segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Francis Bacon (1909-1992)

Nos últimos encontros, ainda que com variadas obras, autores ou períodos históricos, temos nos deparado com conceito central nos conteúdos e debates: o corpo.
E e tal ponto de ser mesmo uma temática central implícita na obra de Calvino ("O cavaleiro inexistente"), Kafka ("A metamorfose") ou de Shelley ("Frankenstein") entre outras, direta ou indiretamente.
Neste sentido torna-se interessante expandir e somar as reflexões no variado leque reflexivo sobre o mesmo corpo, como a obra de Francis Bacon (1909-1992).
De vida atribulada vivida entre a Irlanda e a inglaterra e fruto de um casal tão distinto quão diferente (pai rude militar, depois treinador de cavalos e mãe herdeira empreendedora de negócios de aço e carvão) não herdando nada destas características, sofreu nas mãos do pai, ora por sua homossexualidade, ora pela condição de asmático, como também pelas constantes mudanças e ausências da família, vivendo mais tarde algo errante por cidades como Londres, Paris (onde teria direta e intensa relação com a pintura) e Berlim.
A homossexualidade tencionava a relação com o duro pai, a quem progressivamente consolidou um comportamento em oposição, assim como da própria Irlanda, que influenciou sua arte e a quem tratou com desdém.
Em sua obra o corpo se apresenta em meio a fantasias masoquistas e pedófilas (ainda hoje choca) no contexto de uma tensão homoerótica, ligado as técnicas de dissecação forense com destaque para os fluidos corporais como sangue, bílis, esperma, urina, etc, é o corpo retratado de muitos modos e como o espaço para o pleno exercício de sua criatividade, sensibilidade e pensamento.
Tudo sempre tenso e trangressivo quer seja relacionado a religião ou ao sexo, caso exemplar de sua obra a partir de Velázquez (1599-1660) no seu retrato do "Papa Inocêncio X" e de outros, alguns tabus, retratados por sua visão de mundo e estética absolutamente original.

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