Num dos exemplares do "Suplemento Literário", um periódico editado pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (que sempre recebo atrasado e dessa vez veio grafado "Suplemgnto Literário"...), encontrei os poemas de Luciana Tonelli e gostei. Dela conheço apenas algumas linhas publicadas sob o título de "Poemas de ausência" e o fato de ter nascido em BH, ser jornalista, morar em São Paulo e já ter publicado dois livros, "Flagrantes do poço" (Coleção Poesia Orbital. Belo Horizonte: Associação Cultural Pandora, 1997) e "Flagrantes do tempo - Poema-reportagem na Paulicéia (Ed. Peirópolis), de onde esses versos foram extraídos.
Escolhi alguns pra ilustrar essa postagem:
se existia hora errada, era aquela
se existia palavra errada, foi dita
se existia lugar errado
nenhum outro mais que aquele
se existia a pessoa errada
era eu
[5]
a falta de lugar
ocupa todos os cantos
o não estar estando viva
é a causa do meu espanto
[6]
reclamei do vazio
ele me abandonou
cada metro do dia
encheu-se de ninharias
mais ou menos ocupantes
até que nas entrelinhas ele voltou
ele, o vazio, fiel companheiro
parceiro das linhas tortas
noites amarrotadas
e dias sonolentos
senhor das horas inteiras
culpado pelos piores momentos
o vazio é hoje o espaço que me sobra
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