859-1881), um dos mais célebres cowboys do Velho Oeste Americano, consagrado pelo cinema e, também, pelos jornais e literatura, teve seu pedido de perdão negado pelo atual governador do Estado do Novo México, Bill Richardson.
Tal pedido que, na verdade, lhe fora prometido à época pelo então governador Lew Wallace (que serviu como general na Guerra Civil americana e é autor de "Ben Hur") se testemunhasse contra um grupo de extermínio.
Tal pedido que, na verdade, lhe fora prometido à época pelo então governador Lew Wallace (que serviu como general na Guerra Civil americana e é autor de "Ben Hur") se testemunhasse contra um grupo de extermínio.
A história de Billy the Kid, que matou 21 homens "fora os mexicanos" e foi morto aos 21 anos, pelo xerife Pat Garret, figuraria bem na obra de Jorge Luis Borges "A história universal da infâmia" (1935). Obra do início de sua carreira literária quando começava a se aperfeiçoar no gênero do conto, do qual se tornaria um dos grandes mestres do século XX. Nesta obra, temos a inusitada temática e exercício ficcional inspirado em personagens reais do mundo do crime, estes, conhecidos por Borges quando jornalista, publicando "biografias infames" nas páginas da Revista Multicolor de los Sábados, no jornal Crítica, de Buenos Aires.
Decerto que se tais personagens reais não obtiveram o perdão das autoridades por seus crimes, que ao menos, será possível terem a remissão dos leitores por suas vidas quase lendárias, posto que pareceram mais personagens de ficção, cujo a realidade dos fatos e atos, estampando os jornais, também serviram para inspirar a literatura.
De todo coração: eu perdôo Billy the Kid!
Sinopse:
"Antes de escrever 'Ficções' e 'O Aleph', Borges trabalhou como jornalista e publicou as 'biografias infames' nas páginas do jornal 'Crítica', de Buenos Aires, que introduziu um jornalismo moderno na Argentina, aberto ao sensacionalismo do Cidadão Kane e à participação dos grandes escritores do momento. Dividindo suas histórias com manchetes, entregando-se ao prazer intenso de imaginar crimes violentos, Borges inventa novas versões de casos de infâmia, alguns famosos, outros desconhecidos. Cria um estilo, de enumerações heterogêneas e tom sensacionalista. Borges, já conhecido nos anos 20 como grande poeta e ensaísta, descobre sua vocação de contista. 'História universal da infâmia', publicado em 1935, foi durante anos um livro quase secreto, embora um dos contos, 'Homens da esquina rosada', ficasse famoso pela evocação dos compadritos, os criminosos pitorescos dos bairros de Buenos Aires."
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