sexta-feira, 7 de agosto de 2009

"Macunaíma, herói da nossa gente" - Portela, 1975

Na seqüência de minhas postagens sobre Literatura e Carnaval, quero hoje falar de um antológico samba enredo apresentado pela Águia de Madureira em 1975; ano em que abundaram enredos com uma temática "literária" (a Mangueira veio com "Imagens poéticas de Jorge de Lima" e o Salgueiro com "O segredo das minas do Rei Salomão"). Composto por David Corrêa e Norival Reis, o samba portelense se apóia num refrão em forma de cantiga que se "cola" ao ouvido e aumenta consideravelmente o apelo da obra.

Aqui apresentado numa gravação da cantora Clara Nunes, o samba exibe toda a beleza de sua letra que descreve, com incrível exatidão, o amplo enredo do romance experimental de Mário de Andrade, sem deixar de lado as passagens mais expressivas, como a luta do herói contra Piaimã e o casamento com Cy, pessoa que lhe deu o amuleto conhecido como muiraquitã.

Se há na obra algum senão, é o fato de apresentar Macunaíma como um herói com caráter. Ou, ao menos, com menores e mais discretos defeitos que o "herói sem nenhum caráter" do romance. Se isso é ruim, não sabemos. O julgamento, quero crer, deve incidir sobre o valor artístico da obra e, neste caso, não tenho nenhuma restrição a fazer. Os portelenses é que costumam reclamar do quinto lugar obtido naquele carnaval...


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