terça-feira, 29 de março de 2011

"Os filósofos e as máquinas" de Paolo Rossi

A leitura de A invenção de Morel de Adolfo Bioy Casares, sucitou-me no encontro do último dia 19 de março muitas questões... algumas não puderam ser aprofundadas, o que aliás sempre acontece. No caso a questão da relação entre o homem e as máquinas... relação que pode ser considerada, conforme perspectiva ou interpretação, tão antiga quanto o próprio homem. Isto, se compreendermos o conceito de homo faber paralelo ou mesmo anterior ao de homo sapiens que se sapiens era, o era por dominar técnicas, ferramentas e recursos em que pouco à pouco, o situaram à parte no conjunto da natureza, inaugurando seu mundo próprio: o da cultura. O mesmo onde supostamente se crê e afirma-se "superior" ao da própria natureza de onde é originário, e acredito, radicalmente pertencente como um ser e criatura como outra qualquer. Uma obra interessante para pensar essa relação, em particular a partir do período moderno, é a de Paolo Rossi, professor de História da Universidade de Florença: Os filósofos e as máquinas (1989, Cia das Letras, Tradução de Federico Carotti, 183 págs, Esgotado). Leitura valiosa para os interessados nas relações entre disciplinas e áreas na síntese do conhecimento que enquanto tal, não separa teoria e prática, mas o interage e articula em perene dinâmica como é o próprio pensamento humano, às vezes divino.

Sinopse: "O método experimental que caracteriza a ciência moderna não nasce das discussões dos filósofos, mas da prática dos artesãos renascentistas, das observações dos navegadores que descobriram o Novo Mundo, dos tratados que ensinavam a construir fortes militares, extrair e fundir metais, fabricar fogos de artifício, telescópios, bombas hidráulicas. Dos ateliês dos artistas florentinos aos triunfos da Enciclopédia, bíblia iluminista do novo saber científico, Paolo Rossi - um dos mais importantes especialistas da história do pensamento científico da Idade Moderna - reconstrói a ascenção das "artes mecânicas", um saber em eterna disputa seja com o conhecimento livresco seja com as práticas mágicas dos alquimistas. Leonardo da Vinci, Galileu Galilei, Giordano Bruno, Francis Bacon, Pascal, Descartes e Diderot são algumas das personagens desse embate entre o antigo e o moderno, momento de profunda mudança das ideologias."

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