Rei dos Francos e Lombardos e primeiro imperador do Sacro Império Romano Germano (restauração do antigo Império Romano do Ocidente) Carlos Magno (747-814) é um dos personagens reais e centrais da história de Ítalo Calvino no seu "O cavaleiro inexistente".
Carlos Magno ou Carlos, o Grande (no alemão Karl der Große, francês Charlemagne, latim Carolus Magnus), filho de Pepino - o breve - este, o primeiro rei carolíngio é personagem histórico dos mais complexos pelo que viveu e, inestimável pela importância do que fez.
Dando continuidade ao processo de ordenamento econômico na cunhagem das moedas (resgatando o antigo sistema dos gregos e romanos) iniciado por seu pai, realizou também as mais notáveis conquistas da história na Europa de então dividida em tribos e reinados, culturas, línguas e religiões do qual como cristão, levou aos povos conquistados a unificação religiosa pela conversão ao cristianismo. De suas muitas conquistas após sangrentas batalhas, destaca-se a Saxônia no século VIII, do qual o imperador romano Augusto (63 a.C.-14 d.C.) séculos antes, jamais conquistara apesar de toda a força do Império Romano de então, embora diferente de Carlos Magno, tenha expandido a conquista territorial romana até a península Ibérica.
Contudo seu feito mais notável é o processo de reforma na educação elaborado pelo monge inglês Alcuíno de York (735-804), resgatando o saber clássico através do estudo das Artes Liberais, isto é; o Trivium ou ensino literário (gramática, retórica e dialética) e do Quadrivium ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música).
Em 787 decretos de Carlos Magno destinavam em toda a extensão de seu Império a restauração das antigas escolas (origem da chamada Escolástica) e a fundação de novas, em geral monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais próximas às sedes bispais ou palatinas, junto às cortes. A reforma preparou a Europa para o "Renascimento do Século XII", onde a dialética (ou lógica) retomaria mais adiante o interesse pela investigação especulativa e posteriormente, daria vez na tradição filosófica cristã a Escolástica. É também destas escolas a base para muitas das universidades medievais e, mais tarde, as nossas modernas.
Um feito ainda mais admirável para um personagem tido como analfabeto e que no entanto, reconheceu o valor do conhecimento com esta iniciativa e, talvez por isso, tão célebre e presente desde então às mais diversas expressões de culturas, línguas e épocas.
E que ao contrário do cavaleiro de Ítalo Calvino, de fato existiu.
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