sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"A sede e o copo cheio de água"

Bem interessante a matéria de Josélia Aguiar sobre a superprodução, o descarte e a perda de livros, publicada na Folha de São Paulo (não, não... não estou recebendo nada por essas referências nas últimas postagens...). Baseada em números de livros perdidos ou propositalmente abandonados em locais como estações de metrô, a reportagem comenta hipóteses curiosas para o fenômeno, além de apresentar números desafiadores para aqueles que proclamam o fim do livro e o destino dado pelas editoras à produção "encalhada".
Sobre o aspecto da superprodução, os índices nacionais parecem confirmar a afirmativa do ensaísta mexicano Gabriel Zaid ("Livros demais!", 2004), de que a leitura de livros cresce aritmeticamente, enquanto a escrita de livros cresce exponencialmente, mostrando que não é por falta de opção que não se lê mais.
Numa rápida enquete, realizada no dia 10 de Junho, no setor de achados e perdidos do Metrô de São Paulo, foram encontrados 110 livros, entre Bíblias, livros de autoajuda, romances best-seller e livros técnico-didáticos. Estavam lá, por exemplo, "O Segredo", de Rhonda Byrne, "A Cabana", de William P. Young, e "O Vendedor de Sonhos", de Augusto Cury e "Polyanna", de Eleanor H. Porter. No amontoado, apenas três clássicos: "Suave é a Noite", de F. Scott Fitzgerald, "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, ambos em edições antigas, da década de 1980, e "Crime e Castigo", de Dostoiévski, em novíssima versão de banca. Nenhum de poesia. Nenhum de ficção brasileira ou estrangeira contemporânea. Nada sobre crítica literária, nem filosofia.
Para Galeno Amorim, coordenador da pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", há uma coincidência entre os livros mais esquecidos pelos passageiros do Metrô de São Paulo e aqueles indicados no estudo sobre o comportamento de leitor dos brasileiros, o que não deixa de ser um mau sinal...


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