segunda-feira, 21 de março de 2011

"A ilha do Dr. Moreau" de H. G. Wells

Faz tempos que vi a primeira versão adaptada para o cinema da obra A ilha do Dr. Moreau (1896) de Herbert George Wells ou H. G. Wells, mais uma ficção que parece antecipar a realidade de um futuro cada vez mais presente. E tanto mais à medida do avançar do mesmo tempo, onde ficção e realidade, se fundem numa dimensão ou fenômeno, quando não, diluem-se em seus liames e limites. Se a obra literária segue o usual brilhantismo de Wells, autor cujo as obras de ficção, foram amplamente adaptadas pelo cinema. Caso mais conhecido: A guerra dos mundos com várias versões, inclusive encenado numa rádio-novela por Orson Welles na década de 50 do século XX. As duas adaptações mais conhecidas para as telas de A ilha do Dr. Moreau (se não as duas únicas que existem), são díspares por sua qualidade e roteiro adaptado. Particularmente, aprecio mais a primeira versão de 1977 com Burt Lancaster, do que da segunda de 1996, dirigida por John Frankenheimer com Marlon Brando (Dr. Moreau) e Val Kilmer (Montgomery) no elenco. O horizonte de temas e questões implicadas na obra é vasto: eugenia, ciência, biologia, religião, filosofia, ética, psicanálise, sociologia, política, utopia entre outros, configurando a obra como passível de múltiplas categorizações e interpretações no variado sentido em que se pode refletir sobre ela. Decerto que o aspecto que perpassa a obra é sinistro e leva ao limite os poderes do homem e de sua interferência através das técnicas no desenvolvimento científico... o que a clonagem viria trazer à baila novamente no século passado, sendo o homem "criador" da vida ou "aperfeiçoador" desta. Contudo seu fim na história de Wells é a costumeira resposta reafirmando os limites e a precariedade humana. Mesmo quando este, iludido pelas novidades resultantes de sua ciência, o faz crer-se acima e superior da própria natureza à qual sempre será criatura, ainda que acumulando o "poder" da co-criação com seus saberes e intervenções, mais dadas a cópias do que a originalidade da criação genuína e autêntica. Mas o que tem tudo isto com A invenção de Morel de Casares? As muitas semelhanças e conexões a partir da máquina que interfere na constituição de uma realidade que sobrepõe temporalidades e fenômenos, iludindo sentidos, alterando percepções e turvando a consciência de modos e graus variados, além do espaço geográfico, a mesma limitada ilha, no caso, não de Morel, mas de Moreau. Mas o homem, objeto da experiência, é o mesmo.

Sinopse: "Adrift in a dinghy, Edward Prendick, the single survivor from the good ship Lady Vain, is rescued by a vessel carrying a profoundly unusual cargo - a menagerie of savage animals. Tended to recovery by their keeper Montgomery, who gives him dark medicine that tastes of blood, Prendick soon finds himself stranded upon an uncharted island in the Pacific with his rescuer and the beasts. Here, he meets Montgomery’s master, the sinister Dr. Moreau - a brilliant scientist whose notorious experiments in vivisection have caused him to abandon the civilised world. It soon becomes clear he has been developing these experiments - with truly horrific results."

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