Publicado originalmente em 1952, Silogismos da amargura é hoje um dos títulos mais traduzidos de Emil Cioran, ao contrário do que se poderia esperar diante da reação fria que suscitou inicialmente.
Trata-se de obra que se debruça sobre diversos temas: a linguagem., o tempo, o Ocidente, a religião e a história, entre outros. Apesar do título, não se pode dizer que Cioran tenha escrito silogismos "puros" ou categóricos, visto que falta a boa parte das frases enfeixadas no volume aquela precisão de raciocínio que se espera deste tipo de argumento lógico. Algumas dessas frases, por exemplo, chegam a flertar com a poesia: "Entediar-se é mascar tempo" ou "Todas as águas são cor de afogamento".
Para finalizar, vale destacar o que diz o próprio autor sobre a obra em carta enviada ao tradutor brasileiro [1]: "Estes Silogismos, publicados em 1952, passaram durante muito tempo despercebidos. Desde que apareceram em edição de bolso, seduziram os jovens. Só uma geração desiludida poderia se entusiasmar por uma visão tão negativa da história. Só da história? Da existência em geral. É preciso ter a coragem de reconhecer que a vida não resiste a uma interrogação séria e que é difícil, e mesmo impossível, atribuir um sentido ao que visivelmente não comporta um".
[1] CIORAN, E. Carta ao tradutor, In: CIORAN, E. Silogismos da amargura. Tradução de José Thomaz Brum. Rio de Janeiro: Rocco, 2011
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