No encontro passado, dedicado a Crime e Castigo, não pude deixar de pensar em Graciliano Ramos e em seu romance Angústia, no qual também vemos um personagem atormentado após cometer um assassinato. Porém, Luis da Silva nunca se viu como um homem extraordinário que, por isso, poderia matar os que fossem por ele classificados como "ordinários". O personagem brasileiro se mostrou desde o início da narração (feita em 1ª pessoa) como um homem fraco, incapaz de afirmar-se na sociedade urbana que se constituía no país e o crime, para ele, é apenas uma forma de eliminar um homem que era seu contrário e o deixava desgostoso por conta disso.
Não vou, porém, me alongar na comparação das duas obras, pois não estou em condições de fazê-lo. Li muito mais Graciliano que Dostoiévski e apenas aponto uma possível intertextualidade. Seguramente, tanto o autor brasileiro quanto o russo merecem ser lidos.
Pesquisando um pouco na internet, descobri alguns trabalhos que tratam das aproximações entre Dostoiévski e Graciliano Ramos. Deixo os mesmos indicados abaixo, com os respectivos links:
A alma russa de um nordestino: Graciliano Ramos leitor de Dostoiévski. Dissertação de mestrado de Cristiane Guimarães Arteaga na qual, segundo o resumo, é traçado "um caminho de leitura em que os pontos de contato entre esses dois escritores pudessem ser percebidos sem, no entanto, privilegiar um ou outro." Disponível em: www.lume.ufrgs.br/handle/10183/5005
A 70 anos de Angústia, de Graciliano Ramos: visões da crítica. Artigo da professora Irenísia Torres de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará, publicado na Revista de Letras em 2006, quando da efeméride de 70 de publicação do romance. O artigo trata de levantar a fortuna crítica do romance e aponta as duas principais correntes interpretativas: uma focada no aspecto psicológico da obra e outra no aspecto sociológico. Disponível em: www.revistadeletras.ufc.br/rl28Art23.pdf
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