Talvez para um crítico literário e especialista seja fácil, mas para um leitor informal e eclético, mais rigoroso pelas áreas e títulos do que pelas sistematizações, categorizações de gêneros e estilos, dizer exatamente o que seja A invenção de Morel (1940) de Adolfo Bioy Casares, não é tarefa simples.
Mas fácil é estabelecer relações, identificar influências como a de H. G. Wells, e a mais próxima do autor na pessoa de Jorge Luís Borges, simplesmente impossível não perceber... assim como não dar conta da miríade de questões implicadas pela trama, que não exclui entre outras, aproximações com o gênero das distopias futurísticas como "1984" de Orwell ou "Admirável mundo novo" de Huxley. Porém nesta temos a de um futuro-presente-passado que se sobrepõem, inaugurando horizontes para muitas, diversas e inquietantes reflexões... cujo uma das mais: a de que toda a realidade não passe de um amálgama de ficções ou invenções, não necessariamente morelianas, com complexidades continentais impositivas numa injunção que faz náufragos ou deserdados no cotidiano da vida, como o personagem condenado da obra.
A edição mais recente em português saiu pela Cosac Naify (2006, Tradução de Samuel Titan Júnior, 136 págs, R$ 45,00) com prólogo de Borges (assim como na edição da Rocco), mas com o diferencial do excelente pósfácio de Otto Maria Carpeaux.
Sinopse:"Na trama, o leitor acompanha a trajetória de um homem que, condenado por motivos políticos, foge para uma ilha deserta do Pacífico conhecida por ser foco de uma epidemia letal. Lá encontra máquinas misteriosas e um grupo de turistas, que se diverte sem tomar conhecimento de sua presença. O refugiado apaixona-se por uma das mulheres do grupo e então descobre Morel, inventor de uma máquina de imagens que reproduz realidades passadas."
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