Há exatos 110 anos nascia na argentina Jorge Luís Borges (1899-1986). Um dos maiores escritores latino-americanos e do gênero "fantástico" (ai rótulos, rótulos) de estilo absolutamente original à ponto de se transfigurar numa espécie de "fantasma" que desde então, "assombra" os escritores do continente americano em particular ("o que escrever de tão mais interessante depois dele?" dizem alguns). Obras como "Ficções" (1944) e "O aleph" (1949) entre outras, possuem um perene frescor inigualável de originalidade que arrebata, típicas de todo grande autor que como tal é celebrado de mil formas e em diversos lugares, como numa moeda na Argentina natal ou um monumento em Lisboa. De origem aristocrática, foi inteiramente educado para ser o escritor que se tornou, alfabetizado primeiramente em língua inglesa (da qual parte da família descendia) e depois, espanhola, além do francês e latim (aprendido na escola suíça onde a família morou quando das viagens que fez até fixar-se em Buenos Aires) além do alemão e outras línguas que dominava, ou parcialmente, tinha relativa familiaridade. Legou a doença da cegueira que acompanhava a linhagem paterna há 5 gerações, de modo que quando convidado a assumir a Biblioteca Nacional da Argentina, se encontrava na inusitada situação de quem então "teria muitos livros ao mesmo tempo que era tomado pela escuridão" o que no entanto, não o impediu de continuar a produzir excelentes obras através de sua assombrosa memória e ímpar criatividade. Da miríade temática tratada com maestria em suas obras à ponto de ter convencido alguns como verdades factuais, quando nada mais eram que peças inteiramente ficcionais criadas por sua imaginação (como ruas, lugares, livros e edições além de autores) estão áreas como a História, Filosofia, Teologia, Literatura e Filologia. Autores e intelectuais tão diversos como o italiano Ítalo Calvino (1923-1985) no seu "Porque ler os Clássicos" (2000, Cia das Letras) e o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) citado na introdução do seu "As palavras e as coisas" (2007, Martins Fontes) como inspiração para a mesma, seriam marcadamente influenciados por ele. No Brasil que visitou por 2 vezes, teve sua obra completa traduzida e lançada pela editora Globo de Porto Alegre e mais recentemente, pela Cia das Letras ainda em curso, com novo projeto gráfico. É autor de presença absoluta no index de toda e qualquer biblioteca básica que se preste, ao lado dos tantos outros que figuram no panteão literário. Atualmente se percebe também uma "nova onda" típica do "revival" em relação a ele em lançamentos como "Jorge Luís Borges - Um escritor na periferia" de Beatriz Sarlo (2008, Iluminuras), "O olhar de Borges - Uma biografia sentimental" de Solange Ordonez (2009, Autêntica) e "O século de Borges" de Eneida Maria de Souza (2009, Autêntica), "Machado e Borges" de Luis Augusto Fisher (2008, Arquipelago) entre outros. Vale conhecer também a obra "Borges no Brasil" (2001, Unesp) organizado por Jorge Schwartz quando da comemoração do centenário do escritor argentino reunindo ensaios, teses, artigos, iconologia e entrevistas. A organização reúne escritos sobre Borges de autores brasileiros como Walnice Nogueira Galvão, Davi Arrigucci Jr., Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Murilo Mendes e Clarice Lispector.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
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