Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781), poeta, dramaturgo, filósofo e crítico de arte alemão, é considerado um dos maiores representantes do Iluminismo (Aufklärung) na Alemanha e o fundador da dramaturgia alemã moderna.
Emília Galotti (título original: Emilia Galotti. Ein Trauerspiel in fünf Aufzügen) é uma peça trágica publicada em 1772. Apesar de se poder entender a obra como uma trágica história de amor, ela pode ainda ser vista em sua dimensão política e social, uma vez que contém uma denúncia contra a opressão e o abuso de poder, a corrupção e o sistema de privilégios, o absolutismo e a falta de liberdade que permeavam a realidade da Alemanha no século XVIII. Emília é a porta-voz da classe média (burguesia), cujos sentimentos e direitos civis são vitimados pela prepotência e luxúria dos nobres. Em conformidade com os ideais da Aufklärung, a peça defende valores como o respeito à individualidade, a igualdade entre todos, o direito à justiça. É possível também observar nesta obra uma contribuição decisiva ao estabelecimento do teatro alemão, enquanto estandarte de uma nova concepção estética. Em uma época em que a Alemanha sofria grande influência do modelo francês neoclássico, Lessing propôs-se a criar uma forma de tragédia que não fosse submissa ao modelo francês. Criou, assim, o conceito de “tragédia burguesa”, concepção que pretendia tornar o teatro um reflexo vivo do seu momento histórico e de sua realidade político-social. Ela se diferencia da tragédia da Antiguidade exatamente pela ambientação no meio social da classe burguesa e por ter em seu centro um conflito trágico marcado por esse ambiente social. As bases lançadas por Lessing forneceram impulsos decisivos aos dramaturgos do Sturm und Drang (Schiller, Goethe, Lenz) e gerações posteriores (Kleist, Hebbel, Hauptmann etc.)
Uma obra excelente, que mostra também a influência de Shakespeare – o qual Lessing admirava profundamente – sem perder, contudo, a grande originalidade.
Sinópse:
A história se desenrola em torno de Emília, cuja beleza desperta a paixão do príncipe Hetorre Gonzaga, o qual tem por hábito realizar seus desejos e caprichos sem restrições. Por conta desta paixão, o príncipe resolve interpor-se entre Emília e seu Noivo, o Conde Appiani, logo antes do matrimônio, elaborando planos, com a ajuda de seu camareiro Marinelli, para alcançar o seu objetivo.
Nota: Este texto foi elaborado a partir, principalmente, da introdução de Karin Volobuef, que traduziu a obra publicada pela Editora Hedra em 2010.
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