Claude Lévi-Strauss nasceu na Bélgica em 1908, filho de família judaica, mudou-se para França pouco depois sob a influência do avô rabi a quem creditaria ser "um dos homens mais sábios que conheci". Na França, iniciou-se no curso de Direito que não chegou a concluir, graduando-se em Filosofia. Ao aceitar fazer parte da missão francesa que viria ao Brasil junto de outros intelectuais franceses, na recém fundada Universidade de São Paulo (USP) em 1934 (até 1939), ocupa a cadeira de Sociologia tomando gradualmente contato com os diversos grupos indígenas do Brasil (a partir da mesma São Paulo que muito o marcaria), determinando o rumo de suas pesquisas e reflexões até consolidar-se como etnógrafo e pai-fundador da Antropologia estrural. Nela, revoluciona as análises das ciências sociais quando aplica métodos próprios das ciências exatas, além de somar à sua reflexão outros elementos como a Psicanálise.
Sua grande obra é certamente "As Estruturas elementares do parentesco" (1949, Vozes), embora se destaquem também "O Pensamento selvagem" (1962), a série "Mitológicas" com "O Cru e o cozido" (1964), "Do mel às cinzas" (1966), "A Origem das maneiras à mesa" (1968) e "O Homem nu" (1971) todos estes editados no país pela Cosac Naify, e em particular "Tristes trópicos" (1955).
Com autoria em muitas outras obras e centenas de artigos e publicações, foi professor do prestigiado Collège de France (www.college-de-france.fr), e reconhecido doutor Honoris Causa em diversas prestigiadas Universidades pelo mundo. De suas grandes contribuições ao pensamento universal está a idéia de que - há uma diferença - que é inerente às culturas e que por isto, não há base para fundamentar qualquer tipo de hierarquia entre elas, como também a idéia de "superioridade" e "inferioridade" entre os homens. Assim se torna impraticável sustentar o conceito de "raça", o mesmo é discutido na obra "Raça e História" (1952), trabalho realizado para a UNESCO.
O Brasil marcou profundamente sua vida e ressoou ao longo dela em diversas outras obras, motivando seu retorno que muitas vezes se deu para acompanhar os povos indígenas e o desenvolvimento da tensão entre o mundo da natureza e o mundo da cultura em diversos aspectos, e em particular sob o viés antropológico. O mesmo que lhe motivou a refletir na perda do pensar mítico em detrimento do pensamento lógos, o que então segundo Lévi-Strauss, se não mais permitira a sobrevivência do mitos enquanto tal, talvez fosse possível de algum modo, que os próprios homens pensassem como eles.
Sua contribuição mudou a forma de pensar e refletir a condição do homem ao longo do tumultuado século XX, e se hoje sua contribuição se encontra "superada", certamente permanecerá como "divisora" na história da Antropologia.
A mesma que tornou-se outra após Claude Lévi-Strauss e seu legado, que decerto será lembrado e celebrado nos próximos tempos após sua morte ocorrida no último dia 1º, aos cem anos.
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